Arquivo mensal: Abril 2021

Battlefield Band – “Quiet Days”

pop rock >> quarta-feira, 31.03.1993
WORLD


Battlefield Band
Quiet Days
CD Temple, distri. MC – Mundo da Canção



Fase calma, a que os Battlefield Band atravessam de momento. De calma e de uma certa falta de inspiração. Começa a tornar-se evidente que a banda não é a mesma desde a saída de Brian McNeill, como de resto já era visível no álbum anterior, “New Spring”. É que se o espírito de celebração permanece, até porque o grupo carrega sobre os ombros a responsabilidade de se ter tornado numa instituição da música escocesa, a vivacidade e o entusiasmo perderam-se um pouco com a saída daquele músico. A falta faz-se sentir sobretudo ao nível das vocalizações, que em McNeill chegavam a atingir uma dimensão épica e na actual formação não encontraram substitutos à altura, soando os novos desempenhos, por comparação, quase vulgares. Não fariam mal os Battlefield em procurar um vocalista à altura, até porque instrumentalmente, embora se possa sentir a ausência da versatilidade das cordas e do violino de McNeill ou da subtileza das “pipes” de Dougie Pincock, a banda continua em forma. Na tradição dos bons gaiteiros que passaram pelo “campo de batalha”, Iain McDonald assina as melhores prestações de “Quiet Days”, no “medley” de abertura ou dois “tours de force” finais de “Col. MacLean of Ardgour / Pipe major Jimmy MacGregor / Rocking the baby” e “Now will I ever be simple again?”, passando pelo magnífico diálogo em uníssono com o violino de John McCusker, em “The ass in the graveyard”. (7)

Barzaz – “Na Den Kozh Dall”

pop rock >> quarta-feira, 31.03.1993
WORLD


Barzaz
Na Den Kozh Dall
CD Keltia, distri. MC – Mundo da Canção



Por norma, associa-se a música tradicional bretã às estridências da bombarda e do “biniou kozh” (gaita-de-foles). Em “Na Den Kozh dall”, estes instrumentos apenas aparecem num tema, tocados por convidados. O que significa que sendo o som dos Barzaz forçosamente diferente do habitual, nem por isso deixa de estar ligado com firmeza às raízes culturais daquela região, sobretudo através da voz de Yann-Fanch Kemener, especialista das formas tradicionais do canto bretão e autor de vários volumes de “Chants Profonds de Bretagne”. À ortodoxia do canto responde ainda, segundo os cânones, a flauta de Jean-Michel Veillon. A responsabilidade do que faz a diferença dos Barzaz cabe na maior parte a David Hopkins, músico de origem irlandesa conotado com a “new age” (gravou na Wergo um álbum bastante citado neste género de música: “Gaia – Na Ecological Meditation”) que aqui manipula percussões várias, flautas da Amazónia e didjeridu.
A tónica da música dos Barzaz é colocada então na criação de ambientes “naturalistas” criados por Hopkins numa girândola de efeitos, dos lampejos cristalinos de sinos e baques de madeira às “drones” obscuras do didjeridu. As típicas danças “Plinn” e “Fisel” ganham uma dimensão extra de espacialidade em ressonâncias que transportam para a Bretanha ecos das florestas da chuva da Amazónia. Mares que se misturam numa música simultaneamente densa e transparente, da cor dos musgos e das pedras molhadas da Bretanha. (9)

Barabàn – “Il Valzer Dei Disertori” + “Naquane”

pop rock >> quarta-feira, 31.03.1993
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Barabàn
Il Valzer Dei Disertori (10)
Naquane (9)
CD Associazine Culturale Barabàn, distri. MC – Mundo da Canção



A música das regiões celtas do Norte de Itália, da Lombardia e Piemonte, tem sido até agora praticamente sinónimo dos La Ciapa Rusa. Os Barabàn repartem com o grupo de Maurizio Martinotti o mesmo trabalho de investigação e uma atitude idêntica de “revivificazione” do passado. A par, é claro, da utilização dos mesmos instrumentos populares da região: o “piffero”, o “organetto” diatónico, a sanfona (“ghironda”) e a gaita-de-foles (“musa”). A semelhança entre as duas bandas é perceptível sobretudo ao nível das vocalizações masculinas. Temas como “Gentil galente” ou “La brunetta”, de “Naquane”, enquadram-se na perfeição na estética dos La Ciapa Rusa. Em “Il Valzer dei Disertori”, de 1987, a banda de Giuliano Grasso e Aurelio Citelli assinou um trabalho sem mácula, de personalidade mais vincada, que restitui ao presente, com o mínimo de desvios permitido pelo tal processo de “revivificazione”, toda a beleza das baladas, “monferrinas”, “alessandrinas” e, neste caso, das valasas piemontesas. “Naquane” apenas sofre do uso, por vezes despropositado, das programações de computador, algo incomodativas no tema “Stranot di Lisander”, problema que os La Ciapa Rusa resolveram da melhor maneira em “Faruaji” e “Ratanavota”. Pormenor de somenos importância num álbum de aquisição indispensável.