Pop Rock
1 MAIO 1991
MAIO MOÇO
Histórias de Portugal, de Dom Afonso Henriques a Dom Sebastião
LP e MC Discossete
Chapéus há muitos. Bons músicos portugueses já há menos. Bons músicos portugueses a trabalhar na área da música popular contam-se pelos dedos. Faz pois muita pena ver Vítor Reino, um dos principais nomes da MPP, fundador da seminal Ronda dos Quatro Caminhos, perder-se pelo caminho, preso nas armadilhas da facilidade e do sucesso. A estas “Histórias de Portugal” aconteceu o mesmo que à Nação após a gesta dos Descobrimentos, ou seja, à aventura e glória sucederam o novo-riquismo e a decadência. É uma espécie de cartilha para o povo, contando episódios da vida dos nossos heróis, desde a fundação até à perda da independência. Musicalmente são dados vários passos atrás, mais parecendo ter-se voltado aos tempos de Pedro Homem de Mello e aos ranchinhos de acordeão e vozes esganiçadas para turista ouvir e comprar. Poder-se-ia falar de um “regresso à pureza das origens”, mas nem isso. Essa pureza e riqueza originais encontram-se bem mais fundo, nas sonoridades medievais que António Tentúgal, com os seus Vai de Roda, tão bem soube recuperar e recriar no “Terreiro das Bruxas”. Arranjos desinspirados, fracas vocalizações e composições vulgares são o preço a pagar pelos discos de ouro e platina? Vítor Reino vendeu a alma ao diabo. História triste. *