Pop Rock
8 de Março de 1995
álbuns poprock
Jean-Michel Jarre
Hong Kong
DREYFUSS, DISTRI. POLYGRAM
O velho jarreta volta ao ataque. Conhecido por ser casado com Charlotte Rampling, dar concertos para plateias com um mínimo de um milhão de pessoas e tocar harpas de luz, Jean-Michel Jarre há muito que esgotou as suas capacidades como músico, que não as de “entertainer”. Depois dos concertos na China, aproveitados por Jarre como operação de “marketing”, para divulgação de tecnologia electrónica naquele país, chegou a vez de Hong Kong ser confrontada com a pirotecnia sonora e visual que desde os últimos anos constitui a única razão de ser do jarreta. É uma chatice do princípio ao fim, escutar os sintetizadores, computadores, esquentadores e outros interruptores digitais, a despejarem sons a metro sobre as multidões embasbacadas. À música, já de si aborrecida nas versões de estúdio, de “épicos” como “Chronologie”, “Rendez-vous” e “Equinox”, juntam-se um excerto do velhinho “Oxigène” e a característica piscadela de olhos aos naturais do território, naquele registo “olhem tão amigalhaço e aberto de espírito que eu sou!”. Jarre, por sinal autor de dois bons álbuns, “Zoolook” (o tal com Laurie Anderson e Adrian Belew…) e “Waiting for Cousteau” (com o tema de 42 minutos de ambiências subaquáticas), representa na actualidade tudo o que de mais piroso e retrógrado pode dar à música electrónica uma má reputação. (2)