Pop Rock
17 de Maio de 1995
álbuns poprock
Nitzer Ebb
Big Hit
MUTE, DISTRI. BMG
Inspirados pelos D. A. F., pioneiros da electrónica militarista, os Nitzer Ebb tiveram a sua hora de glória na época em que os radicais da música industrial decidiram baixar de tom e tornar um pouco mais acessível o seu discurso, ao ponto de se fazerem ouvir nas discotecas. A música desta formação liderada por Douglas McCarthy não destoava muito da dos seus colegas continentais para quem a “electronic body music” constituía a forma ideal apara o mesmo tempo fazer dançar e martelar a cabeça com sons e mensagens de índole subversiva. Em 1995, os Nitzer Ebb continuam às marteladas, embora recorram menos aos maquinismos electrónicos. Sangue, suor e lágrimas é ainda o velho lema para quem faz do sado-masoquismo um ponto de honra. “Big Hit”, a “grande pancada”, dá forte, à boa maneira dos “cinzentos” da Mute, e se a fórmula está hoje já um pouco exausta, a verdade é que os Nitzer Ebb a praticam com a convicção necessária que estas práticas exigem. E se temas como “Hear me say” ou “Floodwater” evocam as poucas-vergonhas levadas a cabo por outro ex-estratega da perversão, Frank Tovey, ou Fad Gadget, já “I thought” cai no poço do “industrialismo sinfónico” seja lá o que isso for. “Border talk” consegue ser ameaçador e razoavelmente original, aproximando-se do paradigma do grande mestre da tecnologia em pé de guerra, Foetus, ou Jim Thirwell, ou Clint Ruin, isto é, o autocrucificador, o mesmo acontecendo com “A living out of a bag” neste caso com o apoio logístico de uma marcação sintética-minimalista cerrada, à boa maneira dos D. A. F. “In decline” faz o mesmo que os Simple Minds, por altura de “Empires and Dance”. “Boy” é Depeche Mode e “Our own world” mistura Suicide, D. A. F. e os Motors. Ou seja, os Nitzer Ebb assimilaram influências e procuraram alargar os seus horizontes. Só falta um dia destes ficarem bonzinhos. A embalagem inclui um segundo compacto, com quatro temas retirados de cada um dos anteriores álbuns de grupo. (6)