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Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #67 – “les inrockuptibles destaca quinze alemães (Vítor Junqueira)”

#67 – “les inrockuptibles destaca quinze alemães (Vítor Junqueira)”

Vítor Junqueira
25.01.2002 121244
A revista francesa destacou nesta última edição quinze grupos alemães. A saber:

•AMON DÜÜL
[FM, eles chamam a atenção para a primeira encarnação dos Amon Düül, embora depois tb refiram o Phallus Dei e o Yeti, dos AD II]

•ASH RA TEMPEL

•CAN

•CLUSTER

•D.A.F.
[Tenho lá um álbum deles, mas não lhe atribuo, hoje, grande piada… queria era ter o que tem o “Dance The Mussolini”]

•EINSTÜRZENDE NEUBAUTEN

•FAUST

•HARMONIA
[Caramba… destes gajos é que tenho de arranjar coisas…]

•KRAFTWERK

•LA DÜSSELDORF

•NEU!

•POPOL VUH

•TANGERINE DREAM

•XHOL CARAVAN
[estes não conhecia… free jazz? rock cósmico?]

•YATHA SIDHRA

Fernando Magalhães
25.01.2002 160440
Chamaste? 🙂

•AMON DÜÜL
Mas os Amon Duul I são uma freakalhada infernal. Os tipos não sabiam tocar, passavam o tempo a charrar a tocar bongos e a fornicar indiscriminadamente e os álbuns refletem tudo isto. Claro, há quem ache o som muito “free” e anarca e tudo isso mas eu passo. Apenas tenho um álbum deles.

•ASH RA TEMPEL – a banda de space rock alemã por excelência, com o guitarrista e sintetista MANUEL GOTTSCHING aos comandos. Gravaram com o próprio Timothy Leary (“Seven-Up”), as suas desbundas de ácido + gravação de discos em simultâneo fizeram história em Berlim, na primeira metade dos anos 70.
Ainda mais “out” eram as sessões com os COSMIC JOKERS, do qual faziam parte também o Klaus Schulze e o Harald Grosskopf, dos Wallenstein… Também gravaram com um místico suíço que vivia nas montanhas (sempre tudo alimentado a LSD…), chamado SERGIUS GLOWIN e com um cigano/poeta/designer de um tarot, o WALTER WEGMULLER. Álbuns clássicos (mas altamente desbundantes e desconcertantes onde se misturava tudo, rock & roll, kosmischmuzik, improvisação, spoken word…) do krautrock.

•HARMONIA
Eram os CLUSTER + o MICHAEL ROTHER, dos primeiros NEU!. Gravaram discos clássicos (10/10): “Muzik von Harmonia” e “DeLuxe”. recentemente saiu “Tracks & Traces” que recupera sessões originais com o BRIAN ENO.

•LA DÜSSELDORF – motorikamotorikamotorika + …música romântica alpina (Richard Clayderman!!!) – ou se ama ou se detesta. O 1º álbum é o melhor. O projeto – de Klaus Dinger e Thomas Dinger, os dois irmãos dos NEU!, estendeu-se pelos anos 90 com a nova designação de La! Neu?

•POPOL VUH – o grupo do pianista FLORIAN FRICKE. os primeiros álbuns, sobretudo a estreia, “Affenstunde”, é eletrónica pura e bruta, um marco da música cósmica alemã. A partir daí o tipo enveredou por um misticismo de raiz egípcia/cristã (!!!), abandonou os sintetizadores e passou a tocar exclusivamente piano, de uma forma despojada mas sem dúvida de onde se desprende uma religiosidade indiscutível.
“In den Garten Pharaos”, o 2′ álbum ainda tem eletrónica e é um álbum também tido como clássico. A trip proporcionada por esta combinação de Moog + gongos mágicos + piano elétrico + órgão de igreja pode ser perigosa. Dos álbuns místicos há muito por onde escolher mas são um bocado um “acquired taste”. “Hosianna Mantra” pode soar sublime…

•XHOL CARAVAN
Desbunda jazz etno-cósmica. E psicadelismo, claro, sobretudo no primeiro álbum.

•YATHA SIDHRA – Gravaram apenas “A Meditation Mass”, um dos álbuns mais planantes e Zen do krautrock. É uma longa suite em movimentos, de amplas ondas cósmicas, nem sempre muito bem tocado mas com uma aura única. Sintetizadores o mais cósmico possível, guitarras e piano elétrico, mellotron, percussões, cânticos Ohm pedrados e vibrafone em estado de suspensão mágica.

os outros grupos são por demais conhecidos, daí não tecer sobre eles quaisquer considerações.

saudações kraut

FM

D.A.F. – Alles Ist Gud

17.09.1999
Reedições
Sex Machine
D.A.F.
Die Kleinen Und Die Bösen (6)
Alles Ist Gud (7)
Gold Und Liebe (8)
Für Immer (7)
Mute, import. Symbiose

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LINK

Disciplina. Suor. Sexo. Três palavras-chave para definer a música e a atitude dos D.A.F. (Deutsch-Amerikanische Freundschaff, Associação de Amizada Lemanha-América…), banda germânica que no início dos anos 80 misturou o krautrock, a batida disco, a confrontação punk e o inferno industrial, antecipando a estética “electronic body music” dos Front 242 ou Nitzer Ebb. Os D.A.F. eram, essencialmente, um duo formado pelo teclista-maquinista Robert Görl (ex-Der Plan) e o vocalista-gigolo espanhol Gabi Delgado-Lopez. Encontraram-se em Düsseldorf, capital da moda e da vanguarda… O primeiro usava os sintetizadores e caixas de ritmo como instrumentos de punição. O segundo alternava gemidos de prazer erótico com slogans políticos provocatórios ou exortações do sargento aos seus recrutas. Vestiam-se de cabedal negro ou posavam em tronco nu, segundo a estética dos clubes gay de Nova-Iorque que recuperaram com um acentuado gosto pelo Sado-masoquismo.
Depois de um primeiro álbum, editado ainda em 1979, com o selo Warning (mais tarde Atatak, dos Der Plan e Pyrolator) e o título “Ein Produkt der Deutsch-Amerikanische Freundschaff”, marcado por bandas do krautrock como os Can e Amon Düül II, embora num contexto punk, os D.A.F. enveredaram no trabalho seguinte, “Die Kleinen und die Bösen” por uma veia industrial de cariz anarquista, soando a uns Einsturzende Neubauten infectados pela urgência da new-wave. Metade do disco foi gravado ao vivo no clube Electric Ballroom, em Londres, mas se o suor escorria em quantidades alarmantes dos corpos destes operários do metal, era, contudo na outra metade, feita em estúdio, que a banda dava mostras de uma disciplina e um grau de experimentação com a marca inconfundível do produtor-guru Conny Plank (sem ele o krautrock teria existido?).
Já reduzidos ao duo Görl/Delgado os D.A.F. partiriam em seguida para uma trilogia que os elevou a níveis de popularidade nunca antes atingidos por um grupo alemão dentro do seu país. “Alles Ist Gut”, de 1981, ostentava a sonoridade que se manteria até à extinção: batidas electrónicas marciais (leia-se binárias, como botas cardadas que serviam para disciplinar as onomatopeias sexuais e as palavras de ordem cuspidas por Delgado. A ironia iludiu alguns que tomaram no sentido literal aquele que se tornaria o hino escandaloso do grupo: “Der Mussolini”. Nazismo pronto a dançar não era, realmente, prato de digestão fácil para uma nação ainda demasiado traumatizada por fantasmas recentes. Gabi Delgado limitou-se a dizer que achava a palavra “Mussolini” carregada de “sex appeal”. Apesar disso, o tema, editado em 12 polegadas, tornou-se um êxito. A presente reedição, como a dos dois últimos álbuns seguintes, foi remasterizada.
“Gold und Liebe”, editado no mesmo ano, seis meses apenas após o seu antecessor, foi, como seria de esperar, recebido com algumas reservas e receios. A banda era, nesta altura, acusada de misturar em doses perigosas, sexo, chicotes e totalitarismo. O álbum vendeu pouco, apesar de, ou por causa de, ser aquele em que, em termos musicais, melhor tipifica a tendência dos D.A.F. para o militarismo e o sexo, nas suas múltiplas variantes, dos jogos de poder ao coito subaquático, em faixas como “Sex unter wasser”, “Muskel” ou “Absolute Körperkontrolle”. Música ideal para actividades do corpo, “Gold und Liebe” constitui um exercício de ginástica que, cumprido à risca, pode levar ao esgotamento. Para cima, para baixo, esquerda, direita, ao longo de dez faixas, sem parar. A seguir, só um duche.
Em “Für Immer, de 1982, último álbum de originais dos D.A.F. (Robert Görl gravaria, ainda, a solo, um entediante exercício de pop electrónica, enquanto Gabi Delgado optou por uma diversão espanholada onde personificava um Rudolfo Valentino-macho no limiar do orgasmo) a dupla aparece pela primeira cez retratada na capa, sem a exposição dos corpos e do vestuário de cabedal, ficando reduzida a duas silhuetas negras recortadas contra um fundo neutro. É notória a falta de luz e a descida dos níveis de adrenalina, num álbum em que os D.A.F. se aproximam de algo parecido com baladas (como fizeram os Suicide, com “Chereee”) e dos ritmos tecnopop. Baixaram as rotações, mas aumentou o mistério, numa desaceleração que permitiu, por outro lado, concentrar a atenção em palavras que nunca deixaram de ser, para muitos, um castigo. “Die ötter sind weiss” (“Os deuses são brancos”) ou “Wer schön sein will muss leiden” (“Se queres ser maravilhoso(a) tens que sofrer”) não devem ser entendidos à letra…

D.A.F. – Die Kleinen Und Die Bösen (self conj.)

17.09.1999
Reedições
Sex Machine
D.A.F.
Die Kleinen Und Die Bösen (6)
Alles Ist Gud (7)
Gold Und Liebe (8)
Für Immer (7)
Mute, import. Symbiose

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