King Crimson – “Sleepless – The Concise King Crimson”

pop rock >> quarta-feira, 06.10.1993
REEDIÇÕES


King Crimson
Sleepless – The Concise King Crimson
Virgin, distri. EMI VC



Nova colectânea do rei carmesim, numa linha de intermináveis registos com que Robert Fripp se propõe eternizar a memória dos King Crimson, uma das bandas seminais dos anos 70, que teve segunda vida, revista e adaptada, nos anos 80. “Sleepless”, como diz o subtítulo, serve de catálogo para a obra monumental que está guardada na caixa quádrupla “The Essential King Crimson”, editada há dois anos em Portugal (há outra edição quádrupla, “The Great Deceiver”, reunindo registos ao vivo), e inclui temas recolhidos de todos os álbuns da banda, à excepção de “Lizard”, que, pessoalmente, consideramos ser o seu melhor, mas que Fripp parece menosprezar, talvez com verginha da sua faceta mais sinfónica ou da presença, neste disco, de um convidado que se move em planos opostos aos seus, Jon Anderson.
Seja como for, aqui aparecem, em “re-masters” que Fripp considera como sendo as “edições definitivas”, temas como “21st century schizoid man”, “Epitaph”, “In the court of the crimson king”, “Cat food”, um excerto de “Starless”, “Red”, “Fallen angel” e os mais recentes “Elephant talk”, “Frame by frame”, “Three of a perfect pair” e “Sleepless”, entre outros. Uma boa amostra da estética de uma banda que avançou contra as correntes dominantes da música progressiva. (8)

Police – “Message In A Box: The Complete Recordings”

pop rock >> quarta-feira, 06.10.1993
REEDIÇÕES


PODER DE ENCAIXE

POLICE
Message In A Box: The Complete Recordings
4xCD A&M, distri. Polygram



A saga das caixas parece não ter fim. É o “ai Jesus” actual das editoras, que descobriram a melhor maneira de reciclar produto antigo. Trata-se, neste caso, de encaixar, variando oo formato e a decoração da caixa e metendo lá dentro mais ou menos palha, embrulhada em livrets luxuosos onde vem contada a “história toda” do(s) artista(s) em caixa, quer dizer, em causa. “Message in a box”, contudo, vem com tudo. Nada de palha, só o essencial dos Police, o grupo de sabidos que na explosão de 76 se fez passar por “punk”. E o essencial é neste caixo – apre! – caso, toda, mas mesmo toda, a discografia da banda, mais alguns trocados. O que significa que a mensagem inclui a totalidade dos álbuns “Outlands d’Amour” (1978), “Regatta de Blanc” (1979, que elegemos como o expoente mais alto da banda), Zenyatta Mondatta” (1980), “Ghost in the Machine” (1981) e “Synchronicity” (1983). O material adicional consta de vários lados “B” de “singles”, como “Dead end job”, “Visions of the night” e “Flexible strategies”, temas ao vivo como “Tea in the Sahara”, “Landlord” e “Next to you”, e ainda os instrumentais “How stupid Mr. Bates” e “A kind of loving”, extraídos da banda sonora de Sting. “Brimstone and Treacle”. O formato da caixa é atraente: um livro encadernado ilustrado na capa com o emblema da esquadra de polícia onde trabalharam, à paisana, os três rapazes: Sting, Andy Summers e Stewart Copleand. Depois, sabe-se o que aconteceu quando abriram o livro: deram uma cabazada a concorrência que ainda andava às voltas para aprender a afinar uma guitarra, enquanto eles traziam já na bagagem anos de treino com Zoot Sims, Eric Burdon, Soft Machine, Kevin Ayers (Andy Summers), Curved Air (Stewart Copeland) e Last Exit (Sting) e ideias firmes quanto ao caminho a seguir. Se formos nós a abrir o livro, temos literatura de sobra com que nos entreter, em 65 páginas de texto assinadas por Phil Sutcliffe, com cheirinho a novo, e muitas fotografias, cronologia, capas de discos, postais, cartazes, bilhetes e toda a espécie de quinquilharia que ajuda a encher este género de embalagens e que os fãs indefectíveis vão ler de ponta a ponta. Quanto a nós contentámo-nos com a audição da música: uma síntese explosiva de pop minimal, jazz e reggae traficado, servidos por três excelentes intérpretes e que produziu alguns dos grandes temas da música popular dos últimos anos, do género dos que todos trauteiam: Message in a bottle”, “Can’t stand losing you”, “Bring on the night”, “Walking on the moon” (trauteia-se menos), “Don’t stand so close to me”, “Spirits in the material world”, “Every little thing she does is magic”, “Invisible sun” (trauteiem lá!) e “Every breath you take”, só para citar os mais conhecidos. “Message in a box” satisfaz toda a gente. Para uns é dinheiro em caixa. Para muitos a caixa-forte da melhor polícia do mundo. Tudo por uma boa causa. Por uma boa caixa. (8)

Luétiga – “La Ultima Cajiga” + Urbália Rurana – “A La Banda De Migjorn”

pop rock >> quarta-feira, 06.10.1993


Luétiga
La Ultima Cajiga
Several, distri. MC – Mundo da Canção



Espanha, número um. Região: Cantábria, entre as Astúrias e Navarra. Os Luetiga são cinco, formaram-se em Torrelavega e têm preocupações ecológicas relativas à extinção das matas e bosques das montanhas desta região. Em “La Ultima Cajiga” (“coruja”, na localidade de Liebána( fizeram um levantamente instrumental da música tradicional cantábrica, afastando o preconceito que pretendia reduzí-la aos pífaros e tambores. Viajaram, descobriram e recuperaram a dulçaina, o clarinete, a “gaita”, o violino… “La Ultima Cajiga” é doce e escura. Ao redor de uma fogueira ouve-se o som das folhas que o vento afaga, em “Zorromocu”, e das ondas do mar, murmurando na “Danza de San Roman”. (7)


Urbália Rurana
A La Banda De Migjorn
Tram, distri. Etnia

Espanha, número dois. Os Urbália Rurana estiveram nos “Encontros Musicais da Tradição Europeia” deste ano e foram uma desilusão. O disco – “hélas”! – é magnífico. Nem parece o mesmo grupo com som sofisticado, variedade de reportório e na maneira diversificada de pegar em cada tema e competência instrumental, “A la Banda de Migjorn” vai desde as polifonias vocais de “Cant per la de l’u” e “Al pont de Mirabel” (tradição occitana, fazendo recordar os Perlinpinpin Folc) ao andamento medieval de “Sant Anton ermitá”, com passagem pela sensualidade árabe de “El cavall blanc” e por um tradicional húngaro aprendido com os Kolinda (“Pur de cor”). (8)

Espanha, número três. São vários oso discos de música tradicional espanhola que recentemente invadiram os escaparates nacionais da especialidade. De qualidade variável, para além dos dois exemplos acima criticados, há a destacar “Canciones Toreras Tradicionales d’Espana e América” (Olé!), dos La Bazanca em conjunto com a banda peruana Alturas, num trabalho de reconstituição e recuperação de temas tradicionais ligados ao toreio, e “Cerele de Gal-la”, folia de danças passada em revista pelos Clau de Lluna. À curiosidade de cada um ficam outros nomes disponíveis: Candeal, Leixapren, Aljibe, Jaraiz, El Pajar, Llares, Hato de Foces…