Ronda Dos Quatro Caminhos – “Ronda Dos Quatro Caminhos Em Lisboa – Os Caminhos Da Cruz”

cultura >> sexta-feira, 05.02.1993


Ronda Dos Quatro Caminhos Em Lisboa
Os Caminhos Da Cruz


QUATRO CAMINHOS, quando se encontram, formam uma cruz. Símbolo sagrado mas também, segundo a tradição, local preferido pelo demo para tentar e perder o viajante incauto. A Ronda dos Quatro Caminhos é um dos grupos emblemáticos da música tradicional portuguesa. Leva 10 anos de caminho e, ao contrário de outros companheiros de jornada, nunca se perdeu. Actua hoje em Lisboa, no Teatro S. Luiz, pelas 22h, num espectáculo de genérico “Uma noite de música tradicional”, que a RTP vai gravar. Material que poderá ser utilizado para eventual edição de um disco ao vivo.
Pela Ronda passaram vários e bons músicos, entre os quais Vítor Reino, que deu o seu contributo aos dois primeiros trabalhos do grupo, “Ronda dos Quatro Caminhos” e “Cantigas do Sete-Estrelo”, que permanecem como exemplos do que melhor se fez até à data neste campo. Reino sairia da Ronda para formar os Maio-Moço, que começaram bem mas finalmente se renderam ao nacional-folclorismo de uma “História de Portugal” mal contada.
A Ronda sobreviveu. Findo o reinado, abriu, com a mesma nobreza, outros caminhos: “Amores de Maio” e “Romarias”. Com nova formação e o amor de sempre às forças que regem e anima as gentes, os costumes, os ciclos naturais e a música do Portugal que a tradição ordena.
Hoje percorrem esses caminhos António Prata, em violino e percussão, António Lopes, percussões, Daniel Completo, guitarra, José Barros (ex-Romanças), cavaquinho e bandolim, e João Cavadinhas, braguesa e voz. No concerto desta noite vão ter a companhia de convidados: Rui Vaz, ex-GAC e Ó Que Som Tem, sessões com Fausto e José Mário Branco, participante habitual nas gravações e actuações ao vivo do grupo, em gaita-de-foles, flautas, percussões e voz, Fátima Valido, na banda em regime actual de “part-time”, guitarra clássica, cavaquinho, flautas, braguesa, gaita-de-foles, bandolim e vox, Helena Mendes, dos Piratas do Silêncio, no acordeão, e José Martins, ex-Trovante e Ó Que Som Tem, produtor e arranjador das “Múgicas” de Amélia Muge, em percussões e braguesa.
Compõem esta “Noite de Música Tradicional”, temas populares de Trás-os-Montes, Minho, Douro Litoral, Beira Alta, Beira Baixa, Alto e Baixo Alentejo, Ribatejo e Açores. Quatro caminhos, quando se encontram, formam uma cruz. Símbolo do centro. Da permanência que permite todas as viagens.

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