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Mathilde Santing – “Tudo De Novo Por Baixo Do Sol” (concertos | antevisão)

pop rock >> quarta-feira >> 30.11.1994


Tudo De Novo Por Baixo Do Sol

Mathilde Santing
Dia 2, Teatro Sá da Bandeira, Porto, 22h
Dia 3, Convento do Beato, Lisboa, 22h


A linhagem nobre das grandes vozes femininas actuais passa por Mathilde Santing, cantora holandesa que pela primeira vez vem cantar a Portugal, acompanhada pelo seu novo grupo de apoio instrumental, Whole Band. Gerindo até à data da melhor forma a sua carreira e discografia, introduzindo em cada novo álbum diferenças de registo que tornam irrelevante o facto de não ser compositora, Mathilde Santing tem ainda a preocupação de conferir uma unidade forte a todos os seus trabalhos.
No início era a Pop electrónica, num mini-álbum intitulado “Behind a Painted Smile”. Seguiu-se aquele que muitos consideram ser a sua obra fundamental, “Water under the Bridge”, com canções de tonalidades surreais, Pop de câmara, como alguém lhe chamou, nascida em grande parte da inspiração do compositor e arranjador Dennis Duchhart. Com “Out of this Dream” teve início a faceta de cantora-intérprete sofisticada, na interpretação de canções de autores como Todd Rundgren, Tom Waits, os Squeeze ou a dupla Bacharah & David, quebrada em certa medida no álbum seguinte, “Breast & Brow”, pela presença da personalidade musical forte da pianista japonesa Mimi Izumi Kobayashi. John Cale, Henry Nilsson e Roddy Frame são alguns dos compositores aos quais a holandesa emprestou neste disco a sua voz.
Em “Carried Away” Mathilde Santing interpreta por sua vez um naipe de autores que inclui Robert Cray, Jules Shears e os Doors, para no álbum seguinte, “Texas Girl & Pretty Boy” se concentrar exclusivamente nas canções de Randy Newman.
“Under a Blue Roof”, o seu disco mais recente, onde além da presença assídua de Todd Rundgren, se estreiam canções de Joan Armatrading e Peter Blegvad, mostra nova inflexão na escolha de reportório, revelando as múltiplas matizes de uma sensibilidade capaz de se fazer entender por caminhos onde uma sensualidade subtil se alia à inteligência e a um grande rigor formal. Caminhos até há pouco tempo percorridos em primeira escolha nas rotas do intimismo mas que agora se abrem, num sobressalto de sol, para a luz do dia, ao colo dos ritmos “funky” e da energia do rock’n’roll.