pop rock >> quarta-feira >> 23.11.1994
Mike Oldfield
The Songs Of Distant Earth
WEA, distri. Warner Music

Confesso que tinha esperança. Depois de “Tubular Bells, parte 2: “A golpada”, esperava que o velho Mike emendasse a mão e mostrasse ser capaz, pelo menos, de igualar a qualidade, sem recuar aos primeiros álbuns, de “Amarok”. Puro engano. Apoiado numa ideia ambiciosa – pôr em música a obra do escritor de ficção científica Arthur C. Clarke, “The Songs of Distant Earth” – e em meios técnicos de grande envergadura, que incluem a edição em CD-ROM, este novo trabalho do autor de “Tubular Bells” jamais ultrapassa a ostentação desses mesmos meios, revelando uma confrangedora falta de inspiração e uma total incapacidade para evitar os “clichés” que fizeram a imagem de marca do autor. “The Songs of Distant Earth” é uma colagem de lugares-comuns electrónicos, vertente “new age” cósmico-ecológica, feitos em computador, que se perdem na repetição dos mesmos esquemas gastos de sempre. As presenças de um percussionista indiano bem como a utilização de cantos “saami” e outros “gadgets” – há mesmo uma secção intitulada “Tubular World” – destinados unicamente a valorizaro produto do ponto de vista do “marketing”, não ultrapassam a anedota. Como anedóticas são igualmente a participação de Molly Oldfield (a filha, a prima, a tia, a mulher?) ou do agrupamento de música antiga Tallis Scholars, nivelados pela bitola da inutilidade e irrelevância gerais deste novo acesso de megalomania do compositor Arthur C. Clarke, na capa luxuosamente enfeitada com grafismos de computador, diz ao músico o seguinte: “Welcome back into space, Mike: There’s still lots of room here”. É o melhor que ele tem a fazer. Vai, Mike, vai para o espaço! Vai e não voltes! (3)

















