2 de Junho 2000
POP ROCK – DISCOS
Messer Für Frau Müller
Allo, Superman! (8/10)
What’s so Funny about, distri. Ananana
Para além das cenas de Canterbury, Chicago, Detroit, Viena, Berlim, Setúbal ou Düsseldorf, registe-se a existência da menos badalada mas não menos agitada cena de São Petersburgo que, desde os anos 70 e com sede privilegiada no Tam Tam Club, assistiu e promoveu a eclosão dos movimentos “hippie”, punk, new wave, gótico, etc, na Rússia. Brian Eno circulou por lá durante algum tempo (chegando a produzir o grupo Zeni Geva). Pioneiros do tecno soviético como os Novi Kompositori, DJ K-Fear, Good Dead Davidoff, Alexandroid (“house”), Deadushki (apelidados os Chemical Brothers russos), Mo Fun (“jungle-jazz”) ou Christmas bubbles passaram pelo Tam Tam Club que, entretanto, encerrou as portas por ordem judicial (a droga vendia-se lá livremente…). Oleg Kostrow (ou Kostrov), de quem já se conhecia o magnífico “Great Flashing Tracks from Iowna” é um veterano da cena de S. Petersburgo (hoje povoada por gente com os Jah Division…) e, juntamente com Oleg Gitarkin, um dos elementos dos Messer Für Frau Müller. O que encontramos em “Allo, Superman!” é um delírio ainda mais requintado que o de “Flashing Tracks”, um caldeirão borbulhante de colagens e eletrónica “funny”, “easy listening”, música de variedades russa, “lounge jazz”, “drum ‘n’ bass”, spots publicitários, rumbas, pop de garagem dos anos 60, samples de música clássica e tudo o mais que vem à rede, num redemoinho incessant que chama por Felix Kubin e Holger Hiller mas, sobretudo, se revela como um parente próximo e plastificado de “The Sylvie and Babs Hi-Fi Companion” dos Nurse With Wound.