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Shawn Colvin – “Fat City”

pop rock >> quarta-feira, 03.02.1993
NOVOS LANÇAMENTOS



Shawn Colvin
Fat City
CD Columbia, distri. Sony Music



“Steady On”, o disco estreia de Shawn Colvin, era engraçado, na recriação que fazia da fase “country folk” de Joni Mitchell. Já a sequência é menos feliz. Shawn leva mais longe o mimetismo e a devoção, ao ponto de convidar a própria Joni Mitchell para tocar percussão e bater palmas num dos temas, sendo a produção entregue a Larry Klein, marido e produtor da canadiana dos dentinhos, o que contribui para acentuar ainda mais a semelhança. As canções é que não ajudam, raramente escapando à vulgaridade. Salvam-se dois momentos preciosos, em “Monopoly” e “Set the prairie on fire”, este último uma tradução convincente, em termos de ambiente e sonoridade, de cores e emoções crepusculares criados com a ajuda da “Pedal steel guitar” de Chris Whitley e o órgão Hammond de um velho senhor chamado Booker T. Jones. De resto, nem a presença de Bruce Hornsby, Mary-Chapin Carpenter, Richard Thompson, Alex Acuna e Richie Hayward (Little Feat) entre os convidados consegue evitar o tom morno de um disco sem grandes rasgos mas que se deixa ouvir sem esforço. (6)

Shawn Colvin – “Steady On”

PÚBLICO QUARTA-FEIRA, 4 JULHO 1990 >> Videodiscos >> Pop


SHAWN COLVIN
Steady On
LP e CD, CBS, distri. CBS portuguesa


O mundo vai, progressivamente, tornando-se feminino. As mulheres fingem que não reparam e vão avançando com suavidade, mas em força. À sua maneira. O lado masculino tem consciência da ameaça, mas não parece importar-se muito. Deve pensar que já cumpriu a sua parte e agora merece descansar. Na música o fenómeno é evidente e ninguém se deve queixar. Enquanto as novas divas souberem encantar, não há razões para tal. É o caso de mais uma novata (nisto dos discos, que não na carreira, já longa e, nalguns meios, de certa notoriedade), Shawn Colvin. Depois de dar nas vistas em clubes e ter integrado bandas de “hard rock”, “country” e “bluegrass”, graças a uma voz lindíssima, de entoações suaves e “folky”, chegou por fim ao mundo da indústria, dos números e do vinilo. Em “Steady On” são notórias duas influências, qualquer delas não constituindo motivo de vergonha, antes pelos contrário: Joni Mitchell e, sobretudo, Suzanne Vega, para quem Shawn contribuiu com apoios vocais, em “Solitude Standing” e que agora retribui, cumprindo a mesma função, num dos temas de “Steady On”. Mas, como se sabe, ter boa voz, se é meio caminho andado para o sucesso, não é, porém, o caminho todo. A voz fez-se para cantar. As boas vozes, para cantar boas canções. Há-as excelentes neste disco. Quase todas prendem a atenção. E, mais importante, ao prazer físico proporcionado pelas carícias da voz, junta-se o agrado espiritual, só possível quando acontece verdadeira música. Oiça-se “Shotgun Down In The Avalanche”, talvez o expoente máximo, neste disco, do encanto e tente-se evitar o arrepio…
A produção, ótima, é de John Leventhal e Steve Addabo (que já trabalharam com Vega) e as misturas, de Kevin Killen (U2, Costello, Gabriel, K. Bush). A combinação do estúdio com a frescura e o timbre suave e incisivo da voz de Colvin resultou numa sedutora estreia a escutar atentamente. As mulheres continuam a ganhar.