Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #83 – “DAT Politics Impressões sobre o concerto (FM)”

#83 – “DAT Politics Impressões sobre o concerto (FM)”

Fernando Magalhães
01.03.2002 150346
1 – Os DAT Politics transformaram-se, de facto numa banda pop (suspiro…) francesa…
Devia ter ficado calado e nunca ter mandado a “tal” piada…

2 – Os DAT Politics fizeram na ZDB uma música…divertida. O que era a última coisa que eu esperaria achar de um concerto deles…

3 – Os DAT Politics são, hoje, uma banda igual a muitas outras. Andaram a ouvir os discos da Stora, tornaram-se amigos do Felix Kubin e tudo isso se refletiu num aligeiramento e maior acessibilidade da sua música.

4 – Os DAT Politics distinguem-se, porém, por tocarem de facto e de sugerirem um verdadeiro entusiasmo pela música que fazem. Há um swing eletrónico constante, a par do sentido de humor e de um tipo interessante de virtuosismo nos laptops.

5 – Os DAT Politics foram no concerto da ZDB uma banda marcada pela música dos anos 80. Caixas-de-ritmo, beat ora industrial ora electropop. Sequências de “Radio Activity” dos Kraftwerk, citações aos New Muzik, Automatic Kids, Cabaret Voltaire e, sobretudo, aos Tubeway Army, de Gary Numan, o qual, parecendo que não, se está a tornar uma espécie de guru do tal “nouveau Disko”…

6 – Os DAT Politics obrigam-me, enfim, a procurar noutras latitudes a indispensável dose de aventura e desconhecido. Já temos a “famosa banda pop francesa”. Falta olhar para o escuro, onde em geral se esconde e prepara o futuro.

FM

Vários – “Natal Dos Hospitais – Quem Canta Os Males Espanta” (televisão)

PÚBLICO SÁBADO, 22 DEZEMBRO 1990 >> Cultura


Natal dos Hospitais

Quem canta os males espanta


DEZEMBRO, mês da fraternidade universal e do Natal dos Hospitais, iniciativa há trinta anos organizada pelo “Diário de Notícias” – imponente montra do “music hall” luso, estendal da mediocridade bem intencionada (com as inevitáveis exceções), solta a coberto do pretexto da solidariedade. A intenção é minorar o mal alheio. Todos os anos por esta época, contudo, terminada a festa, há quem nunca mais se restabeleça das maleitas. Mas todos juntos, sãos e doentes, fazem por divertir-se e a maioria sobrevive.
Em diferido do Porto, Madeira e Açores, vieram nomes grandes do nosso cançonetismo, como José Alberto Reis (o Júlio Iglésias português), ou os Salsinhas da Balada (que dominam a língua inglesa, fazendo rimar “December twenty four” com “can’t wait no more”). As notas de erotismo foram dadas por Ágata e Lilian Kramer (esta com o seu “brinquedo”, como frisou a voz “off” desse grande comunicador que dá pelo nome de Luís Pereira de Sousa), sensualonas, de negro (des)pidas, capazes de liquidar logo ali meia centena de cardíacos. No meio de tanto esplendor, os GNR passaram quase despercebidos com a sua “Morte ao Sol”.

Brilhantismo psicadélico

Já em direto do Hospital S. Francisco Xavier, a dupla Ana Zannatti-Eládio Clímaco apresentou Rui Veloso que preparou os presentes para o brilhantismo psicadélico de Gabriel Cardoso e os ardores castelhanos da emigrante Maria Mendes.
Quando Clemente subiu ao palco para cantar “Baila Cigana”, o país inteiro calou, comovido com as desditas daquela cuja “alma ninguém compreende porque é livre como as estrelas”.
Delírio, histeria – Roberto Leal surge todo de branco, envolto em luminoso halo, procurando vencer a lei da gravidade, elevando-se, de braços erguidos, em direção ao céu! O palco voltou a iluminar-se, pela voz e rosto verdadeiramente bonitos de Rita Guerra. Qualidade que se manteve no virtuosismo violinístico do jovem Pedro Teixeira da Silva. Simone de Oliveira, cada vez mais Weilliana, na pose e na interpretação, e Lena d’Água, que continua possuída pelo fantasma de António Variações, não destoaram, antes do exotismo dos cantores e danças indianos dos Baguini.
Depois de beijar extasiado alguns pequerruchos, Marco Paulo cantou “ai ai ai meu amor” fazendo saltar de mão o microfone pelo menos oito vezes. Para fim de festa, Herman “Estebes” José pôs a cambada às gargalhadas. Ao todo, cinco horas divertidas em que a apalavra “sofrimento” esteve ausente. Só por isso valeu a pena. Uma vez por ano, fica bem à televisão vestir-se de Pai Natal.

Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #82 – “mahavishnu orchestra p_FM (rat-tat-tat)”

#82 – “mahavishnu orchestra p_FM (rat-tat-tat)”

Fernando Magalhães
28.02.2002 150305
Da MAHAVISHNU ORCHESTRA, os dois melhores álbuns são sem dúvida o “The Inner Mounting Flame” e “Birds of Fire”.
Sobre a banda, já houve quem desse as dicas necessárias.

Acrescento que, muito antes do “Miami Vice” (blargh), o JAN HAMMER se estreou a solo, ainda nos anos 70, com um álbum muito bom, “The First Seven Days”, sobre os sete dias da criação.

Ainda da Mahavishnu: Foi editado recentemente aquele que seria o disco seguinte a “Birds of Fire” e que na altura acabou por não sair, devido a desinteligências entre o grupo. Refiro-me a “The Lost Trident Sessions” (título, obviamente, diferente do original…). Muito boa música, num álbum, para todos os efeitos, acabado e pronto a ser lançado no mercado.

Todos estes CDs, mais “Apocalypse” (c/ orquestra) e “Visions of the Emerald Beyond” estão disponíveis em edições remasterizadas a “nice price”, na FNAC, VC, etc…

“O vendedor” tem lá o “The Inner Mounting Flame”, mas na versão mais antiga, não remasterizada.

Finalmente, aconselho um extraordinário álbum de fusão, assinado pelo então baterista da Mahavishnu Orchestra: “Crosswinds”, de BILLY COBHAM. Existe em versão digipak na série Atlantic Masters.
O anterior, “Spectrum”, também vale a pena.

Qualquer dia envio para aqui uma lista : ) de álbuns de fusão recomendáveis…

FM