Janis Joplin – “‘Blues’ Cósmicos” (televisão / TV 2 / Euroritmias)

rádio e televisão >> quinta-feira, 28.01.1993

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“Blues” Cósmicos



JANIS JOPLIN nasceu a 19 de Janeiro de 1943 e morreu a 4 de Outubro de 1970. Tinha 27 anos bem vividos. Vividos de mais. O programa desta tarde celebra o aniversário de nascimento da cantora que ao alado de Jimi Hendrix e Jim Morrison formou a tríade maldita do rock nos anos 60. Não chega a meia hora de programa. Pouco, para quem, como ela, ensinou às mulheres o desempenho, em música, de outros papéis além das doçuras hippies personificadas por gente como Joan Baez, Judy Collins e Melanie.
Era branca mas tinha a voz e a força interior de uma negra (embora os negros não se deixassem impressionar. Alguém da editora Stax criticou mesmo com alguma dureza uma actuação de Janis Joplin em Memphis, 1968). Como tal, Janis amava os “blues”, que interpretava de forma pessoal. Dos “blues”, dos seus “blues”, fez literalmente um modo de vida. Os “blues” que haveriam de consumi-la depois de lhe concederem a glória, num álbum que marcou a sua época: “I Got Dem Ol’ Kozmic Blues Again, Mama”.
Enquanto cantava, Janis Joplin gozava e sofria em doses iguais. Foi assim durante o relâmpago que iluminou a sua vida e a sua carreira. Até outra dose. Esta mortal, a levar para onde a inspiração dispensa o sacrifício da carne. Em palco, Janis libertava-se. Melhor dizendo, excedia-se. Entregava-se. Essa entrega, como quase sempre acontece a quem não pode ou não quer parar, foi-lhe fatal. Garrafa de “whisky” na mão, cabelos em desalinho, rosto de criança sulcado por rugas precoces, compunham a imagem da cantora rebelde que, afinal, se expunha para se esconder.
Mas era a voz, rouca, gutural, moldada pelo álcool e sustentada pela heroína, que causava assombro. Uma voz que chorava. Uma voz que gritava. Uma voz que se deixou aprisionar em disco em três álbuns apenas: “Cheap Thrills”, gravação ao vivo de 1968, com os Big Brother and the Holding Company, “I Got Dem Ol’ Kozmic Blues Again, Mama”, a obra-prima de 1969, e “The Pearl”, último de originais, de 1971, deixado incompleto por causa da “overdose” de heroína que um ano antes pusera fim à sua vida.
Fizeram-se posteriormente algumas compilações: “Janis” (banda sonora de um documentário realizado em 1974), “Anthology” (1980), “Farewell Song” (1982 e uma biografia, “Buried Alive”, 1973, por Myra Friedman. Bette Midler não conseguiu destruir o mito, na reencarnação em registo de histeria que fez da cantora, em “The Rose”. Hoje já ninguém fala muito de Janis Joplin – “The Pearl”, como ficou conhecida para a posteridade. O programa desta tarde não chega a meia hora.
Euroritmias
TV 2, às 15h30

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