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Vários – “Cá Vai Lisboa, Sem Chinela No Pé…”

PÚBLICO SEXTA-FEIRA, 1 JUNHO 1990 >> A Semana >> Na Capa

CÁ VAI LISBOA, SEM CHINELA NO PÉ…

Músicas para todos os gostos, circo, dança, moda, teatro e magia fazem da capital, durante todo o mês de junho, um imenso espetáculo. São as Festas da Cidade, em ano de Stones, para valer.



Lisboa acorda finalmente para a cultura e para a diversão, quase sempre separadas na pesada seriedade das chamadas “temporadas”, mas agora juntas para alegria, espera-se, de todos os alfacinhas. São as Festas da Cidade, com muita música dando vida a diversas zonas da capital habitualmente afogadas no cinzento tristonho do quotidiano.
O cartaz é extenso. As propostas múltiplas e, na maioria das vezes, apetitosas. Os Rolling Stones são o prato forte das festividades, tornando Lisboa capital da Europa a 10 de junho, dia de Portugal, no estádio de Alvalade. Mas o que faz o encanto destas festas é a diversidade e a possibilidade de ter todos os dias à disposição algo para entreter os sentidos, satisfazer a alma ou, simplesmente, tornar um pouco mais interessantes os lugares da cidade que, por força do hábito, nos esquecemos de olhar com olhos de ver.
Por exemplo, logo no dia 1, podemos deparar com leões (não se assustem, são em papel) de Macau, ao vivo, no Rossio. Ou então subirmos a Av. da Liberdade para desembocar em África com os tambores da Guiné. No Largo da Graça, Jorge Palma canta histórias e viagens, enquanto o Repórter Estrábico e o Capitão Fantasma fazem das suas durante todo o mês e pelo Verão fora.
Julinho da Concertina, cabo-verdiano por cá radicado, atuará a 3, 6 e 8, sempre na mais bonita Avenida da cidade, a da Liberdade. O Jazz estará presente através dos Original Pin-Stripe Dixieland Brass Band, o Sexteto de Tomás Pimentel (dia 15, na Praça da Alegria) e os Art Jazz Trio (a 26, no mesmo local). A Orquestra de Câmara de Viena concentra, dia 10, no Jardim da Estrela, as atenções dos “clássicos”, que poderão ainda satisfazer as suas apetências estéticas em concertos espalhados por lugares tão díspares como a Fonte Nova, Campo Pequeno ou Belém.
Dia 16 é dia grande, com a atuação dos Stone Roses, no Pavilhão de “Os Belenenses”. Como grandes serão, também os dias reservados a bandas lusitanas de estirpe insuspeita, como os Madredeus (dia 23, no Tivoli), Sétima Legião (dias 29 e 30 em locais ainda por designar) ou a Lua Extravagante, dos manos Janita e Vitorino (dias 26, 27 e 28). Do Brasil, virá o samba de Waldemar Bastos e Martinho da Vila, que promete fazer tremer as paredes respeitáveis do velhinho Tivoli.
Para além da música haverá, ainda, espaço para o desporto, desfiles de moda e outras manifestações artísticas como espetáculos de teatro, magia, circo, dança ou marionetas. Para além, é claro, das típicas marchas populares – de chinela no pé –, que encherão de cor o pavilhão Carlos Lopes, dias 19 e 21. A festa promete.