Arquivo mensal: Novembro 2009

Lászlo Hortobagyi – The Transglobal & Magic Sounds of Lászlo Hortobagyi

25.07.1997
Lászlo Hortobagyi
The Transglobal & Magic Sounds of Lászlo Hortobagyi (7)
Network, distri. Megamúsica

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pwd: evrenselmuzik

Bem-vindos ao arquipélago de Amygdala. Fica onde? Na imaginação de Lászlo Hortobagyi, como Miles Davis, Sun Ra ou Christian Vander, inventor de uma geografia musical imaginária. Nascido em 1950, em Budapeste, Lászlo viajou até ao Norte da Índia onde aprendeu a tocar vários instrumentos, efectuando ao mesmo tempo recolhas de música local. Em 1981 funda a Sociedade Gayan Uttejak, uma associação imaginária de músicos, com estúdio e arquivos próprios. A partir daqui, realidade e ficção confundem-se no seu cérebro. Dedica-se à gravação de música mística e à realização de conerências, desenvolvendo novos métodos de pedagogia musical.
Abram os olhos e os ouvidos agora. Sobre o céu de Amygdala brilha a constelação de Fomal-Hoot al-Ganoubi, cuja descrição exacta pode ser encontrada num mapa-holograma. Nesta “expedição psicomusical”, para utilizar os termos do seu autor, ritual inicático – “musical e coereográfico” – que conduz à contemplação, encontramos, em temas de título evocativo como “legend of Yrch”, “Barocus raga”, “Rex Virginum” ou “Trance macabre”, traços reconhecíveis de outras tradições, estas bem terrenas, que passam pela Índia, o Tibete, o Norte de África, a Polinésia e o Islão, mas também pelas polifonias da Idade Média e pela “tradição futurista” da música electrónica. Inserindo-se numa linhagem próxima da dos seus compatriotas Boris Kovac e István Mártha, Lászlo Hortobagyi, louco e pós-moderno, faz uma síntese virtual que desvirtua e contamina os sentidos que estão na sua origem.

John Cale – Eat/Kiss, Music For The Films Of Andy Warhol

25.07.1997
John Cale
Eat/Kiss, Music For The Films Of Andy Warhol (7)
Hannibal, distri. MVM

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“Eat” e “Kiss” são dois filmes a preto e branco realizados, rerspectivamente, em 1963 e 1964, por Andy Warhol. John Cale, o antigo elemento dos Velvet Underground cujas ligações com Warhol remontam a 1967 e aos ensaios do grupo na Factory, compôs, há três anos, a música para estas duas películas. Originalmente interpretado com outros dois ex-Velvets, Maureen Tucker e Sterling Moss, este último entretanto falecido, este trabalho acabou por ser gravado ao vivo, em Lille, com Tucker, na bateria, B. J. Cole e os Soldier String Quartet, entre outros. Para “Kiss” – o filme era composto por uma série de três minutos com fotografias de beijos, alguns deles protagonizados pelo mítico personagem da Factory e do “show” Exploding Plastic Inevitable”, Gerard Malanga -, John Cale escreveu 11 movimentos, que exploram o ambientalismo, a atonalidade, o neoclassicismo, as escalas indianas (nomeadamente na versão de “Frozen warning”, de Nico) e um minimalismo distendido, onde são recorrentes as doutrinas teóricas alaboradas por LaMonte Young, de quem Cale foi discípulo. O movimento seis é um exercício de deslocação da Pop, paralelo ao das gravações de Cale com Eno, em “Wrong Way Up”. Os quatro apontamentos escritos para “Eat” – no filme, Warhol limitara-se a pedir ao seu amigo Robert Indiana, para comer um cogumelo – abordam o lado mais narrativo da música de Cale, com textos declamados e uma sistematização romântica, à la Roger Eno, do pontilhismo sagrado de LaMonte Young e da sua música eterna.

Fibla – Landscopes

06.04.2001
Fibla
Soundscopes
Quatermass, distri. Ananana
7/10

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Fibla é Vicent Fibla, um catalão de Barcelona que já participou numa série de colectâneas ao lado de nomes como os Plaid e Atom Heart, incluindo a recente “Sub Rosa vs. Rather Interesting”, onde um tema seu foi remisturado por Lisa Carbon. “Lamdscopes” tem todos os defeitos e virtudes que afectam grande parte da actual produção neste tipo de electrónica que começou por ser “terra de ninguém” e hoje se encontra superpovoada. Se a manipulação e organização formal dos “clicks”, “cuts”, técnicas de “dub”, programações e outras ferramentas indispensáveis a todo o bom artífice da electrónica, tendência minimalista, é impecável, o que resulta encontra alguma dificuldade em afirmar-se como objecto autónomo e original. Entre tantos abstraccionismos e constantes desmembramentos do “Groove” que deixam a música ofegar, adquire maior relevo a emergência de melodias Kreidlerianas que emprestam alguma humanidade a estas “paisagens sonoras” dominadas pelas máquinas.