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Jean-Michel Jarre – “Chronologie”

pop rock >> quarta-feira, 16.06.1993


Jean-Michel Jarre
Chronologie
CD Dreyfuss, distri. Polygram



Entre dois megaconcertos para plateias de milhões, Jean-Michel Jarre lá vai gravando, para gigantones electrónicos, as suas peças com tanto de desmesuradas como de inconsequentes. Há excepções e essas mostram que o francês, quando quer, até consegue fazer valer a sua música com o recurso a outro tipo de argumentos. É o caso de “Zoolook”, com a participação de Laurie Anderson e Adrian Belew, ou do recente “Waiting for Cousteau”, que inclui uma faixa ambiental de cinquenta e tal minutos capaz de fazer Brian Eno corar de vergonha. “Chronologie”, peça única, ambiciosa do alto das suas oito subdivisões, não pertence infelizmente a esta categoria sendo, antes, mais um daqueles pastéis em que os sintetizadores lutam uns com os outros para ver qual grita mais alto e as melodias se revolvem até à náusea na fórmula, raramente ultrapassada, de “Oxygène”. “Chronologie 4”, uma das partes dançáveis, foi repescada por uma série de grupos “rave”, entre os quais os Sunscreen, através das habituais “mixes” e “remixes” em que a única função é fazer dar ao pé com o piloto automático ligado. Deve ser difícil ser-se casado com Charlotte Rampling e ainda ter tempo para fazer música interessante. (4)

Vários – “Pacote De Natal” (artigo de opinião | críticas | sugestões)

PÚBLICO SEXTA-FEIRA, 7 DEZEMBRO 1990 >> Fim De Semana >> Na Capa


PACOTE DE NATAL

DISCOS
POP ROCK
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JEAN-MICHEL JARRE
Waiting for Cousteau
Dreyfus


O tema é a água, as profundidades oceânicas, o exotismo de paraísos distantes, beijados pelas ondas e onde apetece sonhar até ao fim dos dias.
Aventuras pelo reino marítimo, inspiradas nas viagens do velho mestre do Graal subaquático. Primeiro, as vertigens rítmicas do calipso, desaguando na “new age” (ou será melhor dizer “new wave”…?) do fim do século. Depois, na versão aumentada do CD, 46 minutos em que Jarre ensina a contemplação dos grandes arcanos submarinos.
O silêncio e a escuridão do fundo. A fauna e flora dos domínios de Neptuno, perturbados por estilhaços de vozes refratados de longe. Brian Eno não faria melhor.

MIKE OLDFIELD
Amarok
Virgin/Edisom


O ex-menino-prodígio da Virgin desistiu de armar em moderno e regressa em grande forma aos bons velhos tempos de “Hergest Ridge”, “Ommadawn” e “Incantatious”.
Um longo tema instrumental a ocupar a totalidade do álbum, a lista de artefactos musicais a não caber na folha (citam-se “tubos pendurados de metal, compridos e esteitos” para avivar a memória de forma delicada) e as inevitáveis participações da gaita-de-foles de Paddy Moloney, dos tambores africanos e dos coros femininos de Clodagh Simonds e Bridget St John, remetem de imediato para as glórias de antanho. Quem dava já o velho Mike como morto e enterrado vai ter ainda de esperar.

LAURIE ANDERSON
Strange Angels
Warner Bros./WEA


Ideal para quem pretende passar por vanguardista sem grandes afrontamentos estéticos nem dolorosos exercícios de ginástica intelectual.
Laurie Anderson apresenta aqui a papinha toda feita, que é como quem diz, sabendo adaptar anteriores virulências conceptuais a uma acessibilidade que faz torcer o nariz aos viciados na dificuldade e gemer de prazer os amantes do erotismo gramatical da senhora. A estranheza flutua, desta vez, em canções de formato pop, às quais o visionarismo fragmentado da autora acrescenta um toque de inquietude.

BOBBY McFERRIN
Medicine Music
Emi/Valentim de Carvalho


Nada como uma boa voz para aquecer a ceia natalícia e, mais ainda, o Ano Novo. A de Bobby McFerrin cumpre na perfeição tal desígnio. Ainda por cima parece que a música deste disco cura, tornando-se assim ideal para curar as eventuais bebedeiras e ressacas do dia seguinte.
Os blues, o gospel, os ritmos africanos, tudo serve a “The Voice” McFerrin para fazer a voz brilhar, envergonhando todos aqueles miseráveis músicos que ainda necessitam de outros instrumentos para se acompanharem. Decididamente, o homem é da corda… vocal.

Jean-Michel Jarre – “Chronologie”

pop rock >> quarta-feira, 16.06.1993


Jean-Michel Jarre
Chronologie
CD Dreyfuss, distri. Polygram



Entre dois megaconcertos para plateias de milhões, Jean-Michel Jarre lá vai gravando, para gigantones electrónicos, as suas peças com tanto de desmesuradas como de inconsequentes. Há excepções e essas mostram que o francês, quando quer, até consegue fazer valer a sua música com o recurso a outro tipo de argumentos. É o caso de “Zoolook”, com a participação de Laurie Anderson e Adrian Belew, ou do recente “Waiting for Cousteau”, que inclui uma faixa ambiental de cinquenta e tal minutos capaz de fazer Brian Eno corar de vergonha. “Chronologie”, peça única, ambiciosa do alto das suas oito subdivisões, não pertence infelizmente a esta categoria sendo, antes, mais um daqueles pastéis em que os sintetizadores lutam uns com os outros para ver qual grita mais alto e as melodias se revolvem até à náusea na fórmula, raramente ultrapassada, de “Oxygène”. “Chronologie 4”, uma das partes dançáveis, foi repescada por uma série de grupos “rave”, entre os quais os Sunscreen, através das habituais “mixes” e “remixes” em que a única função é fazer dar ao pé com o piloto automático ligado. Deve ser difícil ser-se casado com Charlotte Rampling e ainda ter tempo para fazer música interessante. (4)