Pop Rock
18 de Janeiro de 1995
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Folk Routes
ISLAND, DISTRI. BMG
Das profundezas do catálogo Island emergiu um galeão carregado de tesouros. A época, não é difícil de adivinhar, é o final dos anos 60, início dos 70, e o mar o da música folk, então uma força viva tanto neste como noutros selos rivais que repartiam o seu interesse igualmente pela música progressiva. Mas foi na Island, em grande parte devido ao interesse pelos sons tradicionais do produtor Joe Byrd (“descobriu”, entre outros, John Martyn, Nick Drake e os Fairport Convention e foi buscar os Incredible String Band à Elektra), que a onda do “folk progressivo” rebentou com maior intensidade.
“Folk Routes” recupera temas extraídos de álbuns lançados neste editora entre 1969 e 1972 de nomes que posteriormente traçariam algumas das linhas de força que marcariam a evolução da folk nas Ilhas Britânicas. Estão neste caso os Fairport Convention, com um tema de “What We Did on Our Holidays” e outro de “Liege and Leaf”, os Albion Country Band, do seminal “Battle of the Field”, e Ashley Hutchings com John Kirkpatrick num excerto do genial compêndio de dança chamado “The Compleat Dancing Master”.
Ocasionais visitantes da folk, encontramos os Traffic de “John Barleycorn must Die”, John Martyn, de “The Tumbler”, Nick Drake, de “Pink Moon”, Richard e Linda Thompson, do excepcional “I Want to See the Bright Lights Tonight”, os Dr. Strangely Strange (veneravam e cultivavam o mesmo tipo de sonoridades dos Incredible String Band, passando posteriormente para a Vertigo), de “Kip of the Serenes”, os próprios Incredible String Band, de “Earthspan”, e um dos seus membros, Mike Heron, de “Smiling Men with Bad Reputations”. Curiosidades são o tema de abertura, uma brincadeira medievalesca dos Amazing Blondel, “Fantasia Lindum”, uma das desbundas de folk rock contidas em “Rock on”, pela superbanda de ocasião The Bunch, e o fecho, um “hornpipe” do violinista inglês John Locke, gravado em cilindro de cera pelo mítico Cecil Sharpe e editado pela primeira vez em 1976 num álbum de genérico “Rattlebone & Ploughjack”.
Presença emblemática ao longo de todo o disco é a de Sandy Denny, símbolo de uma atitude e de toda uma época que, com a sua morte, se perderam. A cantora aparece cinco vezes em “Folk Routes”: nos já citados álbuns dos Fairports, no colectivo The Bunch, num tema do disco único dos Fotheringay e naquela que é uma das preciosidades deste disco, o “single” “Man of iron”, incluído na banda sonora de “The Pass of Arms” e editado pela primeira vez em compacto.
Uma boa porta de entrada para os neófitos e uma recordação a não perder pelos que ainda se lembram do tempo em que a “folk” acordou e pegou em armas. (8)