Arquivo mensal: Julho 2021

Popol Vuh – “Nosferatu”

pop rock >> quarta-feira >> 02.06.1993


Popol Vuh
Nosferatu
CD Mantra, import. Lojas Valentim de Carvalho



Em plena viagem do “Kosmische Rock” alemão empreendida nos anos 70, a música dos Popol Vuh, através das visões orientalistas do seu líder e teclista Florian Fricke, optou pela serenidade de um piano acústico e pela contemplação de uma flor de lótus, em vez dos impulsos electrónicos dos sintetizadores e das guitarras transformados em máquinas de transe. Florian Fricke foi, curiosamente, um dos músuicos introdutores do sintetizador Moog na Alemanha, nos dois primeiros álbuns, “Affenstunde” e “In den Garten Pharaos”. A partir daí, o piano reservou para si o direito exclusivo das orações – até hoje e ao cabo de mais de trinta álbuns, a maior parte dos quais, infelizmente, não resistiu à passagem do tempo. O cineasta alemão Werner Herzog fez dos Popol Vuh compositores oficiais das suas bandas sonoras, de que este “Nosferatu”, subintitulado “On the Way to Little Way”, é exemplo. Predomina a veia mântrica do grupo, presente na combinação “sitar”-tampura-tablas, intercalada por texturas electrónicas reminiscentes das primeiras obras atrás referidas, culminando em coros de “mellotron” e no rock com mensagem mística, rezada alto pela guitarra de Danny Fiechelcher. Mas, como acontece em muitos álbuns dos Vuh, sobressai uma sensação de algo incompleto, como se à música faltasse qualquer coisa. Neste caso, talvez o filme. (6)

La Musgana – “Lubican”

pop rock >> quarta-feira >> 02.06.1993
FOLK


La Musgana
Lubican
CD Lady Alicia, distri. Etnia



Terceiro álbum desta banda castelhana que já nos havia impressionado com o anterior “El Paso de la Estantigua”. Fazendo incidir o seu reportório na região da Meseta e em particular na província de Zamora (uma das excepções é um “passedoble mirandês), os La Musgana enriqueceram a sonoridade que agora, mais do que nunca, se verifica nas harmonizações da gaita de foles (com predomínio da gaita “charra”) com a sanfona, a par dos violinos, acordeão, cistre, alaúde, clarinete, dulçaina e instrumentos árabes como a bandurra e o bendir. Poderão alguns achar desnecessário o empurrão dado pelo baixo eléctrico, mas o mais certo é mesmo esses deixarem-se levar pelo balanço irresistível desta música que, ainda por cima, conta com as vocalizações inconfundíveis do convidado Manuel Luna. (8)

Lindisfarne – “Buried Treasures, vol. 1 & 2”

pop rock >> quarta-feira >> 02.06.1993


Lindisfarne
Buried Treasures, vol. 1 & 2
CD Virgin, distri. Edisom



Ao contrário do que se vai tornando norma, os Lindisfarne não pretendem com esta colectânea celebrar qualquer aniversário, embora também eles já existam há mais de duas décadas. A recolha destes tesouros enterrados prende-se antes com a descoberta de material das mais diversas origens que os músicos desencantaram nos arquivos da editora, estações de rádio e no baú das velharias. Abrangendo um período que vai de 1971 até à fase actual da banda, “Buried Treasures” inclui sessões para a Radio One, cassetes, um vídeo de uma digressão com Bob Dylan, “demos” variadas, versões alternativas, excertos declamados e todo o género de bugigangas musicais em que os seus autores garantem ter encontrado a verdadeira ess~encia da sua arte. Uma vontade de tudo querer mostrar que não adianta nem atrasa em relação ao que a banda produziu de melhor: os dois primeiros álbuns, “Nicely out of Tune” e “Fog on the Tyne”, nos quais figuaravam deliciosas melodias entre a folk e as histórias de embalar, como “Lady Eleanor” e “Meet me on the corner”. (5)