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Pop-Rock / Quarta-Feira, 20.11.1991


BBC, QUEM TE OUVIU E QUEM TE VÊ


A editora e distribuidora inglesa Windsong assegurou os direitos de edição das gravações ao vivo arquivadas pela BBC, registadas nos programas Vast in Concert, Sight and Sound e Whistle Test. O acordo entre as duas companhias prevê o lançamento de uma média de quatro álbuns por mês, no formato CD, durante um período de cinco anos. A Windsong assegura o pagamento de direitos de autor de todos os artistas envolvidos. Em Portugal, os discos serão distribuídos pela Anónima.

Para a BBC, o acordo significa a oportunidade de lançamentos no mercado de novos produtos associados ao seu nome, com a vantagem adicional de, deste modo, lutar contra a edição de discos piratas contendo gravações daqueles programas, o que tem acontecido até agora. Do lado da Windsong, é o alargamento das suas actividades editoriais, mantidas em “low profile” até ao presente.
Integram o primeiro lote de CD, da série “In Concert”, os Family, Caravan, Wishbone Ash e Alex Harvey Band (Outubro) e Hawkwind, Nazareth e Echo and the Bunnymen (Novembro). O preço de venda ao público é de £ 6.08 cada CD (cerca de mil e 500 escudos).
Os Family foram uma das bandas que ao longo dos anos 70 conheceram um sucesso relativo. À semelhança de outras formações nascidas à saída dos “sixties”, os Family criaram raízes nos “rhythm ‘n’ blues”, daí partindo para a inevitável saga “progressiva” que haveria de marcar a primeira metade da década de 70. Roger Chapman, um “animal de palco” senhor de um inacreditável “falsetto” vocal, constituía o principal foco de atracção de uma banda que para a posteridade deixou álbuns que ainda hoje merecem ser reescutados, entre eles “Music in a Doll’s House” e “Anyway”, ou canções que ainda hoje se relembram: “Me my friend” e “Weaver’s answer”, esta incluída no presente CD, gravado em 1973 nos estúdios da Radio One.
Banda emblemática do núcleo experimental / psicadélico de Canterbury, os Caravan são apresentados num concerto realizado no “Théâtre de Paris”, datado de 1975, com am formação clássica Mike Wedgewood, Richard Coughlan, Geoff Richardson, Pye Hastings e David Sinclair. O CD inclui quatro temas longos, incluindo as versões dos hinos psicadélicos “Love in your eye” e “For Richard”. Pretexto para procurar dois discos lendários, “If I could do it all over again I’d do it all over you” e “In the Land of Grey and Pink”.
Houve quem considerasse Andy Powell e Ted Turner, dos Wishbone Ash, dois grandes guitarristas de rock que passaram ao lado da glória. Chegaram a dar brado na crítica musical inglesa os seus duetos de guitarra. Numa época, 1972, em que o termo “guitar band” ainda não fora inventado, os Wishbone Ash avançavam em força com o conceito “double lead guitar”. Vale a pena recordá-los na versão alongada de “The Pilgrim”, incluída em “Argus”, o seu melhor álbum de sempre.
Os Alex Harvey Band, em registo de 1973, no “Hippodrome”, passaram de forma discreta pela pop. Valia a Alex Harvey a comunicação que conseguia estabelecer com as audiências, em parte facilitada pelo consumo exagerado de álcool. O “pub rock” extravasado para a sala de concerto. O rock ‘n’ rol na sua expressão mais simples e imediatista. A horda “heavy” já espreitava, enquanto se divertiam os “amigos de Alex”.
Ainda vivos e de saúde, os Hawkwind eram em 1972, ano a gravação deste concerto, um dos mais respeitados representantes do “cosmic rock” britânico. Quem nunca folheou de olhos em bico o célebre livrinho de “In Search of Space”? Hippies, futuristas e completamente loucos, mos Hawkwind alinhavam ao lado dos Amon Düül II e dos Gong (este em versão “pot”) na grande desbunda cósmica encetada pelos Pink Floyd. “Space fantasy”, osciladores e LSD numa combinação explosiva que levou a noção de “acid jam” às últimas consequências. Títulos como “Brainstorm”, “Masters of the Universe” e “Silver Machine” dizem tudo. A colaboração com o autor de “sci-fi”, Robert Moorcock, e o sax alucinado de Nick Turner constituíam o toque de estranheza extra, numa banda que o baixista Lemmy levaria à “zona do metal” e à formação dos Motorhead.
Quanto aos Nazareth, “apanhados” em flagrante delito nos estúdios da Radio One, é suficiente referi que faziam, à época, 1972-73, bastante barulho. “Razamanaz” e “Rampant” são títulos que por si só nos zurzem os ouvidos.
Por último, uma banda e gravação mais recente, os Echo & The Bunnymen, liderados pela voz e guitarra de Ian McCullough, como soavam há três anos atrás, no “Empire Theatre” de Liverpool. Guitarras e canções de sabor psicadélico foram a fórmula que encontrou eco nas multidões.
Para os apreciadores de música ao vivo, durante os próximos cinco anos, é “fartar ó vilanagem”.

Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #73 – “Caravan-1º álbum, remasterizado (FM)”

#73 – “Caravan-1º álbum, remasterizado (FM)”

Fernando Magalhães
11.02.2002 160454
Não resisto a recomendar a audição do álbum de estreia dos CARAVAN, intitulado simplesmente “Caravan”, acabado de ser editado em ed. remasterizada e sob a forma de dois alinhamentos – em mono e em stereo (prefiro este).

É um álbum de pop canterburyiana absolutamente mágico. Imaginem a música dos posteriores “If I Could do it…” e “In the land of Grey and Pink”, despojada da sua vertente mais experimental e instrumental, para se concentrar em melodias que se alojam insidiosamente no cérebro.

Quem quiser compreender de onde deriva a ala do pós-rock de Chicago mais suave, personificada por gente como os The Sea and Cake, Stephen Prina ou Jim O’Rourke, deve começar por aqui.

FM

Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #5 – “Olá e…novo P.Hammill, fantástico!”

Fernando Magalhães
10.09.2001 160412
Olá a todos. Finalmente de regresso ao…grunf…trabalho!

Mas as saudades, sobretudo do pessoal do forum, já eram muitas…Por isso é bom voltar.

Depois desta introdução lamechas – chuif – vamos ao que interessa: a paleontologia. E os dinossáurios. Sabiam que se está a chegar à conclusão que muitos deles tinham o corpo coberto de penas? É verdade… Só falta dizer agora que tinham mas era o corpo coberto de jardéis e que…

Bom, mas chega de palhaçada.

Vamos à música:

O PETER HAMMILL tem um álbum novo, magnífico, para não variar. Chama-se “What, now?” e revela-o num pico de forma notável. O homem está prestes a explodir (de novo…) e pressente-se que está próximo de fazer algo parecido e com a mesma carga apocalíptica de “In Camera”.

O tema central é o tempo, o fim, o confronto final com o ego. Também um retorno aos ataques ferozes à igreja (olá Herbsman!). E o amor, tratado de forma sublime, claro! Vale a pena seguir atentamente os poemas.

A música e as vocalizações são poderosas. A electrónica ocupa um lugar de destaque, como nos tempos de “The Future now” e “PH7”. Mas a marca instrumental pessoalíssima de PH, o seu piano e guitarras saídas do fundo da alma, gritam e oram e gemem e exploram os confins do mundo e do espírito. Como sempre, sem concessões de qualquer espécie. PH é o último romântico, o génio absoluto da música deste século. Este álbum confirma-o!

Uma chamada de atenção para as reedições remasterizadas dos álbuns do CARAVAN, expoentes do som de Canterbury dos anos 70. Quem aprecia os 1ºs SOFT MACHINE não deverá perder. Para a semana farei um “especial Canterbury” no “Y”, a propósito destas reedições.
Para que conste os álbuns são “If I Could do it all over again, I’d do it all over you” (9/10), “In the land of Grey and Pink” (10/10), “Waterloo Lily” (8/10), “For Girls who Grow Plump in the Night” (7,5/10), “Caravan & The New Symphonia” (ao vivo, 6/10) e “Cunning Stunts” (6,5/10).

Os três primeiros são fundamentais.

Para o Rat-tat-tat: Escrevi há uns meses no “Y” sobre os EMBRYO. Um texto grande sobre cinco álbuns deste grupo alemão pioneiro da fusão do free-rock com música étnica e jazz. Imagina um cruzamento de Soft Machine afreakalhados, batuques africanos, raga indiano, improvisação sobre ácido “a la GURU GURU” e jazz rock…
Vou procurar o texto e depois faço um “copy & paste”.

saudações de regresso “ao vício”

Fernando Magalhães