Vangelis – “The City”

PÚBLICO QUARTA-FEIRA, 5 DEZEMBRO 1990 >> Pop Rock >> LP’s


VANGELIS
The City
LP e CD, East West, distri. WEA


354º álbum conceptual do homem da eletrónica que tocou com Demis Roussos, esteve quase a dizer Yes e grava de vez em quando, com Jon Anderson, pomposas e líricas liturgias em louvor da grande harmonia cósmica.
Não atingindo a unidade formal e o brilhantismo das obras máximas “China” e “Mask”, ou a originalidade de “See you later”, “Beaubourg” e “Invisible Connections”, “The City” não desce contudo aos abismos de mediocridade de “Spiral” ou “Albedo 0.39”. Uma frase de Homero e um dia na grande cidade foram o pretexto para o grego se lançar em nova demonstração “hi-tech”, mais discreta e subtil que o habitual e a que nem falta, desta vez, o bom gosto. ***

Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #72 – “Sons de ontem (hehe) (FM)”

#72 – “Sons de ontem (hehe) (FM)”

Fernando Magalhães
11.02.2002 160432
quote:
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Publicado originalmente por starsailor
Também ouvi Ash Ra Tempel, o primeiro disco (ainda com Klaus Schultze). Não conheço nada deste pessoal – Schultze, Göttsching (?). Como só ouvi uma vez, não quero fazer grandes comentários. É, no mínimo, uma grande trip sonora, mas talvez pouco… “precisa”. Alguns tiques do guitarrista são claramente influenciados pelo Hendrix ao vivo. Depois, direi mais qualquer coisa. O que é que achas deste disco, Fernando?________________________________________

“Pouco preciso”? Pois…LOOOOOOOL. Todos os álbuns dos Ash Ra Tempel foram declaradamente gravados sob o efeito de LSD. Um deles, “Seven up”, contou mesmo com a participação do Timothy Leary!
Durante alguns anos fui completamente insensível à desordem aparente, sobretudo desse primeiro álbum. Depois, à medida que fui entrando em força no Psicadelismo, apercebi-me de uma série de coisas, sobretudo da estrutura de uma música que, incrivelmente, parte de uma raiz “bluesy” e do rock & roll para partir nas suas incursões cósmicas. O álbum seguinte, “Schwingungen” já deriva para outros espaços sonoros, sendo o segundo lado uma verdadeira “trip” nas nuvens. Claro que não aconselho a ninguém a audição desta música sob os efeitos de, digamos, determinadas substâncias ilícitas. O efeito poderia ser devastador!

Eu sugeriria uma audição da vertente mais planante que o Manuel Gottsching/Ashra exploraria a solo, depois da aventura Ash Ra Tempel, em álbuns como “New Age of Earth” (que o César já trouxe de “o vendedor”…), um álbum entre o minimalismo de “E2-E4” e as grandes sinfonias wagnerianas de Klaus Schulze, “Inventions for Electric Guitar” e “Blackouts” (este também bastante minimal).

Mas se preferires afogar-te numa orgia de eletrónica, em delírio absoluto, então parte para a descoberta dos 4 álbuns dos COSMIC JOKERS, que não eram mais do que a pandilha toda da editora Ohr (incluindo os Ash Ra Tempel), completamente tripada e à solta em improvisações no estúdio. Estas sessões duravam horas e horas mas eram depois editadas pelo Ralf-Ulrich Kaiser (patrão louco da Ohr) de forma a soarem como um produto acabado. Álbuns como “The Cosmic Jokers”, “Galactic Supermaket” e “Planeten Sit-in” são clássicos do space rock, na sua versão mais “outer space”!

Também és capaz de gostar do último álbum dos Ash Ra Tempel, “Starring Rosi” (ed. CD na Spalax) o mais bem comportado, digamos assim, só com o Manuel Gottsching (os outros ou já tinham flipado, como o baixista Hermut Hanke, ou partido para outras aventuras, como o Klaus Schulze) e a namorada, Rosi Muller. O álbum é uma mistura de rock planante, eletrónica, bossa-nova e pop estratosférica.

saudações kraut

FM

10,000 Maniacs – “Hope Chest – The Fredonia Recordings, 1982-1983”

PÚBLICO QUARTA-FEIRA, 5 DEZEMBRO 1990 >> Pop Rock >> LP’s


10,000 Maniacs
Hope Chest – The Fredonia Recordings, 1982-1983
LP e CD, Elektra, distri. WEA



Natalie, a vocalista da banda, tem uma voz engraçada que se esquece cinco minutos após a sua audição. Não é propriamente uma Diamanda Galás, antes um sussurro fresquinho e fraquinho, agradável para passar o serão ou para enfeitar festas liceais, de discos riscados e namoricos de verão. “Hope Chest” é uma coletânea de temas gravados na Universidade Estatal de Fredonia, algures não sei aonde, dispersos pelo EP “Human Conflict Number Five”, o álbum “Secrets of the I Ching” e por lado nenhum. Um longo texto impresso na contracapa explica tudo menos a inconsequência da música, à deriva entre vocalizações “pop bubblegum” perpetradas às escondidas pela irmã mais nova de Debbie Harry e aproximações ao “reggae”, sem ganja nem ganza, substituídas por limonadas e cornetos. **