Arquivo de etiquetas: Fridge

Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #49 – “TRANSCHAMPS, SENSER, FENNESZ, FÜXA… (FM)”

#49 – “TRANSCHAMPS, SENSER, FENNESZ, FÜXA… (FM)”

Fernando Magalhães
05.12.2001 160400
Cá estou, para dar uma palavra amiga a todos os forenses. 🙂

Eis as primeiras patacoadas de hoje:

1 – Devo dizer que acho o “Give it to you”, o tal tema de rock FM que abre “Double exposure”, absolutamente irresistível. Versão rock da música dos andróides Tubeway Army…

2 – O disco dos SENSER para a Neo Ouija que alguns forenses têm andado a citar, não é nada de especial. É até um pouco chato. Trata-se de uma daquelas obras que se limitam a “copiar” determinada escola, neste caso dos AROVANE. A mesma electrónica de cristal, bonitinha, ultra-melodiosa, mas sem ponta de criatividade. Da mesma fornada, prefiro, de longe, os PUB.

4 – Confirmaram-se as impressões prévias sobre “Endless Summer”. Tem pormenores geniais (sobretudo nas metamorfores de ruído em melodia), mas também sequências que se arrastam demasiado tempo, sem que se vislumbre qual o sentido que Fennesz lhes quer dar…

5 – Já que os FRIDGE andam a ser muito citados…Que tal descobrir outra das bandas “reveladas” pelo pós-rock, cuja obra se tem vindo a revelar de grande qualidade, de obra para obra – os FÜXA?

Pedrotaos
05.12.2001 170544

tenho um disco dos Fuxa ..o VWO….do qual gosto bastante principalmente devido aos teclados (hammond?) que por vezes se assemelham a certos temas dos Yo La Tengo.

saudações

p.s.o VWO é o melhor deles ou há algo mais importante por descobrir?

Fernando Magalhães
05.12.2001 190716
O “VWO” é o “Very Well Organized”, certo?

O anterior, “3 Field Rotation” (ed. Ché, 1996) é um carrocel de orgãos electrónicos (creio que Farfisa e não Hammond) inpsirado obliquamente nos Cluster. Lo-fi altamente sedutor.

Mas o meu preferido é “Accretion” (ed. Mind Expansion, 1998) muito mais electrónico, experimental e variado.

Creio que os FÜXA já gravaram outro álbum depois deste, mas ainda não o ouvi.

FM

Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #48 – “Fennesz, Biosphere… (FM)”

#48 – “Fennesz, Biosphere… (FM)”

Fernando Magalhães
03.12.2001 160415

Olá a todos

Comecemos pelo “concerto” dos BIOSPHERE. Que concerto? Em casa ouve-se melhor a música dos excelentes “Substrata” e “Cirque”. Faço minas as palavras de outros forenses que estiveram presentes em Serralves. Que diabo, não teria ficado assim tão caro arranjar um suporte visual qualquer para acompanhar a belíssima música de Geir Jenssen (embora, ao vive, fique sempre a suspeita de estarmos a ouvir, na maioria, sons pré-gravados…).
O anti-acontecimento do ano. Foi pena…

Bastante melhor foi, com efeito, o encontro dos forenses no Labirinto. Imagino que o Mário tenha pago para aí uns 20 contos nos Vodkas .
Também apreciei a celeridade da empregada que servia às mesas no jardim. Super rápida, a miúda! 😀

O Luis M, profundo conhecedor da cidade, confirmou ser um habitué das noites do Porto. 😀

Uma noite bem passada, em suma.

À saída do “concerto”, o Paulo Vinhas, da Matéria Prima, arranjou-me, finalmente, um exemplar do esgotadíssimo “Endless Summer”, do Christian FENNESZ (bem como o “Substrata 2”, de Biosphere e o disco do Rafael Toral, também para a Touch).

Apesar de ainda só ter ouvido o CD (do Fennesz) uma vez, confesso que senti alguma desilusão. Parece-me ser um bom disco, mas não um grande disco. O Fennesz revela-se aqui sobretudo como um “bricoleur” do som e do ruído “harmonizado”, mas os resultados parecem-me não estar à altura do álbum anterior (o do título com as coordenadas geográficas).
Há achados sonoros engraçados, como os do tema de abertura, em que o ruído sugere harmonias quase subliminares, vibrafones cristalinos e sugestões melódicas em temas como “Caecilia” mas sobram sequências demasiado longas daquilo a que chamo “chill out” com rugas…área na qual existe um álbum que reputo de excelente, verdadeiramente hipnótico, na forma como consegue induzir no auditor estados de consciência alternativa, chamemos-lhes assim…: “Pop”, do projecto GAS.
“Endless Summer” pode ser sonicamente mais variado mas não vai tão fundo na investigação psico/musical, como os GAS.

Para já um 7/10, 7,5/10 com alguma boa vontade. Mas é evidente que vou ter que o ouvir mais vezes.

Quanto ao “Substrata”, remasterizado, é uma verdadeira “trip”… já não na biosfera mas na estratosfera 

FM

César Laia
03.12.2001 160421

Tenho esse álbum dos GAS em mp3 há mais de um ano e nunca o ouvi! Se calhar está na altura ouvir 😀

Confesso que gosto muito mais do “Endless Summer” que do álbum das coordenadas. Mas gostos são gostos 

Ah, e a tua sugestão para ouvir Fridge foi preciosa, o “Happyness” é muito bom!  😀
O Número também foi uma semi-desilusão…

César

np: Safety Scissors “parts water”

Fernando Magalhães
03.12.2001 160445

Atenção, que o CD dos GAS não é de audição fácil. É uma espécie de “ambient” intoxicante, repetitiva, que funciona na forma como põe o cérebro a construir arquitecturas virtuais. Somos nós que acabamos por criar, a partir dos timbres “saturados” que o ouvido recebe, uma sinfonia irreal de sons.

Quanto aos FRIDGE…ehehe…eu recomendo a audição do grupo, sem dúvida, mas não através de “Happiness” (qu quase toda a gente neste forum venerou … ), que considero um álbum de certa forma “falhado”, em comparação com os anteriores e, estes sim, altamente recomendáveis, “Semaphore” e “Eph”.

FM

Mário Z.
03.12.2001 160452

Há um pormenor que “facilita” a audição do álbum dos GAS. É que há por lá temas praticamente iguaizinhos uns aos outros… À “segunda” e à “terceira” já não se estranha tanto. 😉

Mais a sério: apesar de gostar bastante do tipo de som dos GAS (ou não fosse eu fã dos Biosphere), considero que o álbum é um disco em parte falhado, precisamente por causa das desnecessárias “repetições”…

Saudações

Mário

PS: Espero que com novas audições as qualidades do “Endless Summer” possam superar os eventuais defeitos… 

Fernando Magalhães
03.12.2001 170511

Se ouvires bem, não são bem “repetições”. Há diferenças subtis de tema para tema.
Também não creio que a música de “Pop” tenha muito a ver com a dos Biosphere. “Pop” terá muito mais a ver com (apesar de na aparência, o som remeter para uma certa ambient tecno…) as estruturas de composição de um Steve Reich ou do próprio Philip Glass da fase inicial. Música mântrica, enfim.

Assim: Espero que com novas audições as qualidades do “Pop” possam superar os eventuais defeitos… 

FM

aavv
03.12.2001 170539

Vocês podiam aconselhar-me um disco do Philip Glass para primeira audição? (nunca ouvi nadsa dele) Já há uns tempos que gostava de saber ao que soa, mas não sei por onde é qie hei-de começar.

aavv

Fernando Magalhães
04.12.2001 150353

Bom, há várias vertentes musicais no interior da obra do Philip Glass. Os discos mais recentes (anos 80) são para esquecer. PG a imitar PG, segundo uma fórmula que se institucionalizou por completo.

Para mim, o melhor dele é mesmo o 1º período, das peças monocromáticas, repetitivas e hipnóticas (um efeito semelhante ao dos Gas, embora com texturas sonoras diferentes) até à exaustão, mas ainda sem os tiques que viriam a marcar grande parte da sua discografia posterior. Refiro-me a “Music with Changing Parts” (71) e “Two Pages/Contrary Motion” (73/75), ambos editados pela Elektra Noinsesuch em versões remasterizadas.

Claro, há a ópera “Einstein on the Beach”, de 1978, considerado o seu magnum opus. Recomendo a versão aumentada, melhorada e remasterizada, de 1993.

Também acho muito curioso um disco pouco conhecido dele, o “North Star”, igualmente dos anos 70, em que o minimalismo se aproxima de um certo rock progressivo a la Magma, sob a influência de Carl Orff.

Claro que depois tens as BSO todas, as óperas grandiosas, enfim o PG average que ajudou a destruir o que de fascinante existia na 1ª geração do minimalismo norte-americano.

FM

Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #24 – “Fridge vs. Rechenzentrum (+ Lilac Time)”

#24 – “Fridge vs. Rechenzentrum (+ Lilac Time)”

Fernando Magalhães
10.10.2001 130133

Achei o “Happiness” dos FRIDGE, uma desilusão, comparado com os anteriores “Semaphore” e “Eph”.
Há uma colagem óbvia ao Steve Reich dos anos 60, nos temas mais “acústicos”. O lado electrónico é previsível e estende-se por demasiado tempo, sem que as ideias apareçam. Há uma ou outra faixa engraçada (“Drum machine and glockenspiel”, por ex.) mas o disco cansou-me. E aquelas guitarras “pós-rock” já me dão cabo da paciência.

Em contrapartida, no novo “The John Peel Session” os RECHENZENTRUM arriscaram tudo. O groove endureceu, sons concertos abateram-se sobre a mistura, há uma incursão de música de cãmara no meio da tecno mutante de “Solaris” e do tema que vem a seguir. Percussões industriais e samples misteriosos abatem-se sobre os sintetizadores. Um passo inesperado e estimulante, em relação ao anterior e altamente dançável “Rechenzentrum”.

saudações electro

FM

PS-Os The LILAC TIME são uma banda pop bem engraçada. Ouvi ontem “Compendium – The Fontana TRinity”. Apesar de uma extensão algo excessiva (o CD é duplo, com cerva de 2h30) encontram-se canções pop “com sabor a clássico”, instrumentais neo-folk e melodias tipo Lightning Seeds. Os apreciadores de pop “mesmo pop”, luxuosamente arranjada e apresentada, terão aqui bom material para se entreter.

Pedrotaos
10.10.2001 160416

por acaso acho o “happiness” uma maravilha,mas é mesmo assim…é a história da vaginas 

mas partilho da fascinação pelo novo dos Rechenzentrum,cheio de texturas bizarras com clicks & cuts a criarem ritmos para um baile de robots….alguns temas fazem-me lembrar Isolee.

saudações

Fernando Magalhães
10.10.2001 170515

“História da vaginas”????? Explica lá essa, evitando a utilização de palavras equivalentes a “tu-sabes-qual-começada-por-um-B-e-acabada-noutro-B-com-um-O-no-meio”.

O problema do novo FRIDGE, banda que sempre estimei bastante, está em que vislumbro nele uma série de pormenores, alguns deles interessantes, que depois não adiantam nem atrasam, talvez até, pela excessiva duração da maioria dos temas, sem que tal se justifique. Dá ideia de que o grupo resolveu inovar, introduziu na sua música elementos novos, mas depois não soube o que fazer com eles.

Exactamante o oposto do que os RECHENZENTRUM conseguiram fazer, já que o novo álbum também representa uma ruptura com o disco anterior. No caso dos alemães, ruptura que se traduziu num objecto tão coerente como fascinante e verdadeiramente experimental.

FM