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Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #3 – “Férias + Péon + Caravan + Fios”

#3 – “Férias + Péon + Caravan + Fios”

Fernando Magalhães
31.07.2001 150329

Entro amanhã de férias. Yuuuuuuuuuuppppppiiiiiiiiiii!

O disco “Isué” da MERCEDES PÉON, mencionado pelo Rui C, (que tem andado por aí a actuar ao vivo, trazida pelo Sete Sóis Sete Luas) é, de facto, muito bom.
Uma abordagem totalmente não convencional da folk galega que, sob certos aspectos, lembra os discos de INGRID KARKLINS ou da australiana MARA (uma raridade a descobrir, o álbum “Images”). E a voz da senhora é mesmo dferente!

ATENÇÃO: Daqui a uma semana, mais dia menos dia, vão estar disponíveis em reedições remasterizadas e com temas extra, os álbuns dos CARAVAN, expoentes do som de Canterbury. Jazz, psicadelismo, canções pop iluminadas, um chá das cinco com Alice num relvado inglês ao pôr-do-sol, vozes de cetim, uma delícia, garanto-vos.

Os discos que vão estar disponíveis são:

– If I Could do it all over again, I’d do it all over you (9/10)
-In the Land of Grey and Pink (10/10)
– Waterloo Lily (8/10)
– For Girls who Grow Plump in the Night (7,5/10)
– Caravan & the New Symphonia (ao vivo – 7/10)
– Cunning Stunts (6,5/10)
– Blind Dog at St. Dunstans (6/10)

saudações FM

PS para o César: sim…sempre que trago ao pescoço uma credencial com fio sinto carregar sobre mim todo o peso do universo. Uma responsabilidade que o Junkas (perdão, ele chateia-se quando lhe chamamos assim, Vítor Juncas é que estyá correcto) jamais sentirá.

Gaiteiros De Lisboa + Four Men And A Dog + Mercedes Péon + Altan – “Bólides Irlandeses Ultrapassaram Mercedes” (XIII Festival Intercéltico) (concertos / festivais)

(público >> cultura >> portugueses + >> concertos / festivais)
Segunda-feira, 7 Abril 2003


Bólides irlandeses ultrapassaram Marcedes

XIII FESTIVAL INTERCÉLTICO
Gaiteiros de Lisboa + Four Men and a Dog
4 de Abril, sala praticamente cheia
Mercedes Péon + Altan
5 de Abril, sala cheia
PORTO Coliseu



Terminou o 13.º Festival Intercéltico do Porto. Em apoteose. É quase sempre assim, quando a Irlanda desce ao Porto, com festa rija, toda a gente a dançar e um ar de felicidade estampado nos rostos e nos corpos. Os Altan cumpriram com brilho, sábado, no Coliseu, a tarefa de que foram incumbidos, divulgando a mensagem renovada de uma Irlanda definitivamente enraizada nos hábitos culturais do Intercéltico. Grande concerto, em crescendo, sem concessões. É assim que deve ser, atrair o público até à música, levá-lo a compreendê-la, senti-la e aceitá-la, ao invés de apelar aos desejos mais básicos de quem ouve. Os Altan começaram devagar, com o canto “a capella” de Mairead Ní Mhaonaigh (na foto). Os “jigs” e “reels” apareceram naturalmente, sem tiranizar a beleza de baladas como “Roaring water” ou “A tune for Frankie” (dedicado ao malogrado flautista e fundador dos Altan, Frankie Kennedy). Aos poucos os corpos soltaram-se. Vieram as danças, a imparável vontade de participar.
Mairead, além da voz que se conhece, mostrou ser uma exímia violinista, entrando em diálogos vertiginosos com Ciaran Tourish, sem o apoio de quaisquer percussões. A assistência mostrou estar à altura dos acontecimentos, sabendo dosear a folia com o silêncio, como quando cantou, sem uma desafinação, uma melodia a quatro tempos ensinada por Mairead. Com os Altan a Irlanda profunda esteve presente no Porto e deixou marcas.
Na véspera foi uma outra Irlanda que passou pelo Intercéltico. Ao contrário dos Altan, os Four Men and a Dog praticam uma música mais universal e tecnicista. Ausente Gino Lupari (para grande desapontamento de muitos), trocado pelo competente e amplificado Jimmy Higgins, no “bodhran”, o quarteto selou uma atuação tecnicamente irrepreensível de onde sobressaíram as acrobacias violinísticas de Cathal Hayden e Gerry O’Connor. A forma como transformaram “Music for a Found Harmonium”, dos Penguin Cafe Orchestra, num tema com uma complexidade harmónica que o original não possui foi exemplar da atual abordagem estilística dos Four Men and a Dog, um grupo que, sem Gino Lupari, manifestamente se tornou mais musical, ganhando em rigor o que perdeu em teatralidade e “verve” humorística. Mesmo assim, um “boogie” saído da cartola mostrou que ainda anda por ali à solta um cão vadio…
Desiludiram as duas bandas chamadas a fazer as primeiras partes. Na sexta-feira, os Gaiteiros de Lisboa esticaram demasiado a corda. Inegável continua a ser a originalidade de uma música única no panorama da “folk” europeia. Polifonias intrincadas, uma tensão instrumental feita da polaridade entre a música antiga e a modernidade mais radical, um humor inteligente e “nonsense” mordazes, a força de percussões arrancadas ao cancioneiro
português mais genuíno, tudo isto esteve presente na atuação dos Gaiteiros na noite portuense. Faltou a unidade, a sustentação prática de um edifício cuja complexidade não cessa de aumentar. Se o motor rítmico funcionou e as vozes compensaram com a beleza do labirinto um ou outro défice de colocação, o mesmo não se poderá dizer das gaitas-de-foles numa noite em que andaram manifestamente perdidas. Nem sempre é possível acompanhar a força das marés, e a onda gigante, o macaréu, dos Gaiteiros é força da Natureza, umas vezes doce, outras tempestade difícil de domar.
Mercedes Peón, na abertura de sábado, não esteve melhor. Não que o público não tivesse gostado. Adorou. Mas porque a cantora galega lhes ofereceu prato de fácil digestão: batidas rock de baixo elétrico e bateria, cânticos fortes servidos por um vozeirão que se deve ter feito ouvir na outra margem do Douro, gaitadas meia-bola-e-força e canções dignas de uma “Operação Triunfo” não tiveram dificuldade em impor-se. Mas Mercedes foi mais veículo de carga do que automóvel de luxo. No “stand” do Intercéltico, os bólides irlandeses continuam a ser os mais viáveis.

EM RESUMO
Duas Irlandas, a profunda dos Altan e a universalista dos Four Men and a Dog, “arrasaram” o Coliseu do Porto.
Gaiteiros e Mercedes foram a arranjar para a oficina