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Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #185 – “Verd e Blu – Musicas a Dançar”

explicam por palavras. Sentem-se como se sente aquilo que temos por mais profundo: o divino.
Fernando Magalhães

Verd e Blu
Musicas a Dançar
Menestrèrs Gascons, distri. Etnia
Quando se fala na música tradicional da Gasconha surge de imediato o nome dos Perlinpinpin Folc. Nada mais natural e nada mais injusto para os Verd e Blu, os seus rivais mais próximos. Quando chegaram na mesma altura a Portugal “Téarèze”, dos Perlinpinpin Folc, e “Musica de Gasconha”, dos Verd e Blu (que voltou a ser reposto em “stock”), atribuímos a ambos a pontuação máxima. Trata-se de duas montanhas separadas com a mesma altitude, situadas na mesma cordilheira, erguidas uma em frente à outra em desafio.
“Musicas a Dançar”, curiosamente, afasta-se, ao nível dos arranjos, de “Musica da Gasconha”. Se o objectivo último continua a ser, para Jean Baudoin, Marie-Claude Hourdebaigt e Joan-Francés Tisnèr, “trazer uma nova estética” para a música tradicional da Gasconha, a forma escolhida para o fazer mudou. O som liquefez-se, perdeu rugosidades, espalhando-se pelos interstícios abertos no álbum anterior. As canções voam em levitação, numa ondulação encantatória a grande altitude. O que no primeiro álbum era metal transformou-se em madeira, o urro tornou-se sussurro, o bosque floresceu em jardim. As melodias são fluidos que fogem da razão a esconder-se na memória. A gaita-de-foles (“boha”), a sanfona (“sonsaina”), os pífaros e tamborins de corda flutuam sobre a superfície de um sintetizador-aquário, mudando de cor e forma a cada instante como os vidros de um caleidoscópio.
Em “Congós lanusquets”, os Verd e Blu fazem a vénia aos Planxty. “Mariana” é a voz de Marie-Claude filtrada na passagem pelo túnel dos mistérios da Disneylândia. “Quin te va l’aulhada” prova que a música antiga do futuro existe. Uma “Borregada” convida a perdermo-nos na dança. Em “Dimars”, o grupo veste a pele de uns Hedningarna mais ponderados, acertando o passo por uma espécie de “morris dancing” gascã. Mas o momento de maior assombro chega com “New’ scà”, no qual os Verd e Blu ultrapassam toda a concorrência e penetram em território virgem, em 3m50s de perder a respiração. Viagem alucinante que começa num cravo-computador à maneira de Morton Subotnik, segue com uma sanfona nos confins da galáxia e uma flauta em redor, a voz feminina a baralhar as onomatopeias de Meredith Monk, para acabar numa sarabanda de cordas e em estranhos mas nunca despropositados efeitos de estúdio. Nunca se fez nada assim.
“Musica de Gasconha” era o corpo e sangue da Gasconha. “Musicas a Dançar” é, na mesma região, o sonho. (9)
Fernando Magalhães

Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #184 – “Para quem esteve em Setúbal”

Fernando Magalhães
Seg Set 22, 2003 1:25 pm
Para Quem Esteve Em Setúbal

… A lista de nomes que passei é a seguinte (mais ou menos por esta ordem):
KLAUS SCHULZE (“Cyborg”)
AGITATION FREE (“Malesch”)
MAGMA (“Magma”)
FAUST (“Faust” e “So Far”)
WALLENSTEIN (“Blitzkrieg”)
THE COSMIC JOKERS (“Sci-Fi Party” e “Planeten Sit-In”)
A-1 DUSSELDORF (“Fettleber”)
KRAFTWERK (“Ralf and Florian” e “Autobahn”)
SAND (“Golem”)
MOEBIUS & RENZIEHAUSEN (“Ersatz II”)
HARMONIA (“DeLuxe”)
CLUSTER (“Zuckerzeit”)
NEU! (“Neu!2” e “Neu!75”)
THOMAS DINGER (Für Mich”)
DER PLAN (“Die Letzte Rache”)
THOMAS BRINKMANN (“Rosa”)
GENERAL MAGIC (“Rechenkönig”)
SCHLAMMPEITZIGER (“Augenwischwaldmoppgeflöte”)
HOLOSUD (“Fijnewas Afpompen”)
CAN (“Future Days”)
KREIDLER (“Appearance In The Park”)
TO ROCOCO ROT (“The Amateur View”)
HOLGER HILLER (“Ein Bundel Faulnis In Der Grube”)
EINSTURZENDE NEUBAUTEN (“Berlin Babylon”)
BRAINTICKET (“Cottonwoodhill”)
JULIAN COPE (“Interpreter”)
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FM

Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #183 – “O pós-rock e o electro que ficou…”

#183 – “O pós-rock e o electro que ficou…”

O pós-rock e electro que ficou…

Fernando Magalhães
10 de Fevereiro 2003 Às 13:16

Do muito que passou, das bandas de pós-rock e da electrónica não “erudita” que ouvi nos anos 90, eis aquilo que ficou e de que continuo a gostar.
* são obras-primas, algumas delas não suficientemente valorizadas quando escrevi as respectivas críticas (apenas o tempo e a distância permitem a perspectiva mais correcta).

+ são discos fundamentais, dentro dos respectivos géneros ou categorias musicais.

AMON TOBIN – Supermodified (Ninja Tune, 2000)*
BERND FRIEDMANN – Leisure Zones (Ash International, 1996)
B. FLEISCHMANN – Pop Loops For Breakfast (Charhizma, 1999) +
– A Choir of Empty Beds (Fuzzy Box, 2000)
BIOSPHERE – Cirque (Touch, 2000) *
– Substrata 2 2XCD (Touch, 2001) +
– Shenzhou (Touch, 2002)
BLECTUM FROM BLECHDOM – The Messy Jesse Fiesta (Deluxe, 2000)
BLUTSIPHON – Tammus (Gefriem, 1999)
CURD DUCA – Elevator 3 (Mille Plateaux, 2000)
DAKOTA OAK – Am Deister (Twisted Nerve, 2000)
DAT POLITICS – Villiger (a-Musik, 2000) +
DYLAN GROUP (THE) – More Adventures in Lying Down… (Bubble Core, 1999)
– Ur-Klang Search (Bubble Core, 2000)
EARDRUM – Last Light (The Leaf, 1999)
EXPLODING THUMBS – Flying Without Wings (Holistic, 1998)
EXPERIMENTAL AUDIO RESEARCH – The Köner Experiment (Mille Plateaux, 1997)
– Millenium Music, A Meta-Musical Portrait (Atavistic, 1997)*
FAULTLINE – Closer Colder (The Leaf, 1999)*
FENNESZ – Plus Forty Seven Degrees 56’ 37” Minus Sixteen Degrees 51’ 08” (Touch, 1999) +
– Field Recordings, 1995-2002 (Touch, 2002)
FENNESZ, O’ROURKE, REHBERG – The Magic Sound of Fenn o’Berg (Mego, 1999)
FORT LAUDERDALE – Time Is Of The Essence (Memphis Industries, 2001)
FRIDGE – Ceefax (Output, 1997) +
– Eph (Go Beat, 1999)
FUXA – 3 Field Rotation (Ché, 1996) +
– Very Well Organized (Ché, 1996)
– Accretion (Mind Expansion, 1998)
F. X. RANDOMIZ – Goflex (a-Musik, 1997)*
GAS – Pop (Mille Plateaux, 2000) +
GASTR DEL SOL – Upgrade & Afterlife (Drag City, 1996) +
– Camoufleur (Domino, 1998) +
GENERAL MAGIC – Rechenkönig (Mego, 2000)
GUSTAVO LAMAS – Celeste (Traum, 1999)
– Plural (Fragil, 2000)
HOLGER HILLER – As Is (Mute, 1991) +
– Holger Hiller (Mute, 2000)
HOLOSUD – Fijnewas Afpompen (a-Musik, 1998)*
ILPO VAISANEN – Asuma (Mego, 2001)
ISAN – Beautronics (Tugboat, 1998) +
– Salamander (Morr Music, 1999)
ISOTOPE 217 – The Unstable Molecule (Thrill Jockey, 1997) +
– Utonian Automatic (Thrill Jockey, 1999)
– Who Stole the I Walkman? (Thrill Jockey, 2000)
JAN JELINEK – Computer Soup (Audiosphere, 2002)
JESSAMINE – Another Fictionalized History (Histrionic, 1997)
JIM O’ROURKE – Bad Timing (Drag City, 1997)*
KLANKRIEG – Radionik (Cling Film, 1999)
KONRAD KRAFT – Alien Atmospheres (Elektro-Smog, 1996) +
KREIDLER – Weekend (Kiff, 1996) +
– Appearance In The Park (Kiff, 1998)*
LABRADFORD – E Luxo So (Blast First, 2000)
L@N – L@N (a-Musik, 1996)
MOUSE ON MARS – Vulvaland (Too Pure, 1994)
– Iaora Tahiti (Too Pure, 1995)*
– Autoditacker (Too Pure, 1997)
– Instrumentals – Sonig, 1998)
– Niun Niggung (Rough Trade, 1999) +
– Idiology (Sonig, 2001)
OCSID – Opening Sweep (Ash International, 2001) +
OLIVIA TREMOR CONTROL – Black Foliage, Animation Music. Volume One (Flydaddy Inc. 1999)
ORCHESTER 33 1/3 – Orchester 33 1/3 (Plag Dich Nicht, 1997)*
– Maschine Brennt (Charhizma, 1999)
PAN SONIC – A (Blast First, 2000)*
– Aaltopiiri (Blast First, 2000)
PETE NAMLOOK – Namlook VI (Fax, 1994)
– Syn 2XCD (Fax, 1994) +
– Namlook XI (Fax, 1996)
PETE NAMLOOK & CHARLES UZZELL EDWARDS – A New Consciousness 2 (Fax, 1994)
PETE NAMLOOK & LUDWIG REHBERG – The Putney II (Fax, 1994)
PLURAMON – Render Bandits (Mille Plateaux, 1998)
RADIAN – Rec.Extern (Thrill Jockey, 2002)
RECHENZENTRUM – Rechenzentrum (Kitty-Yo, 2000) +
– The John Peel Session (Kitty-Yo, 2001)
REZNICEK – Stube (Odd Size, 1996) +
ROME – Rome (Thrill Jockey, 1996)
SACK & BLUMM – Sack & Blumm (Tom, 1999)*
SALARYMAN – Salaryman (City Slang, 1996)
– Karoshi (City Slang, 1999)
SATOR ROTAS – Sator Rotas (a-Musik, 1999)
SCHLAMMPEITZIGER – Spacerokkmountainrutschquartier (a-Musik, 1997)*
SHABOTINSKI – (B)ypass (K)ill (Charhizma, 1999)
SOUL CENTER – Soul Center (W.v.B. Enterprises, 2000) +
SPRING HEEL JACK – Oddities (Thirsty Ear, 2000)
– Disappeared (Thirsty Ear, 2000)
– Masses (Thirsty Ear, 2001)
– Amassed (Thirsty Ear, 2002)*
STARS OF THE LID – Avec Laudenum (sub Rosa, 1996)
– Gravitational Pull vs. The Desire for an Aquatic Life (Kranky, 1997)
– The Tired Sounds of Stars of the Lid 2xCD (Kranky, 2001)
STEREOLAB – Emperor Tomato Ketchup (Elektra, 1996)
STEVE FISK – 999 Levels of Undo (Sub Pop, 2001)
SUPERSILENT – Supersilent 4 (Rune Grammofon, 1998)
TELE.FUNKEN – A Collection of Ice-Cream Vans Vol. 2 (Domino, 2000) +
THOMAS BRINKMANN – Rosa (Max Ernst, 2000) +
THOMAS KONER – Nunatak Gongamur (Barooni, 1990)
TIED + TICKLED TRIO – EA1 EA2 (Payola, 1999) +
TONE REC – Pholcus (Sub Rosa, 1998)*
– Coucy-Pack (Sub Rosa, 1999)
TO ROCOCO ROT – CD (Kitty-Yo, 1996) +
– Veiculo (City Slang, 1997)*
– The Amateur View (City Slang, 1999)*
TO ROCOCO ROT & I-SOUND – Music is a Hungry Ghost (City Slang, 2001) +
TORTOISE – A Digest Compendium of the Tortoise’s World (Thrill Jockey, 1994/95) +
– Millions Now Living Will Never Die (City Slang, 1996)*
– TNT (City Slang, 1998)
– Standards (Thrill Jockey, 2000)
TRANS AM – Surrender to the Night (City Slang, 1997) +
– Futureworld (Thrill Jockey, 1999)
– Red Line (Thrill Jockey, 2000)
UI – Lifelike (Southern, 1998)*
– The Iron Apple (Southern, 1999)
USER (THE) – Symphony #1 for Dot Matrix Printers (Staalplaat, 1999) +
VAINIO, VAISANEN, VEGA – Endless (Blast First, 1998)
VERT –The Köln Konzert (Sonig, 2000)
– Nine Types of Ambiguity (Sonig, 2001)
WORKSHOP – Welcome back the Workshop (Captain Trip, 1990)
– Talent (L’Age d’Or, 1995)