#48 – “Fennesz, Biosphere… (FM)”
Fernando Magalhães
03.12.2001 160415
Olá a todos
Comecemos pelo “concerto” dos BIOSPHERE. Que concerto? Em casa ouve-se melhor a música dos excelentes “Substrata” e “Cirque”. Faço minas as palavras de outros forenses que estiveram presentes em Serralves. Que diabo, não teria ficado assim tão caro arranjar um suporte visual qualquer para acompanhar a belíssima música de Geir Jenssen (embora, ao vive, fique sempre a suspeita de estarmos a ouvir, na maioria, sons pré-gravados…).
O anti-acontecimento do ano. Foi pena…
Bastante melhor foi, com efeito, o encontro dos forenses no Labirinto. Imagino que o Mário tenha pago para aí uns 20 contos nos Vodkas .
Também apreciei a celeridade da empregada que servia às mesas no jardim. Super rápida, a miúda! 😀
O Luis M, profundo conhecedor da cidade, confirmou ser um habitué das noites do Porto. 😀
Uma noite bem passada, em suma.
À saída do “concerto”, o Paulo Vinhas, da Matéria Prima, arranjou-me, finalmente, um exemplar do esgotadíssimo “Endless Summer”, do Christian FENNESZ (bem como o “Substrata 2”, de Biosphere e o disco do Rafael Toral, também para a Touch).
Apesar de ainda só ter ouvido o CD (do Fennesz) uma vez, confesso que senti alguma desilusão. Parece-me ser um bom disco, mas não um grande disco. O Fennesz revela-se aqui sobretudo como um “bricoleur” do som e do ruído “harmonizado”, mas os resultados parecem-me não estar à altura do álbum anterior (o do título com as coordenadas geográficas).
Há achados sonoros engraçados, como os do tema de abertura, em que o ruído sugere harmonias quase subliminares, vibrafones cristalinos e sugestões melódicas em temas como “Caecilia” mas sobram sequências demasiado longas daquilo a que chamo “chill out” com rugas…área na qual existe um álbum que reputo de excelente, verdadeiramente hipnótico, na forma como consegue induzir no auditor estados de consciência alternativa, chamemos-lhes assim…: “Pop”, do projecto GAS.
“Endless Summer” pode ser sonicamente mais variado mas não vai tão fundo na investigação psico/musical, como os GAS.
Para já um 7/10, 7,5/10 com alguma boa vontade. Mas é evidente que vou ter que o ouvir mais vezes.
Quanto ao “Substrata”, remasterizado, é uma verdadeira “trip”… já não na biosfera mas na estratosfera
FM
César Laia
03.12.2001 160421
Tenho esse álbum dos GAS em mp3 há mais de um ano e nunca o ouvi! Se calhar está na altura ouvir 😀
Confesso que gosto muito mais do “Endless Summer” que do álbum das coordenadas. Mas gostos são gostos
Ah, e a tua sugestão para ouvir Fridge foi preciosa, o “Happyness” é muito bom! 😀
O Número também foi uma semi-desilusão…
César
np: Safety Scissors “parts water”
Fernando Magalhães
03.12.2001 160445
Atenção, que o CD dos GAS não é de audição fácil. É uma espécie de “ambient” intoxicante, repetitiva, que funciona na forma como põe o cérebro a construir arquitecturas virtuais. Somos nós que acabamos por criar, a partir dos timbres “saturados” que o ouvido recebe, uma sinfonia irreal de sons.
Quanto aos FRIDGE…ehehe…eu recomendo a audição do grupo, sem dúvida, mas não através de “Happiness” (qu quase toda a gente neste forum venerou … ), que considero um álbum de certa forma “falhado”, em comparação com os anteriores e, estes sim, altamente recomendáveis, “Semaphore” e “Eph”.
FM
Mário Z.
03.12.2001 160452
Há um pormenor que “facilita” a audição do álbum dos GAS. É que há por lá temas praticamente iguaizinhos uns aos outros… À “segunda” e à “terceira” já não se estranha tanto. 😉
Mais a sério: apesar de gostar bastante do tipo de som dos GAS (ou não fosse eu fã dos Biosphere), considero que o álbum é um disco em parte falhado, precisamente por causa das desnecessárias “repetições”…
Saudações
Mário
PS: Espero que com novas audições as qualidades do “Endless Summer” possam superar os eventuais defeitos…
Fernando Magalhães
03.12.2001 170511
Se ouvires bem, não são bem “repetições”. Há diferenças subtis de tema para tema.
Também não creio que a música de “Pop” tenha muito a ver com a dos Biosphere. “Pop” terá muito mais a ver com (apesar de na aparência, o som remeter para uma certa ambient tecno…) as estruturas de composição de um Steve Reich ou do próprio Philip Glass da fase inicial. Música mântrica, enfim.
Assim: Espero que com novas audições as qualidades do “Pop” possam superar os eventuais defeitos…
FM
aavv
03.12.2001 170539
Vocês podiam aconselhar-me um disco do Philip Glass para primeira audição? (nunca ouvi nadsa dele) Já há uns tempos que gostava de saber ao que soa, mas não sei por onde é qie hei-de começar.
aavv
Fernando Magalhães
04.12.2001 150353
Bom, há várias vertentes musicais no interior da obra do Philip Glass. Os discos mais recentes (anos 80) são para esquecer. PG a imitar PG, segundo uma fórmula que se institucionalizou por completo.
Para mim, o melhor dele é mesmo o 1º período, das peças monocromáticas, repetitivas e hipnóticas (um efeito semelhante ao dos Gas, embora com texturas sonoras diferentes) até à exaustão, mas ainda sem os tiques que viriam a marcar grande parte da sua discografia posterior. Refiro-me a “Music with Changing Parts” (71) e “Two Pages/Contrary Motion” (73/75), ambos editados pela Elektra Noinsesuch em versões remasterizadas.
Claro, há a ópera “Einstein on the Beach”, de 1978, considerado o seu magnum opus. Recomendo a versão aumentada, melhorada e remasterizada, de 1993.
Também acho muito curioso um disco pouco conhecido dele, o “North Star”, igualmente dos anos 70, em que o minimalismo se aproxima de um certo rock progressivo a la Magma, sob a influência de Carl Orff.
Claro que depois tens as BSO todas, as óperas grandiosas, enfim o PG average que ajudou a destruir o que de fascinante existia na 1ª geração do minimalismo norte-americano.
FM