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Anabela Duarte – “Em Público” (dossier | grande entrevista)

pop rock >> quarta-feira >> 20.07.1994
EM PÚBLICO


ANABELA DUARTE *


Como e quando surgiu o canto lírico na sua carreira?
Desde há quatro anos que ando a trabalhar nesta técnica. Há cerca de um mês, fiz a voz soprano no “Requiem” de Verdi. Tenho evoluído musicalmente e procurado desenvolver o meu instrumento, que é a voz. À medida que fui estudando e afinando este instrumento, cheguei imediatamente à conclusão que o campo onde me posso exprimir melhor em termos vocais é o canto lírico. Podia ser o fado, mas em termos de precisão, o canto lírico é entre todos os géneros aquele que tem uma técnica mais sofisticada.

Trata-se então mais de uma ginástica e menos uma vocação?
É uma vocação. Mas não se deve ver as coisas dessa maneira. Canto pop, canto fado, canto lírico, canto árabe, canto não sei quê… O canto é só um e eu tenho essa possibilidade de fazer a diversificação. O meu instrumento é suficientemente maleável e híbrido para poder aplicá-lo a outros cantos sem ficar preso a nenhum em particular.

A sua presença na pop é um assunto definitivamente encerrado?
O que eu faço hoje tem muito a ver com o que fazia nessa altura. Os Mler Ife Dada sempre foram um grupo que no início começou por ser muito ligado a gente que frequentava as Belas-Artes. Era um grupo muito “artístico”, no sentido em que a sua música era inseparável do aspecto cénico. Era arte total. Não no sentido wagneriano, mas pronto, era uma aproximação. No campo lírico é exactamente isso. Se aplicarmos o lírico em termos operáticos.

O contexto não é bem o mesmo…
Há no rock e na pop talvez um lado mais improvisado. Um lado mais rebelde. Na música lírica, tudo isso tem que ser em doses mais restritas. Para já, estamos ligados a uma partitura. Não podemos chegar ali, está lá um sol, e fazemos um lá sustenido.

Quer dizer que hoje privilegia o rigor e a disciplina, em detrimento desse tal outro lado mais rebelde?
Sim, é um processo de disciplina. Mas isso tem o seu lado subversivo. Utilizar essa disciplina para subverter.

O mesmo tipo de subversão que utilizou no fado, em “Lishbuneh”?
Não sei se nesse caso foi bem subverter. O fado, encarei-o de uma maneira diferente. Mas em termos vocais acho que até cantei o fado de forma bastante tradicional. O tradicional é que nessa altura estava fora de moda.

Nos Mler Ife Dada havia também o lado do gozo, de um certo gosto iconoclasta. Ficou-lhe essa faceta de “destruir” o instituído?
A mim o que me dá gozo é surpreender. Não só os outros como a mim própria. Daí começar a experimentar coisas diferentes. O disco de fado foi uma dessas coisas.

O canto lírico é para si ponto final ou ponto de passagem?
Afinar o instrumento desta maneira é como por exemplo um violoncelista que, desde que tenha o instrumento bem aprendido e dominado tecnicamente, tanto pode tocar música clássica como jazz, fado ou seja o que for. O canto lírico em si já tem muita coisa. Por exemplo, “Salomé” – que eu gostaria de fazer – é uma ópera clássica no sentido tradicional do termo. Mas é uma ópera tão empolgante que mesmo dentro do clássico ultrapassa barreiras. O personagem em si, muito ligado à voz. O que vai criar dinamismo, cores e tessituras vocais entusiasmantes.

A sua voz serve melhor certos personagens do que outros?
Sim, sou soprano “stinto”, mais próximo do dramático. O que me dá a possibilidade de fazer os papéis mais de “prima dona”, que exigem uma presença forte em termos vocais e teatrais.

Os Mler Ife Dada, pela sua estética e atitude, davam espectáculo, no sentido em que enfatizavam o lado cénico e visual. Isso acontecia consigo e na maneira como se apresentava ao vivo. Consegue transpor essa característica, de algum exibicionismo, para o canto lírico?
Nunca tinha pensado nisso antes. Cada vez estou mais afastada disso. As entrevistas e as fotografias então eram uma chatice completa. Não sou uma pessoa extrovertida.

Nos Mler Ife Dada exibia-se bastante…
Normalmente é sempre assim [risos]. É o protótipo do artista. Uma faceta a que eu infelizmente não posso escapar. Agora, o canto lírico é muito exibicionista. Qualquer arte é exibicionista, senão não se fazia. Ficava-se em casa a coser meias ou a lavar pratos, ou ia-se para o escritório…

E narcisismo, o desejo de reconhecimento público?
Isso nunca me passou pela cabeça. Aliás nunca fiz bem a distinção entre o ser eu e ser no palco.

Gostaria de fazer teatro?
Nunca fiz, mas já me propuseram umas coisas. Sempre achei que não tinha jeito. O teatro implica uma relação com a palavra dita, discursiva, enquanto a minha relação é cada vez mais com a palavra cantada. Embora haja muitos discursos de teatro que não passam pela palavra. Esses são muito mais interessantes e muito mais próximos do canto lírico.

Sente-se à margem das cantoras ligeiras ou doutras áreas da música portuguesa? Nunca se ouviu falar em qualquer colaboração com algumas delas…
Sou muito individualista. A única com quem poderia fazer coisas interessantes seria a Maria João e só ela. Fazer com mais gente… Isto agora é um bocado chato… Mas o que é que me interessa a mim fazer duetos, que projecto é que eu posso ter com outras cantoras além da Maria João? Não estou a ver… Porque a Maria João é a única que explora a voz de um ponto de vista mesmo vocal. A mesma coisa que eu faço, embora em moldes diferentes. Ela em moldes mais jazzísticos, próximos quase da música contemporânea. Mais ou menos o meu campo… O mesmo não se passa em termos de canção, com a Teresa Salgueiro, ou a Lena d’Água, ou…

Afastou-se então em definitivo da música dita “ligeira”?
Claro. Não me apetece. Mas não tenho nada contra.

Até onde pretende chegar no canto lírico?
O meu interesse é apenas ser cantora. É nisso que estou a apostar. No canto lírico quero ser uma cantora ilimitada. E, nesse sentido, apurar uma técnica que depois se possa aplicar a muitas outras coisas.

Eis o que se pode chamar uma autoconfiança total…
Mas eu sou assim em tudo. Quando há uma coisa que me chateia, abro logo a boca. Sai-me logo o coração pela boca. Qualquer episódio do dia-a-dia, sei lá, um problema qualquer com um taxista ou um padeiro, tenho sempre conseguido resolvê-lo da melhor maneira. Em termos artísticos, é exactamente a mesma coisa. Sou uma pessoa arrojada.

De que modo foi recebida no meio do canto lírico? As outras “divas” aceitaram a sua entrada?
Para já em Portugal, divas não estou a ver nenhuma… Não sei, não as conheço pessoalmente. A partir de agora é que vou saber. Uma coisa é certa: posso perfeitamente fazer carreira no canto lírico. Não é forçoso que o canto lírico seja clássico. É tudo um problema de estruturas. Dos conservatórios, das academias de música. O que cria muito medo nas pessoas. Já percebi isso. Ao nível do canto, ao nível dos instrumentistas, ao nível da música em geral, há um medo das pessoas em se afirmarem. O facto de eu vir de um canto diferente e de me atrever a fazer coisas que elas não fazem cria atritos. Já fiz audições, falei com pessoas, inclusive da Gulbenkian, e há umas certas reticências nas pessoas. Por exemplo, alguém atrever-se a fazer uma “Lady MacBeth” neste país é uma heresia.

Tenciona forçar a entrada nesse meio ou, pelo contrário, manter-se à margem dele?
Uma coisa é a gente querer fazer as coisas, outra é na realidade não as conseguir fazer. Ou porque não temos o instrumento suficiente para isso, ou porque à última hora ficamos a tremer e não conseguimos, ou porque alguém nos faz a cabeça e não se consegue, ou porque temos um acidente e morremos… Se conseguirmos ultrapassar tudo isto, as pessoas terão que reconhecer-nos. As pessoas, quando me vêem, sabem reconhecer as minhas capacidades. Mas antes disso dizem tanto mal que quase nos levam a desistir. Em relação a entrar ou não no meio, o que é que me interessava? Só se fosse para mudar aquilo tudo! Ganhar 300, 400 ou 500 contos, para depois ouvir “você tem de fazer o que a gente quer”?

Que estratégias utiliza então para levar à prática os seus projectos?
Recorro a meios alternativos. Tenho encontrado imensos mecanismos de resistência. Sobretudo porque as pessoas não t~em referências de mim como cantora na área delas. A minha luta é contra o academismo e contra as mentalidades tacanhas. Há em Portugal um provincianismo que corta as pernas às pessoas.

* Ex-vocalista dos Mler Ife Dada. Autora-intérprete de pois a solo. Dedica-se actualmente ao canto lírico e está a preparar um recital de voz e piano (com José Colorado), a apresentar no final do Verão, em que interpretará “Lieder” e excertos de operetas de compositores como Richard Strauss, Offenbach e Lecocq, e peças operáticas de Puccini, Wagner, Verdi e Catalani.

Anabela – “Anabela Lírica”

pop rock >> quarta-feira >> 06.07.1994


Anabela Lírica



Os Mler Ife Dada são coisa do passado. O fado, um ponto de passagem. Hoje, Anabela Duarte é uma cantora lírica que não quer ouvir falar em música ligeira. Já cantou o “Requiem” de Verdi e, no futuro, pensa trabalhar numa espécie de opereta baseada na temática do fantástico. Actualmente, prepara uma série de recitais, a realizar em Setembro – primeiro nos arredores de Lisboa, depois no coração da capital, ainda sem local nem datas certas -, de voz e piano. A sua voz, “um instrumento suficientemente maleável e híbrido”, e o piano de José Colorado, que além de acompanhante neste instrumento toca fagote na Orquestra da Gulbenkian. Longe vão os fonemas que caracterizavam a sua prestação na banda de Nuno Rebelo. Nestes concertos, o reportório consta, na primeira parte, de “Lieder” e operetas de compositores como Richard Strauss, Offenbach e Lecocq, enquanto a segunda vai ser preenchida com a ópera propriamente dita e peças de Puccini, Wagner, Verdi e Catalani.
Anabela Duarte escolheu, de há quatro anos para cá, o canto lírico, “que não tem que ser forçosamente clássico”, como forma de expressão, porque, diz, além de “vocação”, é “uma técnica altamente sofisticada”. Mas não se pense que Anabela Duarte é uma cantora lírica qualquer, do tipo obeso e voz lancinante que ficou imortalizado em banda desenhada por Hergé na personalidade de Madame Castafiore.
Pelo contrário, hoje como antes, Anabela Duarte procura a diferença, senão mesmo uma certa subversão do “statu quo” reinante no seio dos meios artísticos académicos: “Um problema de estruturas, o problema dos conservatórios, das academias de música, que criam muito medo nas pessoas. Ao nível do canto, como dos instrumentistas. Um medo de se afirmarem, de fazer coisas”.
Opinião que decerto não deve ser muito bem aceite nesses meios. “O facto de eu vir de um canto diferente e de me atrever a fazer coisas que as outras cantoras líricas não fazem cria atritos. Por exemplo, alguém atrever-se a fazer uma ‘Lady Macbeth’ neste país é uma heresia. E nesta terra ninguém se atrevera antes a fazer o ‘Requiem’ de Verdi com um grupo coral amador e com cantores solistas nossos. Em Portugal considera-se que só os solistas estrangeiros é que são bons e podem fazer as grandes obras. A minha luta é contra as mentalidades tacanhas. E contra o tipo de técnica que se aprende nos conservatórios.”
E Anabela pormenoriza: “Por exemplo, a da chamada ‘voz de peito’. Dizem que a voz de peito não se pode fazer, que estraga a voz. O que acontece é que as cantoras clássicas em Portugal não sabem usar a voz de peito. Em parte porque os professores de cá não a sabem fazer. E se não sabem também não vão saber ensiná-la. É assim que se criam tabus.”
A conclusão a extrair de tudo isto é clara: “É este provincianismo que corta as pernas às pessoas.”
Anabela Duarte tem pernas e uma voz para andar.

Nuno Rebelo – “Nuno Rebelo, Depois Da Vitória No Concurso De Música Moderna – ‘Gosto Da Liberdade De Improvisação'”

Secção Cultura Quarta-Feira, 19.06.1991 (entrevista)


Nuno Rebelo, Depois Da Vitória No Concurso De Música Moderna
“Gosto Da Liberdade De Improvisação”


Dos computadores, Nuno Rebelo passou para os delírios da improvisação em palco. Duas faces de uma mesma moeda: a paixão pela música. Há anos, o concurso do Rock Rendez-Vous lançou-o e aos Mler Ife Dada. Agora a história repete-se, com os Plopoplot Pot.



Os Plopoplot Pot, projecto há muito acalentado por Nuno Rebelo, venceram o Concurso de Música Moderna, promovido pela Câmara Municipal de Lisboa. Como sempre acontece nestas ocasiões, houve polémica. Vitória da competência sobre a imaginação, disse-se a propósito. Colagem aos Naked City, “exercício masturbatório”, mutíssimo competente execução” foram algumas das “acusações”. Nuno Rebelo não tinha o direito de ser o melhor.
PÚBLICO – Que motivos o levaram a participar num concurso aparentemente vocacionado para a divulgação de novos nomes, o que não é o seu caso nem dos outros Plopoplot Pot?
NUNO REBELO – Os Plopoplot Pot são um projecto surgido há cerca de três anos. O nome era outro mas a ideia era a mesma. Houve alguns ensaios e desistimos. Mas fiquei com essa “fisgada”. Em relação aos concursos, vejo-os como uma oportunidade de concretizar ideias. São uma motivação. Quando era pequeno, fazia histórias de banda desenhada. Pensava em escrever histórias de 50 páginas mas nunca passava da segunda, porque sabia que não as ia publicar. Preciso imenso desses objectivos concretos. Em relação à banda, como não houve nenhuma editora que viesse ter comigo a dizer “forma uma banda que eu gravo-te o disco…”
P. – Mas a vossa participação no concurso pode ser encarada como uma forma de promoção que, na prática, está a tirar a oportunidade a músicos mais novos…
R. – Antes de eu apresentar as maquetes, telefonei para a organização a pôr essa questão. Foi-me dito que havia vários grupos a concorrer com músicos profissionais, um com o Rui Júnior e a Paula dos Ban, falava-se de um grupo com o Jimba e alguns dos Censurados. Disseram-me mesmo que o prémio do concurso era muito bom, precisamente para cativar os profissionais, de modo a aumentar a qualidade, para não se chegar ao fim e o júri dizer “bem, ora vamos lá dar o prémio ao mal menor”.
P. – E se os Plopoplot Pot não tivessem ganho?
R. Teria sido uma vergonha tremenda para mim. Foi um risco que tive de assumir. A partir do momento em que entreguei a maquete, passei a funcionar só em termos de “vou ganhar este concurso”.

Projecto Para Continuar

P. – Os Plopoplot Pot são projecto para continuar?
R. – Isto foi a concretização da ideia do grupo. A segunda etapa é tentar arranjar, o mais rápido possível, maneira de gravar um LP. A terceira, tentar ir lá para fora, uma vez que nos movemos numa área em que competimos em pé de igualdade, o que não acontece com grupos como os Delfins ou os Xutos, que têm de competir com mega-estruturas, ao nível das dos Simple Minds ou Rolling Stones.
P. – Há quem compare a música dos Plopoplot Pot à dos Naked City. Em relação a si, que no grupo toca baixo e violino, vem à baila o nome de Fred Frith. Aceita este tipo de comparações?
R. – O que se passa é haver uma relação de identidade. Há dias, a seguir a um concerto, a propósito da tal influência dos Naked City, respondi que “lá por duas pessoas falarem francês, não quer dizer que se andem a imitar uma à outra”. Dito isto, em termos de referências, é preciso recuar aos anos 70 e aos Gentle Giant, ou aos 80, quando ouvia Fred Frith, com quem me identifico, em termos de sensibilidade musical. Já John Zorn e os Naked City é uma coisa que eu já desenvolvia com os Mler Ife Dada.
P. – As pessoas tendem a associá-lo aos computadores e à música electrónica. Como explica a passagem repentina para um contexto tão diferente?
R. – Nesta banda reencontrei a energia que tinha perdido quando deixei os Street Kids, que vinham da “new wave”. Havia uma carga energética em palco que se foi perdendo nos Mler Ife Dada e de que comecei a sentir falta. Posso dizer que nunca na minha vida dei um concerto em que tivesse descarregado tanta energia, como na final do concurso. Saí com os músculos da barriga completamente doridos, as pernas pareciam de gelatina. Não me aguentava em pé.
P. – Houve mesmo quem chamasse à vossa prestação um “exercício masturbatório”…
R. – Nós o que fizemos foi reencontrar o velho prazer de tocar ao vivo. Em palco, há toda uma comunicação entre os músicos, à base de sinais, de olhares, de gritos. Quase um ritual. Subimos para o palco, fechámo-nos sobre nós próprios e carregámo-nos de energia. A pensar: “vou explodir a seguir, vou dar o máximo”.

O Prazer De Fazer Música

P. Como encara o futuro da música portuguesa alternativa?
R. – Há uma situação interessantíssima na cena actual. Acho tão importante a actividade individual de maturação dos músicos, como depois partilhar isso com os que passaram pelo mesmo processo. No meu caso, há um mês estava no Johnny Guitar com um computador, em improvisações electrónicas, e o Sei Miguel na trompete. Um mês depois estou num palco a partir cordas do baixo. Isto é ser músico, em 1990. Gosto da electrónica, mas também da energia rock e da liberdade de improvisação. Movimento-me pelo prazer de fazer música.
P. – Em que ponto se encontra a hipótese de edição no estrangeiro, nomeadamente na belga Made To Measure (MTM), subsidiária da Crammed?
R. – A “Sagração do Mês de Maio” funcionou como uma espécie de cartão de visita para o Marc Hollander. Mandei-lhe depois material como o “Auto da Índia”, da peça de Gil Vicente, composta sobre música do séc. XVI, vista por um prisma actual, e música étnica dos lugares por onde os portugueses passaram. Disse-me que nunca tinha ouvido nada igual, mas lamentou não poder editar. Ele edita discos de John Lurie ou Arto Lindsay que vendem 40, 50 mil exemplares. Quantos venderia o Nuno Rebelo? O objectivo de Marc Hollander é chegar o dia em que as pessoas comprem um disco da MTM só porque é MTM, seja do José da Silva ou do Mike Stangerman. Só nesse dia o Nuno Rebelo terá lugar na Crammed.