Arquivo mensal: Novembro 2016

Deus Pã – Bandas Novas – Artigo de Opinião

POP ROCK

28 Maio 1997

BANDAS NOVAS
O POP/ROCK anda à procura de novos artistas e bandas portuguesas. Não temos preconceitos de línguas, cores ou paladares musicais. Só precisamos que nos enviem gravações e um contacto telefónico. Fotos e biografias não são obrigatórias, mas muito convenientes.

FUNKY PÃ


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“O deus Pã não morreu/Cada campo que mostra/Aos sorrisos de Apolo/Os peitos nus ceres/Cedo ou tarde vereis/Por lá aparecer/O deus Pã, o imortal”. É com esta citação das “Odes” de Ricardo Reis que os Deus Pã elaboraram o seu cartão de visita. Mas que relação há entre esta banda portuguesa e o deus grego dos rebanhos, meio homem, meio cabra? António Santos “Zito”, vocalista do grupo, explica: “Inicialmente a banda chamava-se Deus Pã Não Morreu, que é uma frase de uma ode do Ricardo Reis. O Deus Pã era o tal músico que tinha uma audiência muito estrita e que defendia a Natureza. Embora não tenha a ver com a música que fazemos, foi um nome que ficou”.
Antes de ascender à condição de deus, o grupo dava pelo nome, mais prosaico, de Ex-Citações. Ganharam um concurso de música moderna em Guimarães e outro no Porto. “A partir daí alguns elementos tiveram que dispersar, por motivos pessoais”. José Meireles, mentor desta primeira formação, começou a procurar novos elementos. Quando os encontrou, achou igualmente um novo nome para a banda, aquele que agora ostentam.
António Santos enquadra a música do grupo “no campo da fusão e do jazz-funk” e, nomeadamente, “naquele pop de rádio”. A este facto não é estranho o facto de alguns dos seus elementos terem formação na Escola de Jazz.
Em termos de gravações, os Deus Pã têm gravadas várias maquetas, a última das quais, com a ajuda de mais três músicos convidados, um teclista, um saxofonista e uma voz feminina, “está a passar na Radical FM e na Rádio Nova Era”. Esta gravação contém os temas “Vida nociva”, “Sonhos”, “Mulata” e “Uma janela”ouvidos”, todos gravados em estúdio no ano passado. Têm presentemente em vista a gravação de outros dois. “Para juntar mais material para enviar para as editoras”.

Nome Deus Pã
Origem Porto, 1990
Formação António Santos “Zito” – voz; José Meireles – guitarra; Fernando Rodrigues – guitarra; Carlos Copek – baixo; Rui Eduardo – bateria
Ponto alto A vitória num concurso de música moderna organizado pelo Instituto Superior de Engenharia do Porto e a gravação do compacto de compilação “Até que o Rock nos Separe”, da Solitária Produções, com os temas “Fogo” e “Não podemos aceitar”.

Bandas Novas – “Hoje Guimarães, Amanhã Belém” – Artigo de Opinião

POP ROCK

30 Abril 1997

BANDAS NOVAS
O POP/ROCK anda à procura de novos artistas e bandas portuguesas. Não temos preconceitos de línguas, cores ou paladares musicais. Só precisamos que nos enviem gravações e um contacto telefónico. Fotos e biografias não são obrigatórias, mas muito convenientes.

HOJE GUIMARÃES, AMANHÃ BELÉM

Tocar Bach, Vivaldi ou Prokofiev com guitarras eléctricas e bateria recorda de imediato o rock sinfónico dos anos 70 e bandas como os Ekseption, The Nice ou Emerson, Lake and Palmer. Pois é isto mesmo que fazem os Neo Simphonyx, uma banda de Guimarães que pretende “fazer chegar a música clássica a todo o género de ouvintes, em qualquer faixa etária”.
“Temos uma interpretação da música baseada muito nos originais, tal como foram compostos”, elucida Paulo Magalhães, um dos dois guitarristas do grupo, com formação clássica. As guitarras eléctricas, o baixo e a bateria substituem os instrumentos clássicos. “Os violinos, essa coisa toda, as pessoas não estão para ouvir esse tipo de instrumentos. Não têm paciência, não estão habituados, até porque a música, hoje, é mais eléctrica”. O grupo andou algum tempo a tocar Police e Queen, até chegar ao momento em que optaram pela recriação do reportório clássico. Embora a maioria dos elementos tenha formação clássica, os arranjos são feitos “de ouvido”: “Tiramos as partes mais graves para o baixo, as melodias principais para as guitarras, se houver mais, são feitas pelo teclado. Ao vivo conseguimos criar uma sonoridade quase de orquestra”.
Escolher as obras é que foi “um bocado complicado”. Mozart, Beethoven e Bach são os eleitos, só que muitos temas destes compositores “não davam para tocar ao vivo, não era possível fazer a transposição”. Gastaram quase dois anos neste processo de selecção, até chegarem ao actual alinhamento que inclui peças, além destes compositores, de Fauré, Richard Strauss, Prokofiev, Tchaikovsky, Rossini e Bizet.
“A nossa música está muito na linha do rock sinfónico”, confirma Paulo Magalhães. A mesma linha seguida pelo outro lado deste projecto, que talvez se passe a chamar simplesmente Simphonyx, onde os cinco músicos, mais o vocalista Carlos Barros, se dedicam a compor e interpretar apenas originais do grupo, como “Masquerade” e “Red moon”, com letras em inglês que falam do “Imaginário”, do “belo” e do “futurista”.
Gostavam de gravar um disco. Mandaram uma maqueta “para todas as editoras nacionais”. E para o estrangeiro, “seguramente aí para umas 30 ou 40”. Receberam quatro ou cinco respostas do estrangeiro, “principalmente da Alemanha”. “Ficaram com a cassete em arquivo, para posterior análise”. De Portugal não receberam nenhuma, a não ser da Independent records que, embora tecendo elogios à banda, disse “não ter hipóteses de editar o trabalho”.
Ao vivo, os Neo Simphonyx não descuram uma apresentação adequada à música que fazem. Vestem-se a preceito com trajes do século XVIII, que mandaram fazer, e utilizam projecções de imagens alusivas aos temas. Já tiveram uma bailarina, mas a escassa dimensão dos palcos, impediu a continuação da experiência. Mas levam um poeta para declamar poemas da sua autoria.
Os Neo Simphonyx têm tocado sobretudo nos bares dos arredores de Guimarães, no Porto e em Famalicão, aqueles com ambiente mais calmo, onde as pessoas podem ouvir, mas o seu grande sonho é poderem um dia “tocar no CCB, acompanhados por uma orquestra”

Nome Neo Simphonyx
Origem Guimarães, em 1989
Formação Martinho (guitarra), Paulo (guitarra), Mota (baixo), Carlos (bateria) e Martinho (teclados e guitarra)
Ponto alto Chegar à formação ideal, à qual chegaram somente há dois anos atrás. Antes “eram só trocas de guitarristas e do baixista”. Em termos de actuações ao vivo: Concerto num concurso realizado da discoteca Komplexus, em Famalicão, onde alcançaram o 2º lugar. “Estavam cerca de três mil pessoas e fomos muito bem recebidos”.

“Novo Álbum De Sérgio Godinho Em Fase De Remisturas” – Artigo De Opinião

POP ROCK

26 Março 1997

Novo álbum de Sérgio Godinho em fase de misturas


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Sérgio Godinho saiu dos estúdios Cha Cha Cha – onde esteve a gravar durante um mês – na passada sexta-feira, terminando a fase de gravações do que será o seu próximo álbum de estúdio, primeiro desde “Tinta Permanente”, de 1993. Anteontem, o cantor-compositor partiu para Paris, onde efectuará o trabalho de mistura e masterização. O álbum tem, na maior parte dos temas, direcção musical e produção de Manuel Faria, funções que, noutros temas, partilha com o próprio compositor e com Paulo Pulido Valente.
Trabalho colectivo por excelência, “um disco de músicos”, como o próprio Sérgio Godinho fez questão de salientar, os arranjos dividem-se por Manuel Faria (em quatro temas), Kalu, dos Xutos e Pontapés (dois temas), Tomás Pimentel, João Aguardela, dos Sitiados, Jorge Constante Pereira, José Mário Branco (colaboração que põe termo a um longo intervalo de “separação” entre os dois músicos), havendo ainda um tema arranjado por vários elementos dos Rádio Macau.
Com a participação de cerca de 40 músicos, incluindo um quarteto de cordas e um naipe de metais, o novo álbum de Sérgio Godinho terá Kalu a tocar bateria na maioria das canções, com participações ocasionais, neste instrumento, de Sérgio Figueiredo, dos Despe e Siga, André Sousa Machado e Rui Alves. Nani Teixeira toca baixo e Nuno Rafael, também dos Despe e Siga, encarrega-se da guitarra eléctrica. Outros convidados são Ricardo Rocha, na guitarra portuguesa, Tito Paris, na guitarra, e Carlos Guerreiro, que participa numa versão “reformulada” e “irreconhecível” de um tema que faz parte do alinhamento do álbum de estreia dos Gaiteiros de Lisboa, “Invasões Bárbaras”.
Segundo Sérgio Godinho, é um álbum “que aponta em várias direcções, extremamente aberto ao nosso tempo, com um caminho central reconhecível”, onde se cruzam as “leituras” características do autor de “Pano-Cru” com as “contribuições de Manuel Faria e dos outros músicos”. Há ainda algumas “rupturas”, ou “evoluções”, onde se apontam “novas pistas”, num disco “mais agreste” e com um som “mais sujo” do que os anteriores. “Histórias contadas” e “coisas que não são histórias”, onde se misturam ambientes que passam por Kurt Weill, “loops” de bateria, ritmos de chula e “rock” do duro, percorridos pelas habituais personagens saídas da imaginação de Sérgio Godinho.
Só depois da chegada de Paris, onde Sérgio irá permanecer uma semana, é que será decidida a data de lançamento do novo álbum.