Mão Morta Junta-se À Homenagem A Zeca Afonso
Filhos Desavindos
ERA PARA ser uma coisa pacífica. Quase uma reunião de amigos. Com copos e palmadinhas nas costas. Afinal, a conferência de imprensa dada antontem de tarde no Hotel Tivoli, em Lisboa, pela organização do espectáculo de homenagem a José Afonso pelos Filhos da Madrugada, agendado para dia 30 em Alvalade, acabou por provocar celeuma.
Ruben de Carvalho, elemento de Lisboa 94, e Manuel Faria, director artístico do projecto, divulgaram números e percentagens. O espectáculo começa às 20h30 e está previsto durar quatro horas. As dezanove bandas (incluindo os Mão Morta que, após posterior reunião do seu empresário, Vítor Silva, com Ruben de Carvalho, decidiram participar) reunidas sob a bandeira Filhos da Madrugada vão actuar sem interrupções segundo um alinhamento que não é o mesmo do disco. Sérgio Godinho, o único dos nomes presentes que não consta do álbum, vai actuar com os Sitiados. Cada banda interpretará o respectivo tema de José Afonso que tocou no disco mais composições próprias num total, flexível, de quinze minutos por actuação. O orçamento final, calculado já depois de confirmada a impossibilidade dos GNR actuarem em Alvalade, ronda os 12 mil contos, “incluindo a chamada margem de caçago” como referiu Ruben de Carvalho que classificou o espectáculo como “uma média-grande produção”.
Surgiu então a questão dos “cachets”. A edição da passada quarta-feira do suplemento PopRock do PÚBLICO alertara já para a existência de problemas. Adolfo Luxúria Canibal, vocalista dos Mão Morta, afirmou que a sua banda esteve sempre disponível para tocar com os Filhos da Madrugada: “Após uma votação interna decidimos fazer o espectáculo. O Mário Dimas [agente dos Mão Morta] comunicou-nos o ‘cachet’ que a organização nos propusera. Respondemos eu esse não era o nosso ‘cachet’ habitual para este tipo de espectáculos. O Mário Dimas disse-nos que a organização era perfeitamente intransigente nesse ponto.” Luxúria Canibal critica o critério de atribuição de “cachets” que, segundo ele, peca por “ausência total de objectividade” – exemplificando com o facto de haver “bandas” que tocam muito e recebem pouco e bandas que costumam receber ‘cachet’ alto e vão receber ‘cachet’ baixo, nada fazendo acreditar nos escalões propostos”. Escusando-se a divulgar os nomes das bandas incluídas no tal “primeiro escalão” com a justificação da “deontologia do meio e do trabalho”, Ruben de Carvalho salientou, porém, que o critério escolhido de atribuição de “cachets” obedece a uma evidência ditada por ninguém ou nenhuma entidade em especial mas pelas próprias leis de mercado”.
Mais grave foi a acusação de Luxúria Canibal de que “face à envergadura do investimento de Lisboa 94 e, sendo o espectáculo dos Filhos da Madrugada feito com dinheiros públicos, deveria ter havido um concurso público como manda a lei”. “Uma pessoa olha para o escalão de ‘cachets’ das bandas que vão tocar, diz o elemento dos Mão Morta, “e verifica que a Regiespectáculo, que organiza o concerto, faz também a representação de bandas. E que a maior parte das bandas da Regiespectáculo está incluída nos escalões superiores de atribuição de ‘cachets’.”
Ruben de Carvalho reagiu com violência ao que considerou como “insinuações graves”, referindo que sendo Lisboa 94 “uma entidade de direito privado de capitais públicos, nada a obriga a fazer concursos públicos. Mesmo a administração pública não é obrigada a fazer qualquer opção de compra de serviços de mercadoria exclusivamente por concurso público. Poderá fazê-lo de outras formas. Assim o entendeu Lisboa 94”.
Quanto aos Sitiados e aos Censurados, outras duas bandas “dissidentes”, os primeiros resolveram oferecer o seu “cachet” À Fundação José Afonso, enquanto os segundos, bem ora não concordando com os critérios de atribuição de “cachets”, vão tocar, segundo a sua representante, Ana Moitinho, apenas “porque vai ser a oportunidade de se despedirem do seu público, uma vez que a banda acabou”.
No meio de toda esta polémica ficou a sugestão feita por Ruben de Carvalho, para “as bandas todas se reunirem e dividirem o total dos ‘cachets’ equitativamente entre si”.
“Venham meus amigos, Não é demasiado tarde para partir em busca de um mundo novo, porque sempre tive o propósito de viajar para além do crepúsculo…”. Este extracto do poema “Ulysse”, de Alfred Lord Tennyson (1809-1883), impresso no interior da capa do disco de Cristina Branco, serve de legenda a um projecto de intenções que a cantora vem pondo em prática desde o início da sua carreira. “Ulisses” é mais uma viagem que parte do fado para chegar a um canto universal que tem na saudade a sua vela e a sua âncora. Cristina Branco nunca quis confinar-se à estrita condição de fadista. Isso seria limitar os seus sonhos, a inquietude da descoberta. “Ulisses” é um périplo por várias músicas, poesias, línguas e geografias.
“Sonhei que estava em Portugal”, tema de abertura, apresenta Cristina a cantar com sotaque brasileiro um poema de João de Barros. Logo a seguir, em “Alfonsina y el mar”, o idioma escolhido é o castelhano. O sentimento ultrapassa a formulação de estilos estratificados. É uma música que a cada nota parte em demanda de novos portos. “Sete pedaços de vento” é a primeira composição com a assinatura de Custódio Castelo, uma vez mais condutor musical do projecto. Imaculada é a versão de “Redondo vocábulo”, de José Afonso, servido por distinta impressão digital do piano de Ricardo Dias.
A surpresa surge com “A Case of You”, tema de Joni Mitchell. Será caso para supor que a portuguesa e a canadiana são irmãs espirituais. Cristina toca nos timbres, nas acentuações e nas ornamentações de Joni. Joga com as mesmas luzes e sombras. O caminho fica aberto a todas as ousadias.
Ricardo Dias e Vitorino criaram um ambiente que de início sugere Paredes, em “Navio Triste” e “Soneto” é uma nova apropriação da poesia de Camões, com sabor a música antiga e a Chico Buarque criado por Castelo. “Choro” é equilíbrio perfeito entre a guitarra portuguesa de Castelo e o piano de Dias em notável exemplo de nova MPP com raízes na tradição folk. Depois do castelhano e do inglês, o francês é utilizado por Cristina Branco para interpretar a “Liberté” de Paul Éluard, exercício Breliano, um tipo de energia por enquanto ainda afastada da sensibilidade da cantora. O “Cristal” de Vasco Graça Moura e Castelo é mais neo-folk-progressiva idealizada a grande altura, com sensual vocalização e “Porque me olhas assim” satisfaz as exigências da autoria de Fausto. Custódio Castelo cria sobre as palavras de David Mourão-Ferreira, Júlio Pomar e Alexandre O’Neill, respectivamente em “E Por Vezes”, “Meu amor corre-me o corpo” e numa “Gaivota” onde pela primeira vez a cantora assume o vocabulário e a postura fadistas. “Ulisses” fecha com um instrumental de Castelo. Chama-se “Fundos” mas tem a leveza da “new age” e, no final, a provocação de uma batida “drum ‘n’ bass”. A viagem não poderia afastar-se mais das convenções.
Cristina Branco chama-lhe um “encontro com o amor, desta vez um amor satisfeito e assumido”, e um toque de liberdade – “de escolher um itinerário próprio ao fim da vitória sobre tantas contrariedades”.
21.01.2005
No Smoking Orchestra – Maiores Do Que A Vida
A energia é a mesma dos filmes. Uma força de auto-defesa contra um mundo que pretende apagar as minorias. O que ouve é “punk” balcânico. O que se vê é circo. O que adivinha, uma “arte maior do que a vida”. Kusturica e a No Smoking Orchestra passaram por Lisboa como um vendaval.
Afinal de contas ninguém cometeu suicídio em palco durante o concerto da No Smoking Orchestra, segunda-feira, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, como o cantor da banda, Dr. Nele Karajilic, admitira. O niilismo punk que rodeia como uma auréola esta orquestra que Dr. Nele fundou em 1980 funciona hoje como um rótulo de provocação perfeitamente civilizada que tem tudo de espectáculo de circo mas onde não ficaram perdidas de vistas as intenções intervencionistas que estiveram na sua origem.
A energia é física, contagiante, mas a sensação de perigo está ausente. Ou talvez esteja disfarçada.
A fúria balcânica continua a animar os gestos e os sons desta pequena orquestra que hoje se apresenta nos palcos de todo o mundo como um fenómeno da moda onde milita uma “movie star”, de seu nome Emir Kusturica, o realizador politicamente desalinhado que toca guitarra no grupo como “forma de terapia”. A energia, essa, diz Kusturica, é a mesma que utilizou para filmar “O Tempo dos Ciganos” (1988), “Underground” (1995), “Gato Preto, Gato Branco” (1998) ou “A Vida é um Milagre” (2004) – os dois últimos com banda sonora da No Smoking Orchestra, que substituiu Goran Bregovic como comparsa musical do cineasta
Dr. Nele Tem Unza Unza No Sangue
Em palco, no concerto lisboeta que marcou o encerramento da “Life os a Miracle Tour”, Emir Kusturica é um dos mais calmos. “Sou o mais velho da banda, um old punker (risos)”, reconhece ao Y, com um sorriso cansado, nos bastidores da velha sala de Santo Antão, após o concerto. De tarde, durante os ensaios, ainda ostentava a barba que era uma das suas imagens de marca. À noite, porém, o rosto bem escanhoado dá-lhe uma outra aparência, rejuvenescida, do “guitar hero” que nunca quis ser, embora “the show must go on” e também ele se entregue de alma e coração a encenações que pouco têm a ver com a música, mas que têm o condão de excitar ainda mais a multidão. Como fazer par com o violinista, “o juiz”, e obrigar a sua guitarra a ranger contra uma corda estrategicamente esticada no ar.
Dr. Nele Karajilic é a antítese de Kusturica, o cromo irrequieto que enverga uma colorida camisa justa com estampado Rorschach e não pára um minuto quieto no palco ou nos banhos de multidão a que se entrega durante o espectáculo. Karajilic é a bomba-relógio prestes a explodir, o propagandista de megafone e o apresentador de serviço que cita Frank Zappa e grita de cinco em cinco minutos, em português, a palavra “obrigado”, só porque a vogal aberta “o” lhe parece quase comestível e porque pode ser pronunciada durante bastante tempo. “Ooooooooobrigado!”. Dr. Nele tem indubitavelmente “unza unza” no sangue, o remédio musical que a No Smoking Orchestra garante fazer aumentar no organismo a proteína do amor.
Terminada o concerto, ao contrário de Kusturica que parece prostrado, Dr. Nele continua eufórico. “Lisboa apresentou uma das melhores audiências que alguma vez tivemos! E o lugar é fantástico, a arquitectura parece do período shakespeareano, até por isso foi engraçado tocarmos aqui ‘Romeu e Julieta’”. A Julieta em questão foi encontrada entre a assistência, num dos camarotes laterais do Coliseu. “Julieta” foi apenas uma das várias espontâneas que num ou noutro momento do concerto deram corpo adicional à folia do grupo. Dr. Nele não esconde, aliás, o gosto em ver-se rodeado de “groupies”, habituais nos espectáculos da banda. “Aparecem sempre, umas vezes melhores, outras piores”, ria-se – “são como ‘cheerleaders’”, as raparigas contratadas para animarem alguns espectáculos desportivos. “Eu sou o chefe das ‘cheerleaders’”.
Apetece questionar de onde vem esta entrega quase sôfrega ao espectáculo desbragado… Dr. Nele é peremptório: “Isso terá que perguntar à minha mãe”. Como combustíveis garante que apenas se socorre “do vinho e da cerveja”.
Uma digressão como “Life is a Miracle Tour” já não é como as dos primeiros tempos em que o grupo andava “dois e três meses na estrada, sem parar”. “Chegávamos ao fim, parecíamos máquinas”. Hoje a orquestra faz dez espectáculos por mês, mas aproveita-os bem, mesmo que às vezes nem sequer fixem os nomes das cidades por onde passam. O de Lisboa certamente que não o vão esquecer. “É uma sala perfeita, gosto de sentir a assistência perto de mim, mais de um ou dois metros já é demais”.
Durante duas horas Dr. Nele Karajilic foi o compère de uma cerimónia tresloucada. Como as personagens dos filmes de Kusturica, os músicos personificam gente tão incontrolável como a vida. É o gosto pelo exagero, pela ilusão (os truques de ilusionismo com que a Orchestra enfeita os seus “shows”), pela metamorfose contínua e inadiável. Há um saxofonista que sopra no limite do paroxismo para logo a seguir se aquietar sob melífluas melodias de casino. Há uma gigantesca tuba enrolada em torno de um homem que persegue e dispara sobre Dr. Nele. Há um baterista sulfúrico que não é o habitual (o habitual, Stribor Kusturica, filho do cineasta, ficou em casa, aleijado num braço), um acordeonista compenetrado e há, é claro, o homem vestido de escuro e sem o brilho Rorschach do vocalista, para onde todos os olhos se voltam constantemente numa devoção não dissimulada. Ali está ele, Emir Kusturica, que trocou o baixo pela guitarra eléctrica, levando muito a sério o seu segundo papel, de rocker.
Tudo somado e em corrupio sem pausas, a música, a encenação, o humor, os truques e até algum dramatismo têm o colorido gordo do “maior que a realidade”. O mesmo realismo fantástico, ou melhor, o mesmo fantástico realista que Kusturica filma e que Fellini já filmava antes dele. Logo de início, numa das primeiras canções, Dr. Nele, afogado nos braços da multidão, grita, “umas vezes é em cima, outras é em baixo, umas vezes é o paraíso, outras o inferno”. As palavras mal se ouvem numa montanha-russa onde cabe um pouco de tudo. A vida, com os seus altos e baixos, as suas personagens humanas que buscam o amor e a felicidade, por mais escondidos que estejam, estão aqui presentes numa mini-fábula que ofusca na superfície.
“Isto é maior do que a vida”, garante Dr. Nele. “Isto” são duas horas de espectáculo da No Smoking Orchestra que contagiam por completo, mais do que não seja pelo movimento e o bulício, o público. “Tenho a certeza de que a minha mulher não ficaria satisfeita ao ouvir-me dizer isto, mas a música é, realmente, mais importante do que tudo o resto, mais importante até do que a família, tenho muita pena, mas é assim. A “Life is a Miracle Tour” terminou mas o merecido descanso será sol de pouca dura. Já em Fevereiro iniciar-se-á nova digressão que levará a No Smoking Orchestra a Israel, América do Sul, Letónia, Estónia e Lituânia, França e Japão.
Para os membros da banda, são muitos dias vividos juntos na estrada. Tão excitantes como os concertos? Nem por isso. “São chatos!”. Lá está a vida real a espreitar e sem, como nos filmes, o milagre da alegria para oferecer. “Mas adoro viajar, é aliás uma das coisas melhores que há em ser-se músico”. Dr. Nele já ultrapassou os 40 anos mas evidencia a vitalidade de um garoto. As tropelias de palco são inevitáveis. “Não consigo agir de outra maneira, uma vez punk, punk para sempre!”. Apesar de punk, não é um troglodita, não se escusando a fazer mais um número, o da cortesia, em resposta às solicitações da comitiva VIP da embaixada da Sérvia e Montenegro que no final veio cumprimentar a banda aos camarins…
No Pequeno Mundo De Emir
Alguns metros a seu lado, em silêncio e pouco dado a conversações, Emir Kusturica largara finalmente a guitarra que raramente desatara da cintura. Tem fama de fugir aos jornalistas e um jeito especial de voltar as costas sempre que lhe apontam uma câmara fotográfica. Mas agora que tudo está consumado, a timidez ou o receio abrem uma brecha. Parece esgotado. A energia que pusera na sua actuação eléctrica é a mesma que ilumina os seus filmes? “Absolutamente!”, responde. E a música, “desenhada exactamente da mesma maneira” que os filmes – “um ponto de cruzamento de muitos estilos diferentes, disciplinado por um pulso e uma dinâmica muito firmes, dinâmica e tempos que absorvem muitos dos estilos e a história da região dos Balcãs. Belgrado não é como Londres, é uma cidade onde se cruzam vários ventos”, explica.
Kusturica aproveita ao máximo o prazer que lhe proporciona tocar ao vivo para uma multidão – o prazer da “troca” e da “comunicação”. Uma comunicação “bem disposta”, como “alguém que viaja num comboio e sem travões – uma maravilha!”. Também para o cineasta a arte é bem maior do que a vida, onde o “estilo tem que ser o de lutar por uma identidade própria”.
“Porque sentimos a pressão do grande mundo e que estamos em risco de a perder. A pressão que se faz sentir no modo como estão a destruir as pequenas nações e culturas locais”.
Em momento algum, mesmo quando o circo das aparências deixa pouco mais para ser visto, Kusturica abandona uma perspectiva política. Algo de absoluto de que não prescinde. Mas os jovens que do outro lado pulam e vibram e riem quando “o juiz” toca violino com ar sisudo, envergando um vestido de mulher, estarão suficientemente atentos ao essencial para compreender a mensagem? É uma questão de tempo. “Se não estão, acabarão por aprender”.
Kusturica – que abandonou Sarajevo, onde nasceu, para se instalar em Belgrado, atraindo deste modo ainda mais a antipatia do governo bósnio – continuará a tocar com a No Smoking Orchestra, “de vez em quando”, principalmente nas “cidades grandes”. É uma honra para mim poder continuar a pertencer a este mundo de defesa de uma identidade própria, um mundo protegido”. Mas é numa cidade pequena e ideal que ele próprio construiu para albergar a produção de “A Vida é um Milagre” que a vida decorre como um conto de fadas, imune às pressões do “grande mundo”. Em Küstendorf, completa com uma igreja e uma escola, não existe perseguição nem separação. É nesta cidade-paraíso construída de raiz que Kusturica – bósnio de origem muçulmana que durante a guerra nunca escondeu a sua simpatia pelo lado sérvio, a favor de uma Jugoslávia unificada – se defende das agressões exteriores.
Para trás ficou a colaboração com Goran Bregovic, que assinara as primeiras bandas sonoras. “Foi uma amizade que ficou exausta”. Com a No Smoking Orchestra, para onde ele próprio compõe alguma da música, é “fácil” trabalhar. “Assobiamos, tocamos frases, juntamos tudo, fazemos as correcções e vamos para o estúdio. É um bom trabalho”. E sempre sem o receio de exagerar. “Se queremos que a arte seja de facto maior que a vida, tem que ser assim”. No fim de contas, diz, a sua arte, além de auto-defesa e campo de preservação, pretende ser “terapêutica”. Para o público e para si. Bastam algumas gotas de “unza unza” por dia para fazer um homem feliz.