Arquivo mensal: Agosto 2009

Eleventh Dream Day – Eight

21.05.1997
Eleventh Dream Day
Eight
CITY SLANG, DISTRI. MÚSICA ALTERNATIVA

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LINK (Borscht – 1990)

“Eight”, apesar do título, é o quinto álbum de mais esta banda de Chicago, cuja data de formação remonta a 1984, na sequência de “Beet”, “Lived to Tell”, “El Moodio” e “Ursa Major”. Conotado presentemente com o movimento pós-rock, os EDD, após algumas alterações, são hoje um trio formado por rick Rizzo, na guitarra (trabalhou com os Palace), Janet Beveridge Bean, bateria e voz (fez parte dos Freakwater) e Doug McCombs (gravações com os Tortoise). John McEntire – dos Tortoise, entidade cada vez mais tentacular no caldeirão de Chicago – gravou, misturou e tocou teclados e sintetizadores. É precisamente da sua contribuição que deriva a faceta mais interesante de “Eight”, nos instrumentais electrónicos “Writes a letter home” e “View from the rim”, os quais permitem a refrência obrigatória ao “krautrock” – para utilizar o bordão utilizado nos últimos números da revista “Magnet” – que são, neste caso, os Harmonia. É um álbum permeável à nostalgia das bandas da Factory de Manchester (“Last Call”), marcado pelas harmonizações vocais de Rizzo e Bean, quais B-52 numa onda de doçaria conceptual, em “Two smart cookies”, e periodicamente estilhaçado por convulsões arrastadas de guitarras, em temas como “For a king” e “Motion sickness”, este último num novelo infernal com os sintetizadores de McEntire, a fazer lembrar bastante a sonoridade dos Rome. (7)

Alan Stivell – Zoom

21.05.1997
Alan Stivell
Zoom
2XCD DREYFUSS, DISTRI. MEGAMÚSICA

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LINK (CD1)
LINK (CD2)

Alan Cochevelou, aliás, alan Stivell, caiu em desgraça. por culpa própria. O muito que fez em defesa da causa e da música da Bretanha, na primeira metade dos anos 70, desfez a partir do momento em que, atacado de megalomania, enveredou ou por um folk-rock xunga ou, mais recentemente, por um pan-celtismo exacerbado sem correspondência musical à altura. “Zoom” reune peças de toda a discografia do harpista, da estreia “Reflets” ao novo “Brian Boru”. É um “best of2, dos vários possíveis, onde a excelência da música de álbuns como “Renaissance de l’Harpe Celtique”, “Chemins de Terre” (o clássico do folk-rock bretão), “E Landoned”, “À l’Olympia”, “Before Landing” ou “Symphonie Celtique” 8talvez o ponto mais lato da obra de Stivell, no difícil ponto de equilíbrio entre a ambição desmedida, a inspiração e a complexidade de meios) dilui os efeitos nefastos provocados pelos reatlhos arrancados da produção recente, dos álbuns “The Mist of Avalon” e o já citado “Brian Boru”, ambos exemplares do pior que se pode fazer quando se mistura folk e “new age”. Para os neófitos, “Zoom” poderá ser um objecto intrigante e suficientemente sedutor para suscitar posteriores investigações. (7)

Bobby McFerrin – Circlesongs

07.05.1997
Bobby McFerrin
Circlesongs
SONY CLASSICAL, DISTRI. SONY MUSIC

bobbymcferrin_circlesongs

LINK

“Circlesongs” completa um ciclo de evolução na carreira de Bobby Mcferrin. A “voz total”, extensão do corpo, que animava a musicalidade primordial dessa obra-prima do canto, em solo absoluto e ao vivo, que é “The Voice”, evolui a partir desse marco para uma progressiva sofisticação e adaptação às normas da polifonia. recorrendo ao “overdubbing” ou a verdadeiros grupos de cantores, Bobby McFerrin chegou a tocar perigosamente no “mainstream”, nessa aproximação a formas mais tradicionais (sem dúvida bastante menos viscerais…) do canto, sem, no entanto, se perderem os seus notáveis dotes de melodista e harmonicista, que caracterizam um álbum como “medecine Music”.
“Circlesongs” dá mais um passo em frente, no sentido do aprofundamento da via polifónica, aqui com recurso a uma formação de 12 cantores (provenientes de diversas áreas musicais), na qual avultam os nomes de Sussan Deihim e de um dos notáveis da música vocal erudita, Paul Hillier. Tomando como ponto de partida o canto étnico das tradições sufi, zulu, caraíba ou persa, Bobby McFerrin desenrola labirintos e tapeçarias vocais de incrível complexidade, que afectam profundamente o auditor, numa multiplicidade de ritmos e harmonias que, todavia, almejam a unidade espiritual. Infinitas vozes numa voz.
mais ainda do que “Medecine Music”, esta é, verdadeiramente, uma música que cura. (8)