pop rock >> quarta-feira, 15.09.1993
REEDIÇÕES
A INCRÍVEL CORNUCÓPIA
INCREDIBLE STRING BAND
Incredible String Band (6)
The Hangman’s Beatiful Daughter (8)
Elektra, distri. Warner Music
Iam os anos 60 na metade e na zona do Soho, em plena euforia “hippie”, uma legião de jovens ingleses descobria a música tradicional do seu país. No meio da confusão reinante e da profusão de ideias que o haxe e o ácido ajudavam a fazer brotar, dois amigos, Mike Heron e Robin Williamson (que por acaso é escocês…) criaram uma banda que, volvidos quase 30 anos sobre a sua formação, tem servido de inspiração a muita gente. Entre os dois aprenderam a tocar umas boas dezenas de instrumentos, dos mais comuns aos mais exóticos (com predomínio para os indianos, como era então da praxe), que utilizaram para criar uma música sem classificação possível. Os “blues”, a desbunda psicadélica, as “ragas” indianas, a tradição rural inglesa, a música de circo, o misticismo e a declamação, tudo contribuía para fazer da música dos Incredible uma cornucópia de onde brotavam híbridos fascinantes, e uma das mais originais da sua época (Mick Jagger, entre outros, deixou-se fascinar completamente por ela).
“Incredible String Band”, estreia discográfica, lançada em 1966, apresenta os ISB em formato de trio (com Clive Palmer), ainda com o arsenal de instrumentos em fase de armazenamento. Na forma de baladas que não chamariam a atenção se não fossem o estilo e a combinação inusitadas das vozes de Heron e Williamson (hoje um bardo da harpa e nome respeitado nos meios “Folk” britânicos). “The Hangman’s Beautiful Daughter” conta já com o par de vozes femininas de Licorice e Rose Simpson, duas “hippies” entretanto recrutadas para a comunidade. É uma das obras mais representativas da banda, e nela avulta um conjunto de canções estranhas, em constante flutuação entre géneros musicais, uns mais identificáveis do que outros, coroado por esse encantamento de Merlin que é “A very celular song”. Enquanto em Inglaterra se processa em bom ritmo a reedição em compacto da totalidade da obra desta banda seminal, por cá a Warner importou quantidades reduzidíssimas dos dois trabalhos em análise, bem como de “Changing Horses” e “The Big Huge” (na versão original acoplado, num duplo-álbum, a “Wee Tam”). Aos dois últimos não lhes conseguimos pôr a vista em cima. Quem tem medo de arriscar: a distribuidora ou as lojas? “Earthspan”, da mesma banda, apareceu há alguns meses perdidonos escaparates e por lá não ficou dutante muito tempo. Entre outras obras, os Incredible String Band têm disponíveis jóias como “U”, a banda sonora “Be Glad for the Song has no Ending” e “Liquid Acrobat as Regards the AIr”. Um filão que urge explorar.