Arquivo da Categoria: Electronic Pioneers

Kraftwerk – “A Máquina, Peça A Peça” (artigo de opinião | discografia)

Pop-Rock Quarta-Feira, 14.08.1991


A MÁQUINA, PEÇA A PEÇA


Ao Longo de quase duas décadas, com intervalos de produção mais ou menos alargados, a discografia dos Kraftwerk representa a expressão máxima da modernidade e a apologia irónica do “homem.máquina”. Agora, na sequência do êxito de “The Mix”, os álbuns originais “Radio Activity”, “Trans Europe Express” e “The Man Machine” vão ser repostos em breve no nosso mercado, mas o que se impõe é a retrospectiva integral.

KRAFTWERK / ORGANIZATION, 1972

Duplo álbum raridade editado na Vertigo, no qual os Kraftwerk antecipam a apoteose metálica que, anos mais tarde, os seus compatriotas Einstuerzende Neubauten ou os ingleses Test Dept. se encarregaram de celebrar. Numa Berlim sentão seduzida pelo misticismo planante dos Tangerine Dream e de Klaus Schulze, os Kraftwerk moldavam com a argamassa de Cage, Stockhausen e os resíduos estruturais do concretismo, esculturas de água e de metal, em reverberações corrosivas que depois se haveriam de chamar “música industrial”. Outros agrupamentos germânicos da época, Harmonia, La Dusseldorf, Cluster (cujo álbum “Cluster II” consitui o primeiro grande manifesto do “som industrial” ou os Neu! Viriam, cada um a seu modo, explorar as vias abertas pelos Kraftwerk, formando um núcleo vanguardista surgido precocemente nos anos em que quase todos se preocupavam mais com as imensidões cósmicas do que com abeleza claustrofóbica das grandes fábricas do Ruhr.

RALF AND FLORIAN, 1973

As grandes avalanchas sónicas do primeiro álbum são recicladas num carrossel minimalista que pela primeira vez provoca nos neurónios ãnsias de dançar. “Elektrisches roulette” ou a rumba ciberpaquidérmica “Tanzmusik” (“música de baile”) demosntram até que ponto Terry Riley tinha razão quando defendia que o infinito era circular. “Kristallo” e sobretudo a frescura de frutos e paisagens tropicais de “Ananas symphonie” acariciam o corpo eléctrico de Bradbury e abrem caminho para as sedimentação ambientalistas que Brian Eno transformaria em género autónomo.

AUTOBAHN, 1974

A auto-estrada e o fascínio do universo linear, ideal para se chegar ao novo mundo, dirigido por controlo remoto. “O automóvel é um instrumento de música”, diziam então Ralf Hütter e Florian Schneider, pela primeira vez auxiliados nas percussões robóticas por Wolfgang Flür e Klaus Roeder. Conny Plank fornecia a garagem, mas, para os Kraftwerk, o estúdio convencional começava a ser pequeno para a desmesura do projecto. A consola auto-suficiente da “fábrica” portátil Kling Klang seria a solução e o veículo privilegiado na construção do império electrónico. “Wahn wahn wahn, das ist autobahn” – transmite o auto-rádio à saída de uma curva, consumando a ultrapassagem definitiva da “Fun fun fun” demasiado humana dos Beach Boys. A “Folk” industrial nascia em 22m30 de viagem através dos arquétipos do homem como eterno transeunte que foram “top” nos Estados Unidos e deveriam servir de exemplo à nossa Junta Autónoma de Estradas. O segundo lado despede-se do céu e das delícias da sonoridade analógica.

RADIO ACTIVITY, 1975

Considerado à época uma desilusão, “Radio Activity” permite aos Kraftwerk a descoberta das melopeias infantis e o abuso da melodia simplista. A rádio deixa de passar música e torna-se ameaçadora. “Eadio activity, discovered by madame Curie, is here to stay, for you and me” – a mensagem, dita desta maneira, era difícil de levar a sério, mas Chernobyl viria a endurecer o conceito, juntando-lhe a dimensão da tragédia (os Kraftwerk acrescentariam mesmo, por causa da catástrofe, novos versos ao tema, em “The mix”). “Airwaves” flutua no ar com a insustentável leveza do vazio pós-nuclear. Mas como numa novela de Philip K. Dick, a realidade é sempre outra coisa e a consciência perde-se sem querer no labirinto das suas próprias mutações. A Europa dançava a valsa dos electrões.

TRANS EUROPE EXPRESS, 1977

Interrompida pelo álbum anterior, a viagem prossegue agora de comboio, que substitui o automóvel, como meio de transporte para o futuro. Síntese magistral de uma tradição europeia reinventada (Franz Schubert de martelo-pilão, a destruir os alicerces românticos), na miragem de uma prosperidade pós-industrial ou na nostalgia totalitária de um continente sem fronteiras. Os Kraftwerk atingem o domínio pleno das técnicas manipulatórias do imaginário contemporâneo. O horror de uma viagem sem fim com destino ao inferno (McLuhan chama-lhe a “aldeia global”) é camuflado pelo polimento extremo do som e pela depuração da palavra, reduzida ao essencial e por isso com um máximo de eficácia. Numa Europa “Endless”, até ao infinito, esmagada no clamor de “metal on metal”, “Trans Europe Express” deu uma alma à máquina e ensinou David Bowie (de “Station to Station”) a ser moderno.

THE MAN MACHINE, 1978

Título óbvio para a continuação de um projecto único na música ocidental do nosso século – a simbiose harmoniosa entre o homem e a máquina, simbolizada na colagem dos músicos e enfatizada pelas referências estéticas a Lissitsky e ao construtivismo russo. “As máquinas respondem-nos directamente e nós às máquinas” – declarava Ralf Hütter a propósito de “We are the robots”, levando ao absurdo o termo comunista “robotnik” – o trabalhador perfeito, como peça da máquina omnipotente que é a sociedade materialista.
Emoção geométrica. Paraíso matemático. Futuro a escurecer em metrópoles banhadas na cor gelada de “néon lights”, tornadas substitutas das estrelas na arquitectura do cosmos.
O mundo deixa-se ofuscar pelo novo brilho – “Looking for a perfect beat” dos Afrika Bambaata deve a inspiração aos homens-máquinas. “The model” é êxito nas Filipinas, cantado por uma intérprete local. “Trans Europe Express” assume a paternidade da “Cold Wave” ou da pop electrónica dos Human League, Depeche Mode, Telex, Orchestral Manoeuvres in the Dark, John Foxx, New Musik, Fad Gadget, entre muitos outros.

COMPUTER WORLD, 1981

Bem instalados no coração da máquina, os Kraftwerk inventam novos “vídeo games” para consumo do homem automático. “Pocket Calculator” é tocado em calculadoras de bolso Casio e Texas, que, nos concertos ao vivo, são distribuídos à assistência, convidada a com eles improvisar. Data desta época a remodulação dos estúdio Kling Klang, de maneira a permitir a sua utilização em palco, concedendo ao conceito duplo de “hardware / software” a dimensão do espectáculo. Anulada a tensão dialéctica entre racionalidade luciferina (“Numbers”) e a emoção, resta a derradeira mutação interior a capitulação do humano, demasiado humano, na pureza fria do amor computorizado.

ELECTRIC CAFÉ, 1982

“Boing boom tschak”, cadência onomatopaica com que os Kraftwerk se servem para parodiar o Hadesteleológico, imitando com a voz o som dos sintetizadores e introduzindo uma nota de humanidade e humor à implacabilidade do projecto, “Electric Café” é o ponto de diversãopossível num pesadelo já consumado. Muito minimal para cérebros normais – “Techno pop”, “Musique non stop” -, a vida, considerada abstracção, só através da repetição “ad infinitum” da melodia como hipnose terapêutica, consegue o sucedâneo artificial capaz de manter a máquina em funcionamento. “Sex object” e “The telefone cal” falam da solidão. Gerado por um computador o homem será ainda o animal que ri?

Kraftwerk – “O Cântico Dos Andróides” (artigo de opinião | discografia)

Pop-Rock Quarta-Feira, 14.08.1991


O CÂNTICO DOS ANDRÓIDES

Para os Kraftwerk, a realidade é um filme de ficção científica, em que as máquinas desempenham o papel principal. Ou pelo menos metade do papel. O conceito de “homem-máquina” permite compreender a filosofia de Ralf Hutter e Florian Schneider, dois revolucionários que preferiam ter metal em vez de pele e um compuador de bolso no lugar do coração.



Como Ray Bradbury, os Kraftwerk “cantam o corpo eléctrico” e, de acordo com as regras inerentes a um mecanismo perfeito, desprezam a emoção humana. Ou como gostam de dizer: “O frio também é uma emoção.” Em veza das reacções primárias desencadeadas pelo rock ‘n’ rol, preferem a “emoção mental” provocada pelos sintetizadores. Ao suor e às descargas de adrenalina desencadeadas por uma guitarra eléctrica, instrumento que consideram “medieval”, contrapõem a linguagem implacável dos dígitos e a perfeição do computador.
Brian Eno, David Bowie (que inclusive dedicou um dos temas de “Heroes”, “V 2 Schneider”, a Florian Schneider), Arthur Baker e os Afrika Bambaata de “Planet Rock”, a “Houde” de Chicago, ou os jovens ingleses electropops de cabelo rapado, são devedores das inovações “techno” destes dois alemães, para quem a música, mais do que uma arte segundo os preceitos tradicionais, é uma técnica que não admite o erro humano.
Paradoxalmente, os americanos renderam-se ao ritmo de “Autobahn”, “The Model” e “Showroom Dummies”, dançados sem preconceitos nas discotecas. O paradoxo de uma música “fria” e “mental” que afinal consegue seduzir os sentidos. Talvez por os Kraftwerk, como Ralf e Florian farantem, terem conseguido introduzir o ritmo do corpo na música electrónica.

Folk Industrial

Numa Alemanha devastada pela guerra, onde tudo se reconstruía, os Kraftwerk renegaram o passado histórico do rock para partirem à descoberta de algo inteiramente novo, expresso, a partir de “Autobahn”, no conceito de união entre o homem e a máquina. Fechados no estúdio Kling Klang (um laboratório onde “fazem coisas científicas”) em Dusseldorf, Ralf Hutter e Florian Schneider buscam sem descanso a resolução definitiva do conflito entre o humano e o maquinal.
Seja na descoberta de novos meiso electrónicos de produção musical (aos Kraftwerk se deve a invenção de um modelo original de sequenciador ou de uma célula fotoeléctrica capaz de traduzir em impulsos sonoros os movimentos do corpo) ou em teorizações mais ou menos fascizantes, o objectivo permanece o mesmo: criar uma “música folk industrial em que as máquinas sejam tratadas de igual para igual com o homem no processo criativo”, uma “música que destrua a oposição entre o homem e a tecnologia”.
Importante, no processo de criação artística, é – segundo afirmam – a “troca de energia entre o humano e a fonte de energia”, numa relação dialéctica escravo-senhor (exemplarmente caracterizada em “Voice of energy”, do álbum “Radio Activity”), em que o homem ora é mestre da máquina (por exemplo na programação de um computador) ora se torna seu escravo (na medida em que essa programação acabe por ser condicionada pela estrutura e pela lógica intrínseca da máquina).
Segundo os Kraftwerk, é necessário que o homem se torne “amigo” das máquinas, se quiser impedir a sua revolta (a poluição seria assim um grito de protesto das máquinas, fartas de ficar sempre com os trabalhos “mais sujos”). No fundo, trata-se de um jogo de poder que só terminará quando acabar a exploração da máquina pelo homem. Não são as máquinas que são demoníacas mas os homens, que não sabem lidar com eleas – “um carro”, por exemplo, funciona melhor se for “bem tratado” – ironizam.

O Culto Da Despersonalização

Trilogia do “admirável mundo novo”, “The man machine”, “Computer World” e “Electric Café” traduzem na perfeição toda essa estética que Hutter e Schneider assumem como filosofia de vida: celibatários convictos, a maior parte do tempo é dedicada à pesquisa de estúdio e à procura de novas sonoridades electrónicas. Compreende-se agora melhor por que razão ninguém, neste campo, os consegue igualar.
Não descuidam a imagem, no seu caso uma anti-imagem, composta pelo ar distante e pelo envergar sistemático de fato e gravata (como resposta ao facto de “hoje em dia toda a gente usar “jeans”) ou na escolha de poses que alguns identificam como inspiradas na ideologia nazi. Os homens-máquinas afirmam que apenas gostam da “uniformidade” e que nunca usaram suásticas. O culto da despersonalização é levado ao extremo com o recurso em palco, nas capas de discos ou nas (raras) entrevistas, a manequins-réplicas que procuram simbolizar a natureza androide dos originais.
Para Ralf Hutter e Florian Schneider é tão simples como isto: “Nós tocamos as máquinas e as máquinas tocam-nos a nós.” Neste processo de simbiose gradual entre o organismo biológico e o organismo cibernético, a etapa final está em “converter directamente os impulsos cerebrais em sons audíveis” e a técnica, capaz de materializa-la, terá que passar pela “derradeira forma musical – a telepatia”.

O Corpo Novo Remisturado

“The mix”, novo disco de remisturas e novas gravações de temas antigos, funciona assim como uma recapitulação ou um compêndio documental onde se demonstra a eterna mutabilidade dos “cânticos androides” kraftwerkianos, chamemos-lhes assim, susceptíveis de infinitas variações e múltiplas reinterpretações.
Se em “Autobahn” é a compressão do tempo e em “Radio activity” a sua actualização (através da referência explícita a Chernobyl) ou em “Trans Europe Express”, pelo contrário, a sua dilatação levada ao barroquismo, em qualquer dos casos, trata-se sempre de expor, nas suas múltiplas formas, a natureza e a “carne” infinitamente plástica de um “corpo novo” surgido das cinzas do velho mundo. Como se os Kraftwerk tivessem conseguido finalmente concretizar o sonho de Frankenstein e ultrapassado as monstruosidades de Cronenberg.

Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #163 – “P. Herbsman”

#163 – “P. Herbsman”
Fri Jan 19 16:03:05 2001

Lista de álbuns para audições com surpresa, deslumbramento, diversão, mistério, descoberta, desafio, curtição, alucinação, pop, jazz, experimental, progressivo, desbunda, eletrónica de todas cores, psicadelismo, grandes canções, excentricidades, esoterismo, humor.

Todos de 8/10 para cima!…

AFTER DINNER

Paradise of Replica (Rec Rec, 1989)

AGITATION FREE

2nd (Spalax, 1973)

AKSAK MABOUL

Un peu de l’Âme des Bandits (Atem/Crammed, 1979)

ALBERT MARCOEUR

Sports & Percussions (Concord, 1994)

AMON DÜÜL II

Yeti (Repertoire, 1970)
Tanz der Lemminge (Captain Trip, 1971)
Wolf City (Captain Trip, 1972)

ANNETTE PEACOCK

X-Dreams (Aura, 1978)

ANTHONY MOORE

Flying Doesn’t Help (Blueprint, 1979)

AREA

Arbeit Macht Frei (Cramps, 1973)
Caution Radioation Area (Cramps, 1974)

ARNE NORDHEIM

Electric (Rune Grammofon, 1974)

ART BEARS

Hopes and Fears (Ré, 1978)

ART ZOYD

Le Marriage du Ciel et de l’Enfer (Cryonic, 1985)
Berlin (Cryonic, 1987)
Marathonnerre (Atonal, 1992)
Marathonnerre II (Atonal, 1992)

ASH RA TEMPEL/ASHRA

Le Berceau de Cristal (Spalax, 1975)
New Age of Earth (Virgin, 1976)

BARRY ADAMSON

Moss Side Story (Mute, 1989)

BEACH BOYS (THE)

Pet Sounds (Capitol, 1967)
Smiley Smile (Brother, 1967) /
Wild Honey (1968)
Friends (Capitol, 1968) /
20/20 (1969)

BEATLES (THE)

A Hard Day’s Night (Parlophone, 1964)
Help! (Parlophone, 1965)
Rubber Soul (Parlophone, 1965)
Revolver (Parlophone, 1966)
Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band (Apple, 1967)
Magical Mystery Tour (EMI, 1967)
The Beatles 2xCD (EMI, 1968)

BEAU HUNKS (THE)

Celebration on the Planet Mars, A Tribute to Raymond Scott (Basta, 1994)
The Beau Hunks Saxophone Soctette (Basta, 1999)

BENJAMIN LEW & STEVEN BROWN

Douzième Jornée: Le Verbe, la Parure, l’Amour (Made to Measure, 1983)

BERNARD PARMEGIANI

Pop’Ecletic (Plate Lunch, 1966 – 1973)

BIOTA

Object Holder (ReR, 1985)

BIRDSONGS OF THE MESOZOIC

Faultline (Cuneiform, 1989)

BOULEVARD OF BROKEN DREAMS

It’s the Talk of the Town and Other Sad Stories (Hannibal, 1989)

BRAINTICKET

Cottonwoodhill (Hallelujah, 1970)

BRIAN ENO

Here Come the Warm Jets (EG, 1973)
Taking Tiger Mountain (by Strategy) (EG, 1974)
Another Green World (Polydor DeLuxe, 1975)
Before and After Science (EG, 1977
Music for Films (EG, 1978)
Ambient #1 Music for Airports (Virgin EG, 1978)
Ambient #4 On Land (Virgin EG, 1982)
Apollo Atmospheres & Soundtracks (Virgin EG, 1983)

BRYAN FERRY

These Foolish Things (Virgin EG, 1973)
Another Time, Another Place (Virgin EG, 1974)

BYRDS (THE)

Younger than Yesterday (Columbia, 1967)
The Notorious Byrd Brothers (Columbia, 1968)

CAN

Tago Mago (Spoon, 1971)
Ege Bamyasi (Spoon, 1972)
Future Days (Spoon, 1973)
Soon over Babaluma (Spoon, 1974)

CAPTAIN BEEFHEART & HIS MAGIC BAND

Trout Mask Replica (Reprise, 1969)
Shiny Beast (Bat Chain Puller) (Virgin, 1979)

CARAVAN

In the Land of Grey and Pink (Deram, 1971)

CARLA BLEY

Tropic Appetites (Watt, 1974)
Dinner Music (Watt, 1977)
Musique Mecanique (Watt, 1979)
Social Studies (Watt, 1981)

CHARLES W. VRTACEK

Learning to be Silent (Cuneiform, 1986) /
When Heaven Comes do Town (1988)

CLEARLIGHT

Clearlight Symphony (Virgin, 1975)

CLUSTER

Cluster II (Spalax, 1972)
Zuckerzeit (Spalax, 1974)
Sowiesoso (Sky, 1976)

CLUSTER & ENO

Cluster & Eno (Sky, 1977)
After the Heat (Sky, 1978)

CONRAD SCHNITZLER

Rot (Plate Lunch, 1973)

CONVENTUM

A L’Affût d’un Complot (Kozak, 1977)
Le Bureau Central des Utopies (Kozak, 1979)

CORNUCOPIA

Full Horn (Repertoire, 1973)

CREAM

Disraeli Gears (Polydor, 1967)

CURVED AIR

Second Album (Warner Bros, 1971)
Phantasmagoria (Warner Bros, 1972)

DAEVID ALLEN

Banana Moon (Spalax, 1971)

DANIEL SCHELL & KARO

If Windows They Have (Made to Measure, 1986)

DASHIELL HEDAYAT

Obsolete (Mantra, 1971)

DAVID BOWIE

David Bowie (Deram, 1967)
Space Oddity (EMI, 1969)
The Man Who Sold the World (EMI, 1970)
The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars (EMI, 1972)
Alladin Sane (EMI, 1973)
Diamond Dogs (EMI, 1974)
Low (EMI, 1977)

DAVID BYRNE

The Complete Score from “The Catherine Wheel” (Sire, 1981)

DAVID GARLAND

Control Songs (Review, 1986)

DAVID VORHAUS

White Noise 2 – Concerto for Synthesizer (Virgin, 1975)

DEBILE MENTHOL

Emile au Jardin Patrologique (Rec Rec, 1981) /
Battre Campagne (1984)

DEVO

Q: Are we not Men? A: We are Devo! (Warner Bros, 1978)
Duty Now for the Future (Virgin, 1979) /
New Traditionalists (1981)

DONOVAN

A Gift from a Flower to a Garden (BGO, 1968)

DOORS (THE)

The Doors (Elektra, 1967)
Strange Days (Elektra, 1967)

EAST OF EDEN

Mercator Projected (Si-Wan, 1969)
Snafu (Si-Wan, 1970)

EDGAR FROESE

Aqua (Virgin, 1974)

EDWARD KA-SPEL

The Blue Room (Soleilmoon, 1998)

EGG

The Polite Force (Deram, 1970)

ELLIOTT SHARP

In the Land of the Yahoos (SST, 1987)

ELMER GANTRY’S VELVET OPERA

Elmer Gantry’s Velvet Opera (Repertoire, 1967)

EMBRYO

Opal (Materiali Sonori, 1970)
Embryo’s Rache (Materiali Sonori, 1971)

ERIC BURDON & THE ANIMALS

Winds of Change (Polydor, 1967)
The Twain Shall Meet (Polydor, 1968)

ERIK WØLLO

Traces (Badland, 1988)

ERSATZ

Ersatz (Pinpoint, 1990)
Ersatz II (G3G, 1992)

FAIRFIELD PARLOUR

From Home to Home (Repertoire, 1970)

FAMILY

Family Entertainment (See for Miles, 1969)

FAUST

Faust (Polydor, 1971)
So Far (Polydor, 1972)
The Faust Tapes (Recommended, 1973)
Faust IV (Virgin, 1973)

FRANK ZAPPA

Absolutely Free (Ryko, 1967)
We’re Only in it for the Money (Ryko, 1967)
Lumpy Gravy (Ryko, 1968)
Cruising with Ruben and the Jets (Ryko, 1968)
Uncle Meat 2xCD (Ryko, 1969)
Burnt Weeny Sandwich (Ryko, 1969)
Hot Rats (Ryko, 1969)
Weasels Ripped my Flesh (Ryko, 1970)
Chunga’s Revenge (Ryko, 1970)
Waka/Jawaka (Ryko, 1972)
The Grand Wazoo (Ryko, 1972)

FRED FRITH

Gravity (Ralph, 1980)
Speechless (Ralph, 1981)
Cheap at Half the Price (Ralph, 1983)

GENESIS

Nursery Cryme (Virgin, 1972)
Foxtrot (Virgin, 1972)
Selling England by the Pound (Virgin, 1973)
The Lamb Lies Down on Brodway 2xCD (Virgin, 1974)

GENTLE GIANT

Gentle Giant (Vertigo, 1970)
Acquiring the Taste (Vertigo, 1971)
Three Friends (Line, 1972)
Octupus (Vertigo, 1973)
In a Glass House (The Road Goes on Forever, 1973)
The Power and the Glory (The Road Goes on Forever, 1974)
Free Hand (One Way, 1975)

GEORGE HARRISON

Electronic Sounds (Apple, 1969)

GILA

Free Electric Sound (Second Battle, 1971)

GONG

Camembert Electrique (Spalax, 1971)
Radio Gnome Invisible, Part 1: The Flying Teapot (Spalax, 1973)
Radio Gnome Invisible, Part 2: Angel’s Egg (Virgin, 1973)
You (Virgin, 1974)

GROUNDHOGS

Thank Christ for the Bomb (BGO, 1970)
Split (BGO, 1971)

GRYPHON

Midnight Mushrumps (Canyon International, 1974)

GURU GURU

Känguru (Brain, 1972)

HANS-JOACHIM ROEDELIUS

Theater Works (Multimood, 1994)
Sinfonia Contempora No. 1 (Prudence, 1994)
La Nordica (Multimood, 1996)

HARALD WEISS

Die Anders Paradies (Gingko, 1995)

HARMONIA

Musik von Harmonia (Brain, 1974)
DeLuxe (Brain, 1975)

HATFIELD AND THE NORTH

Hatfield and the North (Virgin, 1973)

HAWKWIND

In Search of Space (EMI Premier, 1971)
Warrior on the Edge of Time (Dojo, 1975)
Levitation (Castle Communications, 1980)

HECTOR ZAZOU/BONI BIKAYE/CY 1

Noir et Blanc (Crammed, 1983)

HECTOR ZAZOU

Reivax au Bongo (Made to Measure, 1986)

HELDON

Un Rêve sans Conséquence Spéciale (Cuneiform, 1976)

HENRY COW

The Henry Cow Legend (East Side Digital, 1973)

HOLGER CZUKAY

Movies (EMI, 1979)
On the Way to the Peak of Normal (EMI-Electrola, 1980)

HOLGER HILLER

Ein Bündel Faulnis in der Grube (Mute, 1984) /
Oben im Eck (1986)

HOLLIES (THE)

Evolution (EMI, 1967)

HUGH HOPPER

1984 (Cuneiform, 1972)

HUMAN LEAGUE (THE)

Travelogue (Virgin, 1980)

ILDEFONSO AGUILAR

Erosión (No-CD, 1978)

INCREDIBLE STRING BAND (THE)

The Hangman’s Beautiful Daughter (Elektra, 1968)
Wee Tamm (Elektra, 1968)
The Big Huge (Elektra, 1968)
Changing Horses (hannibal, 1969)
Be Glad for the Song Has no Ending (Edsel, 1970)
Liquid Acrobat as Regards the Air (Island, 1971)

ISTVÁN MÁRTA

Támad Aszél (The Wind Rises) (Recommended, 1987)

JEFFERSON AIRPLANE

Surrealistic Pillow (RCA, 1967)
After Bathing at Baxter’s (RCA, 1967)
Crown of Creation (RCA, 1968)

JEFF GREINKE

Timbral Planes (Linden, 1987)

JESSAMINE

Another Fictionalized History (Histrionic, 1997)

JESSICA LAUREN

Film (M.E.L.T. 2000, 1999)

JETHRO TULL

Thick as a Brick (Chrysalis, 1972)
A Passion Play (Chrysalis, 1973)

JIMI HENDRIX

Electric Ladyland (MCA/Experience Hendrix, 1969)

JOCELYN ROBERT

La Théorie des Nerfs Creux (Ohm/Avatar, 1993)

JOHN & BEVERLY MARTYN

Stormbringer (Island, 1970)

JOHN CALE

Fear (Island, 1974)
Music for a New Society (FNAC, 1982)

JOHN GREEVES & PETER BLEGVAD

Kew. Rhone (Voiceprint, 1977)

JOHN MARTYN

Bless the Weather (Island, 1971)
Solid Air (Island, 1973)
Inside Out (Island, 1973)

JOHN MAYALL

Bare Wires (London, 1968)
Blues from Laurel Canyon (Deram, 1968)

JOHN SURMAN

The Amazing Adventures of Simon Simon (ECM, 1981)

JOHN ZORN

The Big Gundown (Icon, 1986)

JON HASSELL

Dream Theory in Malaya (Editions EG, 1981)
Aka, Darbari, Java Magic Realism (Editions EG, 1983)
City: Works of Fiction (Land, 1990)

JON HASSELL/BRIAN ENO

Fourth World, Vol. 1: Possible Musics (Editions EG, 1980)

JON HASSELL/FARAFINA

Flash of the Spirit (Intuition, 1988)

JONI MITCHELL

The Hissing of Summer Lawns (Asylum, 1975)

JORGE REYES

Mexican Music Prehispanic (Paramúsica, 1990)
Bajo el Sol Jaguar (No-CD, 1992)
El Costumbre (Lejos del Paraiso, 1993)

JORGE REYES & SUSO SAIZ

Cronicas de Castas (No-CD, 1991)

JULIAN COPE

20 Mothers (Echo, 1995)
Interpreter (Echo, 1996)

KALAHARI SURFERS

Volume 1: The Eighties (col. incl. Living in the Heart of the Beast (ReR, 1994)

KATE BUSH

The Dreaming (EMI, 1982)

KENNETH NEWBY

Ecology of Souls (Hearts of Space, 1994)

KEVIN AYERS

Joy of a Toy (BGO, 1970)
Shooting at the Moon (BGO, 1971)
The Confessions of Dr. Dream (BGO, 1974)

KING CRIMSON

In the Court of the Crimson King (Virgin, 1969)
In the Wake of Poseidon (Virgin, 1970)
Lizard (Virgin, 1970)
Islands (Virgin, 1971)
Larks’ Tongues in Aspic (Virgin EG, 1973)
Starless and Bible Black (EG, 1974)
Red (EG, 1974)

KINGDOM COME

Kingdom Come (Blueprint, 1972)
Journey (Voiceprint, 1973)

KINKS (THE)

Face to Face (Essential, 1966)
Something Else (Essential, 1967)
The Kinks are Village Green Preservation Society

JPP- “String Tease” (8/10) E
KATHRYN TICKELL- “The Northumberland Collection” – OP
KINKS- “Arthur or the Decline and Fall of the British Empire” (8/10)
KINKS- “Face to Face” (8/10) E
KINKS- “Something Else” (10/10) OP
KINKS- “The Kinks are the Village Green Preservation Society” (8/10) E
KINKS- “The Kinks, part 1: Lola versus Powerman and the Moneyground” (8/10) E
KISS MY JAZZ- “In the Lost Souls Convention”- (8/10)
KÖHN- “(Köhn)2”- (8/10) TTC – brain damage…
L. VOAG- “The Way Out”- (8/10) – Ananana
LA! NEU?- “Rembrandt” (8/10)
LA! NEU?- “Year of the Tiger”- (8/10)
LABRADFORD- “E Luxo So” (8/10) E
LABRADFORD- “Mi Media Naranja”- (8/10)
LADYTRON- “Ladytron” (7/10) AT
LISA GERMANO- “Slide”- (9/10) E
MAGMA- “Magma” (19/10) OP
MALICORNE- “L’Extraordinaire Tour de France d’Adélard Rousseau” (9/10) E
MALICORNE- “Le Bestiaire”- (9/10) – E
MARIA JOÃO & MÁRIO LAGINHA- “Lobos, Raposas e Coiotes”- (8/10)
MIKRON 64- “Sys 49152”- (7/10)
MILLADOIRO- “Auga de Maio”- (8/10)
MILLENNIUM- “Begin”- (9/10) E
MONO- “Formica Blues”- (8/10)
MONOCHROME SET- “Eligible Bachelore” (9/10) E
MONOCHROME SET- “Love Zombies” (9/10) E
MONOCHROME SET- “Strange Boutique” (8/10)
MOODY BLUES- “In search of the Lost Chord”- (9/10) E
MOONDOG- “H’art Songs”- (9/10) AT
MOONDOG- “In Europe”- (9/10) AT
MOONDOG- “Sax Pax for a Sax”- (8/10) AT
OSKAR SALA- “Elektronische Impressionen”- (8/10)
PALINCKX- “It’s a Frontal Dog”- (8/10) TTC rockrockrock
PAOLO CONTE- “Tournée 2”- (9/10) E
PASCAL COMELADE- “September Song”- (8/10)
PAUL McCARTNEY- “Run Devil Run”- (8/10) TTC, AT
PAUL SCHÜTZE- “Apart” (8/10)
PEETER VÄHI- “Supreme Silence”- (8/10) Aumzennnnnnnn… AT
PETER HAMMILL- “A Black Box”- (9/10) OP
PETER HAMMILL- “Chameleon in the Shadow of the Night”- (10/10) OP
PETER HAMMILL- “Enter K”- (8/10)
PETER HAMMILL- “In Camera”- (10/10) 3xOP
PETER HAMMILL- “None of the Above”- (9/10) E
PETER HAMMILL- “Over”- (9/10) E
PETER HAMMILL- “Ph 7”- (8/10) E
PETER HAMMILL- “The Future Now”- (9/10) OP
PETER HAMMILL- “The Silent Corner and the Empty…” (10/10) OP
PIERRE BASTIEN- “Musiques Paralloïdres”- (7/10)
PINK FLOYD- “Meddle” (8/10)
PINK FLOYD- “Wish You Were Here” (7/10)
PLUXUS- “Faz 2”- (7/10)
POLE- “Pole 2”- (7/10)
POTHOLE- “Dirty Picnic”- (7/10) AT jazzjazzjazz electro
PRESENT- “Nº6” (8/10) os mais antigos são melhores
PRETTY THINGS- “S.F. Sorrow”- (8/10) AT
PYROLATOR- “Wonderland” (70’s) (8/10) se encontrares em CD diz-me!
RED KRAYOLA- “Fingerpainting”- (8/10)
RICHARD PINHAS- “Iceland”- (8/10)
RICHARD THOMPSON- “I Want to See the Bright Lights Tonight” 10/10 OP
ROEDELIUS- “Jardin au Fou”- (8/10)
ROXY MUSIC- “Roxy Music”- (10/10) OP
ROXY MUSIC- “Stranded”- (10/10) OP
RUI JÚNIOR & O Ó QUE SOM TEM- “O Mundo Não Quer Acabar”- (8/10)
SAND- “Ultrasonic Seraphin”- (8/10) E, numa lista de krautrock
SATOR ROTAS- “Sator Rotas”- (8/10)
SCHNEIDER TM- “Moist”- (8/10)
SEVERED HEAD- “Clifford Darling Please Don’t Live in the Past” (9/10) – Não há em CD…
SHANNON WRIGHT- “**** Flightsafety”- (8/10)
SNAKEFINGER- “Chewing Hides the Sound”- (8/10)
SOFT MACHINE- “Third” (10/10) OP mas AT, jazz difícil com canções de 20m fabulosa de Robert Wyatt no meio
SOLAS- “The Words that Remain”- (9/10) E
SOUL CENTER- “Soul Center”- (8/10) E :))))))
STACKRIDGE- “The Man in the Bowler Hat”- (9/10) E, Beatles progressivos!
STEELEYE SPAN- “Below the Salt”- (9/10) E
STEELEYE SPAN- “Parcell of Rogues”- (8/10)
STEREOLAB- “Emperor Tomato Ketchup”- (8/10)
STEREOLAB- “The First of the Microbe” (8/10)
STEVE SHEHAN- “Safar” (9/10) E, mas num espírito de world/fusão
STRAWBS- “Grave New World”- (8/10) AT
SUSANA SEIVANE- “Susana Seivane c/Mário Z” (9/10) E
TALKING HEADS- “True Stories” (7/10)
TARWATER- “Animals, Suns & Atoms”- (7/10)
THE USER- “Symphony #1…”- (8/10) E
TRAFFIC- “John Barleycorn Must Die” (8/10) AT
TRAFFIC- “Mr. Fantasy”- (9/10) E
TRIO DE PATRICK BOUFFARD- “Rabaterie” (9/10) E
TRIO DE PATRICK BOUFFARD- “Revenant de Paris” (9/10) E
TUU- “Mesh”- (8/10)
TYRANNOSSAURUS REX- “Unicorn”- (8/10) AT
UI- “The Iron Apple”- (8/10)
VAN DYKE PARKS- “Song Cycle”- (9/10) E
VÁRIOS- “Portugal Deluxe, volume 2: Um Cocktail Swingante”- (8/10) TTC :)))
VÁRIOS- “Sonig”- (8/10) E
VÁRIOS- “The Beat Scene”- (8/10)
VÁRIOS- “The Psychedelic Scene”- (8/10) E
WIBUTEE- “Newborn Thing”- (7/10)
ZOMBIES- “Odessey and Oracle”- (10/10) OP

Saudações