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John Kirkpatrick – “A Short History of John Kirkpatrick”

Pop Rock

18 de Janeiro de 1995
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reedições

John Kirkpatrick
A Short History of John Kirkpatrick

TOPIC, DISTRI. MC-MUNDO DA CANÇÃO


jk

Não é possível fazer a história da música folk em Inglaterra sem dedicar pelo menos um capítulo inteiro a John Kirkpatrick. Esteve em Portugal na Festa do Avante, juntamente com outro mago, Martin Carthy, mas perderam-se ambos na confusão vermelha. Com Ashley Hutchings, é um dos responsáveis pela recuperação e modernização da “morris dancing” inglesa de origem ritual e secular. Mas enquanto o primeiro optou pela electrificação e por recriar as danças “morris” pela via do rock, simplificando e amplificando sobretudo a sua vertente rítmica, Kirkpatrick valorizou sempre a interpretação acústica e a preservação das cadências originais e dos timbres dos seus instrumentos mais característicos, como a concertina, o acordeão e o “melodeon” – nos quais é um reconhecido “virtuose”. Atitude que ficou exemplarmente demonstrada no álbum “Plain Capers”, uma recolha de “morris tunes” da tradição de Cotswold, com distribuição portuguesa.
Nesta história, necessariamente abreviada, chama-se a atenção sobretudo para os temas retirados dos álbuns que gravou nos anos 70 para a Topic com Sue Harris, todos eles indispensáveis e até agora apenas disponíveis em vinilo: “Shreds and Patches”, “Facing the Music” e “Stolen Ground”, este último uma obra-prima absoluta da folk britânica. Vocalizações primorosas, fruto de um labor e saber fundamentados, tanto de Kirkpatrick como de Harris, juntam a sofisticação ao típico recorte rural e ombreiam com prestações de antologia, do homem das “squeeze boxes” bem como da sua mulher, no saltério e no oboé.
Quem quiser explorar e aprofundar a música de John Kirkpatrick tem ainda à sua disposição, em Portugal, bem entendido, e dentro de uma perspectiva generalista, as obras “The Complete Brass Monkey” e “See How it Runs”, pela banda do mesmo nome, “Morris on”, um dos projectos mais bem sucedidos de Ashley Hutchings (de quem aliás acabou de ser reeditado e distribuído no nosso país o álbum “Kicking up the Sawdust”, uma desilusão em comparação com outros trabalhos seus), e a banda-sonora de uma produção teatral de Flora Thompson, “Larkrise to Candleford”, pelos Albion Band. Para um contacto mais íntimo com os segredos da “morris” será, contudo, preferível procurar na discografia a solo do músico o já citado “Plain Capers” ou o recente, e esperamos que em breve recenseado nesta página, “Earthling”. (10)