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Roger Waters – “Tijolo a Tijolo” (concerto | antevisão | artigo de opinião)

PÚBLICO QUARTA-FEIRA, 18 JULHO 1990 >> Videodiscos >> Na Capa


TIJOLO A TIJOLO


A loucura tem sido boa conselheira dos Pink Floyd. Pela formação britânica, responsável pelo nascimento e bom nome do psicadelismo dos anos 60, passaram pelo menos dois dos seus cultores: Syd Barrett, esquizofrénico com carimbo clínico, e Roger Waters, psicótico controlado que soube fazer render o peixe, isto é, a paranoia, ao preço de ocasião e com a indústria a apoiar.
Syd é lenda. Perdeu-se na violência dos seus sonhos e alucinações. Escrevia pequenas histórias sob a forma de canções. Quando entrava no estúdio, o seu eterno estado sonambúlico transformava-se em delírio criativo. Compunha pequenas obras-primas. Cantava e tocava guitarra como se estivesse sozinho no Universo. Jogava com ninguém ao dominó, numa casa inglesa, daquelas escuras e antigas, cheias de fantasmas. Sempre em dias de chuva. Jogava enquanto esperava. A chuva nunca parou e a princesa que chegou não era a prometida. Espalhou as peças pelo chão e levou-o para o armário dos papões. Deixou testemunho das suas visões em “The Piper at the Gates of Dawn”. 1967, ano de todos os sonhos, para Syd, o início do pesadelo. Nunca mais veremos Emily tocar.

Viagens espaciais

A partir do ano seguinte, o seu amigo Roger Waters inverte o sentido da viagem. Das estrelas na cabeça do gnomo Barrett para os grandes espaços cósmicos exteriores. Toma os comandos e aponta a nave para o coração do Sol (“Set the Controls for the Heart of the Sun”). “Interstellar Overdrive” estendida até às dimensões épicas do absoluto. A sua maior ambição era compor a banda sonora do “2001”, de Kubrick. Ficou-se pelos tons “hippies” de Antonioni em “Zabriskie Point”, perdido nas selvas luxuriantes da “La Vallée”, de Barbet Schroeder.
O tom épico e desmesurado que a música dos Pink Floyd demandava foi encontrado afinal na Mãe Terra. “Atom Heart Mother” (1970), viagem infinita por lado nenhum, acompanhada de orquestra e coros, em longa suíte que depurava até à perfeição as premissas enunciadas no compêndio psicadélico. Para trás ficavam “A Saucerful of Secrets” (1968) e a obra-prima incompreendida “Ummagumma” (1969), duplo álbum magistral, dos poucos verdadeiramente experimentais da época. No segundo disco, cada um dos quatro Floyd mostrou até que ponto a loucura se pode estruturar em obra de arte. Um dos temas chamava-se “Several Species of Small Furry Animals Gathering Together in a Cave and Grooving with a Pict”. Nunca antes no rock a natureza tinha cantado tão estranhamente como aqui.
“Meddle” (1971) prolongava o segundo lado da “Atom Heart Mother”. Música de sol, mar e lonjura. Os Floys espraiavam-se indolentes pelas vastidões aquáticas de um sonho momentaneamente aquietado. Os pingos de “Echoes” reverberando num adeus pacificado à década finada. Com “The Dark Side of the Moon” (1973), a máquina dos dólares começou a faturar. “Welcome to the Machine” – os filhos pródigos regressavam ao lar, acolhidos de braços abertos pela indústria maternal. “Dark Side of the Moon” permanece até hoje nos tops americanos. Waters é emparedado. Tijolo a tijolo, o muro começa a ser erguido. Em “Wish You Were Here” (1975), olha-se para trás, em busca de Barrett. “Shine on you Crazy Diamond”. Mas o diamante não voltará a brilhar. Os Pink Floyd perdem-se no caminho. “Animals” (1977) é um fracasso a todos os níveis. A banda, um mero grupo de suporte de Roger Waters.

A grande explosão

A explosão redentora dá-se finalmente no último ano da década. É o grande exorcismo de Waters, que finalmente se assume como alma exclusiva dos Floyd. Libertam-se medos e paranoias durante anos acumulados. A história de “The Wall” é a biografia do músico. Grito revoltado contra o universo inteiro. A construção do muro levada a cabo nesse instante precário que decorre entre o nascimento e a morte. A mãe, os professores, as namoradas, os outros todos e o “outro” que é ele próprio são monstros agressivos que fazem da vida um inferno e uma guerra em que todos são “o inimigo”. Roger Waters vingava Syd Barrett. Onde este soçobrou, vergado ao peso da loucura, aquele vence, ao atirar os seus dejetos à cara do mundo. “The Wall” é finalmente o apontar de dedo a todas as mentiras do universo rock. Alan Parker passou-o para celuloide. Bob Geldof encarnou a figura do mártir. Quase todos dizem mal. Salva-se a fabulosa animação que dá vida às delirantes figuras desenhadas na capa do disco, da autoria de Gerald Scarfe.
Esqueçam-se os capítulos mais recentes da odisseia Waters, “The Final Cut” (1983) e “The Pros and Cons of Hitch Hiking” (1984), assim como dos Pink Floyd sem ele em “A Momentary Lapse of Reason” (1987). O importante vai ser estar em Berlim no próximo dia 21 ou assistir a tudo pela televisão. Para ficarmos a saber como se constrói um muro. E se o destrói.

NÚMEROS

O palco é o maior alguma vez construído (onde é que já se ouviu isto?) – 168 m de comprimento, 25 de altura. Vai levar um mês a erguer e duas semanas a destruir. 50 camiões transportam-no até ao local do concerto. Os bonecos insufláveis ultrapassam os dos Stones: são do tamanho de edifícios de seis andares. O “professor” mede 12 m com uma amplitude de braços de 31 m. O “porco” alcança os 15 m. Cada boneco é comandado através de uma grua de 45 m e controlado por 20 pessoas. No muro que será erguido ao longo do espetáculo, serão utilizados 2500 tijolos especiais, cada um medindo 1,5 m x 75 cm e pesando 9 Kg. São 50 os obreiros. Ao todo serão 600 pessoas a trabalhar para esta produção. A energia necessária para pôr tudo a funcionar – 5 megawatts, 1,7 dos quais fornecidos pela (ainda) Alemanha do Leste e o resto por geradores próprios. Um gigantesco ecrã circular com 16 m de diâmetro rodeado por 36 “Vari lites” constituirá, na ocasião, a maior estrutura observável nos arredores da Porta de Brademburgo. Estão previstos um total de 46 min. de projeções de “desenhos animados”. Os céus de Berlim vão ser iluminados por 12 holofotes sincronizados. Tudo junto vai poder ser presenciado “in loco” por cerca de 150.000 pessoas.

Roger Waters – “Entre Dois Muros” (concerto | berlim | televisão | antevisão | artigo de opinião)

PÚBLICO QUARTA-FEIRA, 18 JULHO 1990 >> Videodiscos >> Na Capa

ENTRE DOIS MUROS

Passada uma década sobre a edificação de “The Wall”, Roger Water, dissidente dos Pink Floyd, regressa nos papéis de arquiteto e carpinteiro. O muro volta a ser erguido. Em Berlim, claro, sobre os escombros do outro e com honras de transmissão televisiva em todo o mundo.



Os muros separam e protegem. Escondem e dividem. Existem duas espécies distintas: ou de cimento ou qualquer outro material sólido e aqueles mais subtis, invisíveis, construídos metodicamente só do lado de dentro. Os primeiros podem ser destruídos, deitados abaixo com maior ou menor dificuldade. Os segundos utilizam materiais indestrutíveis e flexíveis que resistem às pressões exteriores e às pancadas. Moldam-se a elas. Adaptam-se. Os seus construtores são fabulosos arquitetos, peritos na minúcia com que delineiam mirabolantes fantasias. Fantasmas criados com todo o cuidado, mantidos vivos e atuantes graças a um constante apelo ao medo, memória e imagens de monstros infantis.

Ascensão e Queda

Em finais de 1979, Roger Waters, músico e letrista dos Pink Floyd, banda emblemática do psicadelismo, constrói um muro descomunal gravado para a posteridade num disco chamado simplesmente “The Wall”. “O Muro” pertence ao grupo das construções mentais inabaláveis e impenetráveis. Decorridos dez anos a História confirma a regra atrás enunciada. Uma das mais sólidas paredes jamais erguidas por mãos humanas revelar-se-ia, finalmente, apenas um amontoado de tijolos. A 9 de novembro de 1989, cai o muro de Berlim, sinónimo de terror e divisão, vergado às rajadas do vento dos novos tempos.
No próximo dia 21 de julho, o muro volta a ser erguido. Desta vez como simulação e símbolo. No próprio local onde se abriu passagem entre as duas metades de um todo nacional, Roger Waters constrói de novo a sua monstruosa fantasia, sublimada em espetáculo gigantesco. O fingimento substitui o horror, o “rock”, orgia mediática, multiplicando as referências e paradoxalmente funcionando como veículo normalizador de uma realidade complexa, unificada numa estratégia de massificação simplificadora. Exorcismo simbólico e coletivo sintetizado num único conceito – o muro.

Catástrofes

A multidão que se concentrará nessa ocasião na Praça Potsdam, em frente à Porta de Brandenburgo, em plena “terra de ninguém” situada entre as duas antigas fronteiras, participará inconscientemente num acontecimento único, mas não ao nível do que será universalmente alardeado e difundido. Oficialmente, o concerto organizado por Waters e Leonard Cheshire, veterano aviador na Segunda Grande Guerra, tem como objetivo angariar fundos para uma bolsa permanente de auxílio às vítimas de catástrofes e acidentes, o Memorial Fund for Disaster Relief, funcionando por acréscimo como evocação e homenagem às vítimas dos dois conflitos mundiais e das não menos mortíferas sequelas da Coreia ou do Vietname. Recorde-se que o pai do antigo baixista e vocalista dos Floyd, também aviador, morreu num acidente da Guerra de 1914-18 e que a sua ausência é precisamente um dos fantasmas que assombram “The Wall”, o disco, abrindo caminho para a emergência do oposto matriarcal, personificado na mãe zeladora e castradora.

O Eterno Retorno

Depois de amanhã, num superespetáculo que, para além de Waters, contará com Joni Mitchell, The Band, Marianne Faithfull, Cindy Lauper, Sinead O’Connor, a Orquestra e Coro do Exército Vermelho e bandas militares, milhares de pessoas serão de novo emparedadas e embaladas nos braços quentes e protetores dos seus próprios fantasmas, na tal “no man’s land”, estrato indefinido e uterino, terra de novo fértil e semeada onde voltarão a crescer os frutos envenenados de renovados e pujantes nacionalismos. A mãe-pátria recupera a sua vocação telúrica, capaz de gerar filhos solares ou monstros disformes (como aqueles que flutuarão ameaçadores sobre a multidão durante o concerto), consoante for fecundada pelo macho do poder, em amor ou em paixão. A História nunca se repete? Ou vivemos todos adormecidos no seio de novos espectros totalitários? Não é a própria desmesura do espetáculo anunciado, em que cada espectador se quedará subjugado por um excesso de imagens e sons à escala não humana (como as figuras e o estádio monstruoso no interior da capa de “The Wall”), reduzido à condição de simples número manipulado como um fantoche, manifestação evidente de subtil totalitarismo? O indivíduo perdido na multidão e no gigantismo massificador obedece cegamente aos estímulos sonoros e visuais. Moderno ritual de obediência a ídolos que em vez do facho imperial empunham guitarras elétricas. E canções do “top” substituem hinos guerreiros. Há sempre um “Führer” disposto a gritar “slogans”. O “rock” está à inteira disposição de candidatos.
O que se pretende da celebração e festa encobre afinal mais sinistras formas. As boas intenções cumprem-se no prolongamento contemporâneo de mal enterrados horrores. Evocam-se antigos fantasmas para os exorcizar ou para os venerar? Convocam-se os mortos para celebrar a vida, esquecendo que morte e vida formam a dupla face de um mesmo rosto. O super-homem nietzschiano, como a criança, é inocente e despreza ambas com soberana alegria. Quem preside afinal à reunião, Apolo ou Dyonisius? O sol ou o solo? Berlim volta a ser centro do mundo. Destruído o muro que dividia alguns e protegia outros, o espetáculo “The Wall” volta a suscitar eternas dúvidas e recônditos receios. O novo fantasma chama-se Europa.

Pink Floyd – “A Caixa Sem Segredos” (box – Nove compactos, um livro encadernado, uma colecção de postais, iconografia a granel)

Pop Rock >> Quarta-Feira, 18.11.1992


A CAIXA SEM SEGREDOS

É só brilho, do título à apresentação. Parte da música também atinge o brilhantismo do embrulho. “Shine On” é um objecto de luxo, uma extravagância, um deleite, tanto para os olhos como para os ouvidos. “Shine On” pretende ser o testamento audiovisual definitivo dos Pink Floyd: Nove compactos, um livro encadernado, uma colecção de postais, iconografia a granel. O aspecto geral é sedutor e convida á posse de quem se deixa impressionar pelos enfeites.
Aos oito compactos correspondentes aos álbuns “A Saucerful of Secrets”, “Meddle”, “Dark Side of the Moon”, “Wish You Were Here”, “Animals”, as duas partes de “The Wall” e “A Momentary Lapse of Reason”, junta-se uma compilação original, à laia de bónus, de dez “singles”. Em cinco destes, pontifica a presença mítica de Syd Barrett: “Arnold Layne”, “See Emily Play”, “Candy and a current bun”, “Scarecrow” e “Apples and oranges”.
Os compactos vêm arrumados em caixas negras opacas, com a reprodução das capas originais coladas por cima. O alinhamento das respectivas lombadas, por ordem cronológica, revela a imagem de “Dark Side of the Moon” – um raio de luz branca refractado por um prisma nas cores do arco-íris. “Shine On” equivale, deste modo, à edição brochada das obras completas de Eça de Queiroz pelo Círculo dos Leitores, ou a uma série de Enciclopédias Verbo sobre as catatuas da Amazónia. São obras de arte de peso, ideais para impressionar o olhar alheio, do alto das prateleiras, onde, altaneiras, nos contemplam.
A colectânea recupera, sob novas roupagens, peças (importantes umas, medíocres outras) da vida e obra de uma banda marcante dos anos 70, que se arrastou em demasia pela década seguinte. Começa por ter de se lamentar, logo à partida, a não inclusão de dosi álbuns fundamentais: “The Piper At The Gates of Dawn”, único saído directamente da visão e do génio torturado de Syd Barrett e “Atom Heart Mother” – um dos dois álbuns “experimentais”, que foram, por muitos, considerados como os melhores (do outros, a obra-prima “Ummagumma”, há que aceitar ter sido derixado de fora, por ser duplo – sendo preterido a favor de “The Wall” – e porque o primeiro disco é preenchido por versões ao vivo de canções do álbum anterior). Por outro lado, é discutível a inclusão de “Animals” – primeira tenativa gorada de Roger Waters de fazer dos Pink Floyd o divã de psiquiatra para as suas paranoias existenciais – e, por razões emparte opostas, de “A Momentary Lapse of Reason”, um disco anódino, totalmente falho de inspiração, que procura dar vida ao cadáver de uma banda que conseguiu sobreviver sem Barrett, mas que finalmente sucumbiu após o abandono de Waters. Indiscutíveis, pelo papel determinante que desempenharam na evolução da música dos anos 70 e na própria banda, todos os outros.
De “A Saucerful of Secrets” basta referir que foi um marco do psicadelismo, saído das entranhas do “U.F.O. club”, reunindo a poeira residual que Syd deixara a pairar no ar, com as incursões cósmicas-planantes que viriam a determinar a direcção dos álbuns seguintes.
“Meddle”, e em particular a longa faixa do segundo lado, “Echoes” constitui por seu lado a bíblia inspiradora da escola planante alemã, coincidente com a descoberta das virtudes do sequenciador e das potencialidades do espaço sideral. “Phaedra” e “Rubycon”, dos Tangerine Dream, mostraram como era possível levar, até às últimas consequências, a estética que, em primeira mão, os Floyd enunciaram.
Na altura em que “Dark Side of the Moon” foi editado, em 1972, a rádio encarregou-se da divulgação, até à náusea, de temas como “Money”. O disco ainda hoje se agita, no fundo dos “tops” mundiais. Reescutado à distância, tem que se reconhecer que, independentemente das vendas astronómicas, é um bom álbum. Há quem considere melhor o seu sucessor, “Wish You Were Here” – uma homenagem a Syd Barrett lavrada no céu, no tema “Shine on you crazy Diamond”.
Roger Waters tem razões para se orgulhar de “The Wall”, derradeiro álbum conceptual, que encerrou com chave de ouro os anos 70, quando se acreditava que todas as histórias tinham música para as contar. Passa por ser a autobiografia oficial de Roger Waters. Musicalmente, é um disco brilhante. Contém o hino de todos os estudantes do mundo, “Another brick in the Wall” e pavorosas encenações de pesadelo, de que “One of my turns” ficou para a posteridade, como uma das mais perturbantes. Não fossem os Pink Floyd, e o muro nunca teria caído.
Feitas as contas, música num dos pratos da balança, apresentação, livro e postais no outro, chegou-se a uma média de (7).

O LIVRO COM SEGREDOS



“Shine On”, o livro, fornece material suficiente de reflexão e entretenimento aos apreciadores, e não só, dos Pink Floyd. Capa forrada a pano negro. Ao centro, uma espécie de mandala cabalística, desenhada a prateado. Também a prateado, ao alto, a inscrição lapidar: “Pink Floyd Shine On”. São 114 páginas profusamente ilustradeas a cor. Óptima impressão. O conteúdo divide-se em oito capítulos. No primeiro traça-se a cronologia, ano a ano, de 1967 a 1992, do quarto de século de carreira do grupo. Os sete restantes dizem respeito, cada um, ao compacto respectivo e incluem as letras, notas críticas aos discos e a alguns concertos, fotografias raras e extractos de uma entrevista com David Gilmour, entre outros “fait divers”. Dão-se a conhecer coisas curiosas. Por exemplo, a existência de uma banda desenhada, intitulada “The Pink Floyd Experience”, cujos personagens são os membros da banda. Ou de um “Super all-action official music programme for boys and girls”, editado por altura de “Dark Side of the Moon”.
Ficam imagens e recordações de uma banda amada por muitos e odiada por outros. E, para sempre, o espectro de um génio franzino, “morto” ainda em vida: Syd Barrett. A propósito de “Wish You Were Here”, gravado pelos Pink Floyd em sua homenagem, a descrição de um momento irrepetível: “Durante a gravação do disco, nos estúdios Abbey Road, exactamente no dia escolhido para fazer os apoios vocais para “Shine on you, crazy Diamond”, quem havia de aparecer senão o próprio Syd Barrett?! A música de “Shine On” flutuava pelos corredores do estúdio e lá estava ele, em pessoa. Não era visto havia sete anos. Apareceu, simplesmente, sem se fazer anunciar – gordo, careca e com ar assombrado. Alguns elementos da banda nãoo reconheceram imediatamente, outros ficaram comovidos. Roger Waters confessou mais tarde que chorou. A determinada altura, Syd perguntou se podia ajudar nalguma coisa; ele estava disponível, se fosse necessário. Ninguém o vira nos últimos sete anos! E desde esse dia não voltou a ser visto.”