Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #117 – “This Heat (Pedro Gomes)”

#117 – “This Heat (Pedro Gomes)”

Fernando Magalhães
19.06.2002 170548
Os THIS HEAT são, além dos CLUSTER, dos CAN, dos NEU!, dos HELDON e dos SEVERED HEADS, provavelmente a banda que mais influenciou – ou antecipou! – o pós-rock. É curioso o facto da sua música juntar alguma da estética anterior do RIO (Rock in Opposition, ligado à Recommended) com a música industrial e a eletrónica “rough” de uns Cabaret Voltaire.
A diferença está em que CHARLES HEYWARD, o mentor do grupo, é um tipo com uma imensa cultura musical, cujo passado, como músico, entronca no rock progressivo (fez parte de uma banda de que não me lembro agora o nome).

Já agora, que disco é que ouviste, o primeiro, “This Heat” ou o seguinte, “Deceit”? São algo diferentes entre si. Mais fragmentário, acutilante e metálico o primeiro. Mais elaborado e construído em torno de “canções”, o segundo.

Como complemento aos THIS HEAT, o passo seguinte é ouvir os THE CAMBERWELL NOW (“The Ghost Trade”), numa vertente mais rock mas não menos imaginativa e poderosa, ou o disco de estreia a solo do C. Heyward, “Survive the Gesture”.

FM

Joan Armatrading – “The Very Best Of…”

Pop-Rock / Quarta-Feira, 17.04.1991 – Colectâneas e Reedições


JOAN ARMATRADING
The Very Best Of…
LP e CD, A&M, distri. Polygram



Joan Armatrading pertence àquela categoria desmoralizadora das eternas candidatas à primeira divisão dos compositores / intérpretes, a quem sempre faltou apenas o definitivo golpe de asa para se elevarem ao cume do estrelato. Os discos chegam, esforçados, ao Top, mas sem lograrem atingir os lugares cimeiros. Mesmo assim. “The Key” ainda conseguiu à justa chegar ao número dez. A presente colectânea abrange o período compreendido entre 1976 e 1988 e os álbuns “Joan Armatrading” (1976), “Show Some Emotion” (1977), “To The Limit” (1978), “Me Myself” (1980), “Walk Under Ladders” (1981), “The Key” (1983) e “The Shouting Stage” (1988), para além de uma remistura, já deste ano, de “Love and Affection”. Movendo-se à vontade entre géneros díspares (“gospel”, rock ou baladas FM), a voz de Joan Armatrading todos confere um toque pessoal, que infelizmente não chega para voos de maior altitude.
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Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #116 – “BRASIL e GALIZA () Dois grandes álbuns (FM)”

#116 – “BRASIL e GALIZA () Dois grandes álbuns (FM)”

Fernando Magalhães
19.06.2002 170522
Ouvidos ontem, ambos me deixaram entusiasmado.

Do Brasil:

FRANCIS HIME: Choro Rasgado (ed. Biscoito Fino)
Classicismo do mais puro. Bossa-nova, samba, choro. Uma tristeza belíssima, a contrastar com os dias de sol que atravessamos. Instrumentais complexos (entre o ambiente dos “Dias da Rádio” e algumas das equações Recommened – a sério!) alternam com canções de uma delicadeza extrema, do agrado decerto, dos apreciadores de Tom Jobim ou João Gilberto.

Da Galiza (creio eu, embora o texto da capa não esteja escrito em galego, são muiñeiras, mas também uma quantidade de composições assinadas pelo próprio…):

FLAVIO BENITO: Mara (ed. Fonomusic)
Um novo portento da gaita-de-foles, capaz de fazer frente a Carlos Nuñez, Budiño, Bieito Romero, etc…
Benito é um inovador, tocando em escalas pouco habituais e com um fraseado também muito “sui generis”. As canções, vocalizadas por uma cantora (ainda não me dei ao trabalho de ver o seu nome…), também são muito boas. Escreverei em breve sobre este álbum, um “must” caído de surpresa no panorama folk deste ano.

FM