POP ROCK
25 de Maio de 1994
WORLD
Maio Moço
Amores Perfeitos
Vidisco
A pergunta que muitos devem fazer é: que raio terá passado pela cabeça de Vítor Reino, um dos nomes mais importantes da música portuguesa de raiz tradicional, membro fundador dos Almanaque, Ronda dos Quatro Caminhos e destes Maio Moço, que começaram bem, com “Inda Canto”, mas acabaram, com “Histórias de Portugal” e estes “Amores Perfeitos”, por descarrilar? A solução do mistério é dada pelo próprio Vítor Reino (ver texto na pág. 4 deste suplemento) quando explica que os Maio Moço são actualmente um grupo de “música ligeira”. Para ele, passaram para segundo plano as preocupações artísticas e a responsabilidade angariada no passado. A “recompensa” não se fez esperar, com o aumento imediato de vendas e os Maio Moço a integrarem o lote dos grupos ouvidos e consumidos nas feiras e mercados da província. Um aspecto curioso é o lado didáctico deste como do anterior disco dos Maio Moço. Um resumo da história de Portugal a que se seguiu agora uma resenha, em estilo bem popular, de alguns dos nossos escritores mais conhecidos. Aproveitaram-se de cada um deles excertos de textos para se fazer canções acessíveis e fáceis de dançar. Pontos a favor de “Amores Perfeitos” são o desaparecimento das malfadadas caixas de ritmo e o ressurgimento, embora ainda discreto, da gaita-de-foles. Mas a roda de “chula” e o “popular porrerismo” vigente na maioria dos temas dá a ideia desagradável de que os Maio Moço são actualmente como que a vanguarda daquilo a que já tivemos oportunidade de chamar “Música popularucha portuguesa”. Algo vai mal no reino de Vítor. (3)