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Vários (Old Rope String Band, Delyth Evans com Peter Stacey, Jean-Pierre Rasle, John Kirkpatrick e John Gresham, Blind Boys of Alabama, Maria João com Mário Laginha e Carlos Bica) – “Folk Na Rua Augusta”

cultura >> segunda-feira, 12.07.1993


Folk Na Rua Augusta

COM INÍCIO hoje e até ao próximo sábado decorrerá em Lisboa, na Rua Augusta, a 3ª edição do Folk Tejo, que este ano pela primeira vez não integra o programa das Festas da Cidade de Lisboa. Os concertos, com alinhamento flexível, começam a partir do meio-dia, prolongando-se até cerca das 19h.
Do programa fazem parte a Old Rope String Band, Delyth Evans com Peter Stacey, Jean-Pierre Rasle, John Kirkpatrick e John Gresham. Os Blind Boys of Alabama e Maria João, com Mário Laginha e Carlos Bica encerram o festival no sábado 17, com um concerto no Mosteiro dos Jerónimos.
Os Old Rope String Band são um trio de “entertainers” de Newcastle, cujo material vai da tradição celta a polkas mexicanas ou canções de amor espanholas, acompanhados por números de acrobacia e prestidigitação.
Delyth Evans, do País de Gales, em harpa céltica, e Peter Stacey, saxofone, flautas, teclados e gaitas-de-foles, integraram as bandas Cromlech e Aberjaber.
Jean-Pierre Rasle, francês, e John Kirkpatrick, inglês, passaram ambos pela Albion Band, autêntica escola da folk rock britânica. O primeiro, especialista da “cornemuse”, gaita-de-foles francesa, tocou igualmente na banda Cock and Bull (que alguns conhecerão do álbum “Concrete Routes, Sacred Cows”). O segundo é “apenas” um dos nomes mais importantes da cena folk inglesa das últimas décadas e um dos grandes execuntantes da concertina e do “melodeon” (parente do acordeão). Tocou com Martin Carthy, Richard Thompson e Roy Bailey, entre outros e gravou álbuns fundamentais como “The Compleat Dancing Master”, um tratado sobre a evolução das danças tradicionais em Inglaterra, com Ashley Hutchings, “Stolen Ground”, com a sua mulher Sue Harris e, a solo, “Plain Capers”, antologia sobre uma variante regional das danças “morris” inglesas.
John Gresham, antigo presidente da Musical Box Society da Grã-Bretanha e destacado representante da chamada “música mecânica”, animará a rua Aug com o som do seu realejo “traficado”.
Os espectáculos são gratuitos, á excepção do concerto nos Jerónmos, com bilhetes a mil escudos.

Vários (Old Rope String Band, Delyth Evans com Peter Stacey, Jean-Pierre Rasle, John Kirkpatrick e John Gresham. Os Blind Boys of Alabama e Maria João, com Mário Laginha e Carlos Bica) – “Folk Na Rua Augusta” (concertos | festivais | Folk Tejo)

cultura >> segunda-feira, 12.07.1993


Folk Na Rua Augusta

COM INÍCIO hoje e até ao próximo sábado decorrerá em Lisboa, na Rua Augusta, a 3ª edição do Folk Tejo, que este ano pela primeira vez não integra o programa das Festas da Cidade de Lisboa. Os concertos, com alinhamento flexível, começam a partir do meio-dia, prolongando-se até cerca das 19h.
Do programa fazem parte a Old Rope String Band, Delyth Evans com Peter Stacey, Jean-Pierre Rasle, John Kirkpatrick e John Gresham. Os Blind Boys of Alabama e Maria João, com Mário Laginha e Carlos Bica encerram o festival no sábado 17, com um concerto no Mosteiro dos Jerónimos.
Os Old Rope String Band são um trio de “entertainers” de Newcastle, cujo material vai da tradição celta a polkas mexicanas ou canções de amor espanholas, acompanhados por números de acrobacia e prestidigitação.
Delyth Evans, do País de Gales, em harpa céltica, e Peter Stacey, saxofone, flautas, teclados e gaitas-de-foles, integraram as bandas Cromlech e Aberjaber.
Jean-Pierre Rasle, francês, e John Kirkpatrick, inglês, passaram ambos pela Albion Band, autêntica escola da folk rock britânica. O primeiro, especialista da “cornemuse”, gaita-de-foles francesa, tocou igualmente na banda Cock and Bull (que alguns conhecerão do álbum “Concrete Routes, Sacred Cows”). O segundo é “apenas” um dos nomes mais importantes da cena folk inglesa das últimas décadas e um dos grandes execuntantes da concertina e do “melodeon” (parente do acordeão). Tocou com Martin Carthy, Richard Thompson e Roy Bailey, entre outros e gravou álbuns fundamentais como “The Compleat Dancing Master”, um tratado sobre a evolução das danças tradicionais em Inglaterra, com Ashley Hutchings, “Stolen Ground”, com a sua mulher Sue Harris e, a solo, “Plain Capers”, antologia sobre uma variante regional das danças “morris” inglesas.
John Gresham, antigo presidente da Musical Box Society da Grã-Bretanha e destacado representante da chamada “música mecânica”, animará a rua Aug com o som do seu realejo “traficado”.
Os espectáculos são gratuitos, á excepção do concerto nos Jerónmos, com bilhetes a mil escudos.

Vários – “XV Festa Do “Avante!” Começa Hoje Na Amora – Músicas Autónomas Proclamam Independência”

Secção Cultura Sexta-Feira, 06.09.1991


XV Festa Do “Avante!” Começa Hoje Na Amora
Músicas Autónomas Proclamam Independência

Todos os anos, por esta altura, os comunistas portugueses dão espectáculo. Sobre um fundo vermelho cada vez mais esbatido, na Amora, Seixal, voltam a erguer-se os palcos onde se fará a festa. Os camaradas estão resignados: a república da música há muito que se tornou independente.



Ideologia à parte, não faltam motivos de interesse em mais uma edição, a XV, da feta do “Avante!”, que durante três dias vai animar o cinzento poluído da margem Sul do Tejo. Em termos exclusivamente musicais, se ainda não é desta que vêm os Pink Floyd, resta a consolação de poder apreciar ao vivo o rock de Gianna Naninni, uma “latin lover” italiana que já trabalhou com Bertolucci, Antonioni e cantou o hino do último campeonato do Mundo de Futebol, capaz de incendiar corações de todas as cores com o som agressivo do seu mais recente álbum “Scandalo” – no domingo, às 22 h, no palco 25 de Abril.
Mas o programa da Festa não engana: 1991 é o ano da consagração da música tradicional. Não deixa de ser engraçado verificar como o vocábulo “tradição” se sobrepôs aos de “Revolução” no léxico das festividades comunistas. O que vem provar que os comunistas, quando querem, sabem ser homens “às direitas”…
June Tabor com os Oyster Band, Boys of the Lough e Savourna Stevenson constituem cartaz aliciante num campo musical que, finalmente, parece ter-se implantado nos gostos (mais que não seja consumistas) do auditor português.
June Tabor é apenas uma das vozes superlativas do canto feminino de raiz celta. Recentemente, no Coliseu, conseguiu fazer esquecer o equívoco chamado “Folk Tejo”. Pela sua voz, se com ela formos capazes de vibrar em consonância, chega-se ao céu. Em termos de materialismo dialéctico é difícil de compreender. Na Amora será talvez um pouco diferente, já que cantará acompanhada por um grupo de rapazes irlandeses dados à bebida (há algum irlandês que não o seja?) e que por isso mesmo fazem música de cair para o lado – os Oyster Band.
Da Irlanda brumosa de alma acastelada e pátria provisória do “senhor da ira”, os Boys of the Lough transportam consigo as texturas e odores da madeira e do musgo, do vento e da pedra. Trazem a alegria e a tristeza do exílio irlandês. Na flauta e no violino virtuosísticos de Cathal McConnell e Aly Bain. E na gaita-de-foles, como não podia deixar de ser. Sábado às 19 h, no “25 de Abril”, para dançar até à exaustão. O comité central do partido em princípio nãose deve opor…
Duas horas depois, às 21h, no Auditório 1º de Maio, é a vez da harpa de Savourna Stevenson serenar os ânimos, em dueto com o violinista dos “Boys”, Aly Bain. Savourna é um dos expoentes da nova linhagem de harpistas celtas, que com Maire Ni Chathasaigh, Alison Kinnaird, Billy Jackson ou as Sileas, recupera os códigos estilísticos e a mística do lendário Carolan, o bardo, para os devolver de forma intimista num contexto contemporâneo. Outros estrangeiros merecem uma chamada de atenção: os Bogus Brothers e o guitarrista da flamenco Rafael Riqueni (ambos com actuações agendadas para sábado, respectivamente no “25 de Abril” às 22h30 e “1º de Maio” às 22h). Havia o trio de Cedar Walton, mas foi cancelado.
Imensa, a legião portuguesa, representativa de diversos quadrantes, promete momentos de boa música. Sexta-feira convém não perder as actuações dos Plopoplot Pot de Nuno Rebelo, dos Pop Dell’Arte de João Peste e de Jorge Peixinho.
Sábado, sempre no palco principal, uma sequência interessante: Romanças, Issabary, Brigada Vítor Jara, Júlio Pereira, António Pinho Vargas. No 1º de Maio: Trio de Carlos Bica, Idéfix e Zé-di-Zastre – o jazz em português.
Finalmente, no domingo: Tina e os Top Tem, Delfins e José Eduardo Unit. Para o fim uma referência muito especial para a actuação (sexta, 22h30, no “1º de Maio”) dos Telectu de Jorge Lima Barreto e Vítor Rua que se farão acompanhar pelo percussionista, anarquista e referência mítica da cena vanguardista mundial (Henry Cow, Art Bears, Skeleton Crew, David Thomas, Fred Frith, a constelação da “Recommended”…), Chris Cutler.
Depois há os ranchos folclóricos ou os grupos rock da última divisão, espalhados um pouco por todo o lado, a acompanhar a merenda no chão, de frango, poeira e garrafão. Enquanto se espera que o camarada Cunhal venha dizer que tudo está como era dantes…