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Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #106 – “White Noise An Electric Storm (FM)”

#106 – “White Noise An Electric Storm (FM)”

Fernando Magalhães
10.05.2002 170500
WHITE NOISE: An Electric Storm (1969)

Trata-se, nunca é demais repeti-lo, do disco pioneiro (embora absolutamente irrepetível e avesso a recuperações…), mais mórbido, divertido, perturbante e fantasmagórico de toda a pop eletrónica.

O tema “The visitation” é uma coise simultaneamente sublime, sensual e medonha (o fantasma de um namorado acabado de morrer por atropelamento que tenta desesperadamente contactar com a sua apaixonada: sons repetidos de um carro que derrapa, suspiros, gritos, ecos, uma voz do além-túmulo segredando promessas de amor eterno, ela à espera para sempre, tudo isto servido por uma melodia do outro mundo e efeitos eletrónicos de cortar a respiração!).

Há ainda uma “Missa negra no inferno” (orgia de percussões e eletrónica, com a presença do improvisador inglês Paul Lytton), pop eletrónica viciante (“Firebird” – “fly me, fly high…psicadelismo astral, único!), erotismo e orgasmos sintetizados e uma sequência/colagem hilariante (“Here come the fleas”).

Quem tem, que se acuse! 🙂

FM

White Noise – “An Electric Storm”

Pop Rock

10 FEVEREIRO 1993
REEDIÇÕES

White Noise
An Electric Storm
CD Island, distri. Bimotor


wn

Quando em 1969 Chris Blackwell, patrão da Island, resolveu dar luz verde ao projecto White Noise, estaria longe de imaginar que, volvidos 24 anos, “An Electric Storm” continuaria a soar tão estranho como na altura em que foi editado. De facto, trata-se de um objecto único criado por David Vorhaus, génio e louco da electrónica, que aqui se fez acompanhar por um séquito de discípulos, entre os quais a cantora Delia Derbyshire e o percussionista Paul Lytton. Surgido na época anterior ao “boom” dos sintetizadores, conta a lenda que “An Electric Storm” foi gravado nota a nota com relíquias que então davam pelo nome de “tone generator” e “ring modulator”. O resultado é um assombro.
“Trip” electro-acústica, manifesto de uma espécie de psicadelismo espectral que até hoje não teve descendência, “An Electric Storm” penetra nas regiões mais recônditas do inconsciente, recorrendo para tal a explorações sonoras que então pareciam impensáveis. Em incursões no lado mais escuro e perigoso da paixão, entre perversões inomináveis e gemidos gravados durante uma orgia (“Love without sound”, “My game of loving”) ou na canção pop em levitação (“Firebird”), até levar o estúdio inteiro á folia, em dois minutos de delírio electrónico que sonorizam uma invasão de pulgas.
Do outro lado do álbum, ergue-se o mistério na obra-prima “The Visitation” – onze minutos de arrepio, onde o fantasma de alguém morto num acidente de viação tenta comunicar com a sua amante viva, que o espera na escuridão de um quarto. Por fim, uma missa negra celebrada no inferno (“Black mass: an electric storm in hell”), instrumental de gritos e percussões em fúria, alegadamente inspirado nos Pink Floyd de “Ummagumma”. David Vorhaus gravaria posteriormente, já na Virgin e no seu estúdio privado usado como um sintetizador gigantesco – o Kaleidophon synthesizer, como lhe chamou –, as sequências “White Noise 2 – Concert for Synthesizer” e, com o selo Pulse, “White Noise 3”. Quanto a este álbum, já parte integrante da lenda, foi adquirido em saldo ao preço ridículo de mil (!) escudos. Vão lá e peçam para vir mais. (10)

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