Arquivo mensal: Maio 2025

Jorge Rocha e as Lipstick – “De Vila De Marmeleira A Cavalões”

pop rock >> quarta-feira >> 03.08.1994


De Vila De Marmeleira A Cavalões


“’Sexy’s’ – quentes – electrizantes – espectaculares!”, é assim que Jorge Rocha e as suas Lipsticks anunciam o novo visual. “Sensualidade, carisma, êxtase, loucura, música e ‘performance’”, continuam a ser as palavras de ordem, agora aumentadas com a “criatividade” e “choque”. Nucha (a loira) e Cristina (a morena) são os braços direitos, as pernas e outros apêndices fisiológicos de Jorge Rocha, o “Prince português”. Por onde passam, ele e elas provocam o “delírio”. “Totalmente identificados com os padrões europeus e americanos”, Jorge Rocha e as duas meninas continuam “marcando pontos na procura da diferença, do modernismo e do amanhã com a coragem, capacidade e talento que caracterizam a irreverência do grupo”.
Na foto, de baixo, pode ver-se a banda a marcar pontos. Com a moto e os novos visuais, “inspirados me modelos ‘made in USA’, com materiais em vinil (PVC) e couro”, cuja “concepção e imaginação” pertencem a Jorge Rocha em colaboração, na “produção dos visuais”, com o estilista Sérgio Antunes, do Porto. A propósito, está certo que a moto se pode considerar um símbolo fálico mas também não é preciso exagerar.
Jorge Rocha e as Lipstick encontram-se em plena “World Tour/94” de cujo calendário fazem parte concertos em A-Ver-o-Mar (6 de Agosto), Baleizão (7), Vila de Marmeleira (13), Barco (14), Cavalões (20), Vila Mar (22), Gala Top Model Internacional, Casino da Figueira da Foz (27), Sardoal (29), Festa das Vindimas, Palmela (1 de Setembro), Discoteca Efundula, Pêro Pinheiro (2 e 3) e Santarém (10).
Um único objectivo, como eles próprios apregoam: “Devorar Portugal!”

Vai de Roda – “Vai De Roda À Galiza” (concertos | notícia)

pop rock >> quarta-feira >> 03.08.1994


Vai De Roda À Galiza

Em rodagem de preparação para o seu novo e muito ansiado novo álbum, cuja edição se prevê para breve, os Vai de Roda, de Tentúgal, vão dar dois espectáculos na Galiza, nos próximos dias 5 e 6 de Agosto, em O Couto (Ponte Ceso) e Zás, na província de A Corunha. Um regresso às verdes terras do Norte depois da minidigressão que so Vai de Roda realizaram na Primavera e os levou a Santiago de Compostela e a O Porrinho. O primeiro concerto, uma iniciativa da Asociación Cultural Monte Blanco, contará unicamente com o grupo português, enquanto em Zás, organizado pela Asociación Cultural Castro Meda e integrado nas Festas da Carballeira, o programa será partilhado pela banda de Tentúgal com os Battlefield Band, da Escócia, e Raparigos, da Galiza.
Também em Agosto, os Vai de Roda deslocam-se a Castela para um concerto, dia 29, em Valladolid. Nestes concertos, a banda portuense apresentará temas do seu último trabalho discográfico, “Terreiro das Bruxas”, bem como composições já do seu próximo disco.
A actual formação dos Vai de Roda é constituída por Tentúgal (voz, sanfona, flautas e percussões), Abílio Santos (voz, braguesa, “cuatro” e harmónica), Cristina Martins (teclados), Jorge Lira (gaita-de-foles e flautas), Eduardo Coelho (guitarras acústica e portuguesa), Sérgio Ferreira (violino), Helena Soares (acordeão). Ana Pinheiro é a vocalista convidada nos espectáculos em Espanha.

U Omãi Qe Dava Pulus – “U Omãi Qe Dava Pulus”

pop rock >> quarta-feira >> 03.08.1994


U Omãi Qe Dava Pulus
U Omãi Qe Dava Pulus
Edição de Autor



Ninguém liga às correntes alternativas do rock nacional. U Omãi Qe Dava Pulus andou em vão a bater de porta em porta pelas editoras. Um “omãi” não é de ferro e a banda viu-se forçada à edição de autor da ordem. O disco inscreve-se numa linha com poucos cultores no nosso país, uma derivação fonético-nacionalista dos King Crimson com as guitarras de Tozé Chaparreiro e Rui Galveias a transbordarem ácido e disciplina, de acordo com as directivas de Robert Fripp, do período “small is Beautiful” encetado com “discipline”. O elemento de novidade dos Omãi reside no delírio das palavras, exercícios alucinatórios de escrita automática que dão estranhos sentidos a temas como “Arame farpado” (“Usa trajos ultra tempo/realeja o dia inteiro/baboseiras para bimbos/casse-têtas e ovos cocos”), “Heavy Chapa” (“latão de arestas cortantes / ponta de carne sem tesão / entre as pernas da virgem / relevante autópsia do invisível / com merda sinos e violinos”) ou “Os telim-telões” (“o telim-telão redondo / telim-tila cintilante / no bondoso mapa-mundo / o erro mallarmeano / telim-tila cintilante”). Só é pena que as vocalizações não saibam muito bem o que fazer da significância outra destas palavras, ficando-se por um registo monocórdico e por vezes deslocado, que acaba por dar a incómoda sensação de a obscuridade das letras não passar afinal de um jogo gratuito. Destaque ainda, num disco que uma companhia como a Rec Rec talvez não desdenhasse, para a excelente prestação no saxofone de Rui Cardoso, um veterano a quem urge fazer justiça. (6)