Klaus Schulze – “Picture Music”

Pop Rock

8 de Março de 1995
álbuns poprock
reedições

Klaus Schulze
Picture Music

FNAC, DISTRI. MC –MUNDO DA CANÇÃO


ks

Representante da escola electrónica/planante que no final dos anos 60 eclodiu em Berlim, Klaus Schulze forma com os Tangerine Dream e os Ash Ra Tempel o trio de nomes mais importantes do movimento. São, por sinal, os três ainda no activo e com uma produção discográfica regular (no caso dos Ash Ra Tempel mantida graças à actividade a solo de Manuel Göttsching, que continua a assinar os seus discos como Ashra). Schulze é o denominador comum. Depois de uma passagem fugaz pelos Psy Free, tocou bateria na primeira formação dos Tangerine Dream (em “Electronic Meditation”) e teclados nos Ash Ra Tempel. A solo, após a estreia “Irrlicht” e do duplo “Cyborg”, álbuns sombrios e planantes no sentido original do termo, indutores de estados de consciência alterados, Klaus Schulze conheceu uma maior projecção fora da Alemanha. Foi quando assinou contrato, já a meio da década de 70, com a Virgin, em cujo selo subsidiário, a Caroline, foram editados “Black Dance” e “Timewind”. “Picture Music”, gravado entre estes dois discos, saiu entretanto sob o selo alemão Brain e foi reeditado mais tarde, com outra capa, na Virgin. É o disco onde Klaus Schulze se assume como improvisador, deixando patentes as suas limitações como executante, compensadas largamente pelas suas capacidades de manipulador na electrónica. Com os habituais dois longos temas (um por cada face, no vinilo), “Totem” e “Mental Door”, fica de “Picture Disc” a imagem de uma longa cavalgada pelas escalas do órgão e dos sintetizadores analógicos Moog e A.R.P. “Totem” é um tema mais estruturado, na linha de “Black Dance”, com percussões ainda não muito automatizadas, enquanto “Mental Door”, como o próprio título indica, se propõe abrir as portas da mente, através de uma longa improvisação no órgão electrónico pontuada pelos típicos efeitos de sintetizador que viriam a ser organizados e direccionados de forma superior nos álbuns posteriores “Timewind”, “Mirage” e “X”, as três melhores obras de Schulze. A elas se poderá juntar, numa fase mais recente, “Audentity”. “Picture Music” é música cósmica no seu lado mais imediatista e visceral. (7)



Steve Howe – “Beginnings”

Pop Rock

18 de Janeiro de 1995
álbuns poprock

Steve Howe
Beginnings

ATLANTIC, DISTRI. WARNER MUSIC


sh

Estava Steve Howe tão bem nos Yes quando lhe deu para embarcar na “ego trip” que tanta e tão boa gente vitimou nos idos de 70. Em pleno apogeu de “Close to the Edge”, “Tales from Topographic Oceans” e “Relayer”, onde se encontra a melhor música dos Yes, Steve Howe, maestro da guitarra, resolveu seguir as pisadas dos seus colegas Jon Anderson (“Olias of Sunhillow”), Chris Squire (“Fish out of Water”) e, na altura, Patrick Moraz (“The Story of ‘I’”), já para não falar das megalomanias conceptuais de Rick Wakeman, e mostrar que também ele era uma entidade autónoma. Ficou provado que não era. “Beginnings” é, entre os álbuns atrás citados, o mais fraco. Em termos técnicos não há reparos a fazer. Howe deu, na altura, o que se chama um banho à concorrência, nem sequer se esquecendo de incluir a faixa curta na linha de “Mood for a day” e “The clap”, aqui intitulada “Ram”, onde deixava bem vincadas as suas capacidades de executante, neste caso no “dobro”, no banjo e na “steel guitar”. Na maior parte do tempo o álbum não difere em demasia da obra dos Yes, faltando-lhe porém a força do colectivo, embora Patrick Moraz e Alan White estivessem presentes, bem como Bill Bruford e, em “The nature of the sea”, três elementos dos Gryphon. Mas o que estraga de facto “Beginnings” são as vocalizações, medíocres, de Steve Howe, que se deve ter convencido que também era capaz de cantar. Teria sido bem melhor ter convidado alguém para o fazer. Assim, a voz estraga temas como “Doors of sleep”, “Australia” ou “Will O’ the Wisp”, enquanto os instrumentais “The nature of the sea” e “Beginnings” (este um pequeno exercício com pretensões sinfónicas, na linha do que mais tarde, e de forma radical, fizeram os The Enid) ilustram bem o espírito da época e se deixam ouvir como se fossem peças deixadas de lado pelos Yes. Steve Howe não voltou a repetir a experiência, comprovado que ficou que o seu talento como guitarrista não se estendia à composição. Apesar de tudo um álbum curioso. (5)



Gong – “Continental Circus”

Pop Rock

18 de Janeiro de 1995
álbuns poprock

Gong
Continental Circus

MANTRA, IMPORT. MC-MUNDO DA CANÇÃO


gong

Os Gong não eram ainda os “pot head pixies” da fabulosa trilogia do haxe e dos bules voadores, “Radio Gnome Invisible”. Mas já pouco faltava. Corria o ano de 1972 e corriam as motos no seu circuito de grandes prémios. “Continental Circus” é a banda sonora de um filme de Jérome Lapperrousaz sobre o “circo” de motos, no tempo de um dos seus maiores heróis, Giaccomo Agostini. Gilli Smyth assina a totalidade dos temas – quatro –, diferentes de tudo o que os Gong tinham feito para trás, “Banana Moon” e “Magick Brother, Mystic Sister” (existem por aí alguns exemplares espalhados…) e iriam fazer no futuro. “Blues for Findlay” é rock Kawasaki, directo e sem aditivos psicotrópicos, e “Continental circus world”, uma montagem sobre sons do “circo”, partidas, ruído de motores, som das boxes, etc. “What do you want” e a versão instrumental de “Blues for Findlay” são rock psicadélico numa linha idêntica à dos Hawkwind de “In Search of Space” ou de um disco estranho, “Obsolete”, lançado, nessa época, na Shandar por um dos parentes loucos da família, Dashiell Hedayat. Aqui, a loucura acelera sobre duas rodas. (7)