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Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #24 – “Fridge vs. Rechenzentrum (+ Lilac Time)”

#24 – “Fridge vs. Rechenzentrum (+ Lilac Time)”

Fernando Magalhães
10.10.2001 130133

Achei o “Happiness” dos FRIDGE, uma desilusão, comparado com os anteriores “Semaphore” e “Eph”.
Há uma colagem óbvia ao Steve Reich dos anos 60, nos temas mais “acústicos”. O lado electrónico é previsível e estende-se por demasiado tempo, sem que as ideias apareçam. Há uma ou outra faixa engraçada (“Drum machine and glockenspiel”, por ex.) mas o disco cansou-me. E aquelas guitarras “pós-rock” já me dão cabo da paciência.

Em contrapartida, no novo “The John Peel Session” os RECHENZENTRUM arriscaram tudo. O groove endureceu, sons concertos abateram-se sobre a mistura, há uma incursão de música de cãmara no meio da tecno mutante de “Solaris” e do tema que vem a seguir. Percussões industriais e samples misteriosos abatem-se sobre os sintetizadores. Um passo inesperado e estimulante, em relação ao anterior e altamente dançável “Rechenzentrum”.

saudações electro

FM

PS-Os The LILAC TIME são uma banda pop bem engraçada. Ouvi ontem “Compendium – The Fontana TRinity”. Apesar de uma extensão algo excessiva (o CD é duplo, com cerva de 2h30) encontram-se canções pop “com sabor a clássico”, instrumentais neo-folk e melodias tipo Lightning Seeds. Os apreciadores de pop “mesmo pop”, luxuosamente arranjada e apresentada, terão aqui bom material para se entreter.

Pedrotaos
10.10.2001 160416

por acaso acho o “happiness” uma maravilha,mas é mesmo assim…é a história da vaginas 

mas partilho da fascinação pelo novo dos Rechenzentrum,cheio de texturas bizarras com clicks & cuts a criarem ritmos para um baile de robots….alguns temas fazem-me lembrar Isolee.

saudações

Fernando Magalhães
10.10.2001 170515

“História da vaginas”????? Explica lá essa, evitando a utilização de palavras equivalentes a “tu-sabes-qual-começada-por-um-B-e-acabada-noutro-B-com-um-O-no-meio”.

O problema do novo FRIDGE, banda que sempre estimei bastante, está em que vislumbro nele uma série de pormenores, alguns deles interessantes, que depois não adiantam nem atrasam, talvez até, pela excessiva duração da maioria dos temas, sem que tal se justifique. Dá ideia de que o grupo resolveu inovar, introduziu na sua música elementos novos, mas depois não soube o que fazer com eles.

Exactamante o oposto do que os RECHENZENTRUM conseguiram fazer, já que o novo álbum também representa uma ruptura com o disco anterior. No caso dos alemães, ruptura que se traduziu num objecto tão coerente como fascinante e verdadeiramente experimental.

FM

Rechenzentrum – The John Peel Session

12.10.2001
Rechenzentrum
The John Peel Session
Kitty-Yo, distri. Symbiose
8/10

LINK (Silence)

Sob o patrocínio do eterno dj John Peel, os Rechenzentrum tiveram a coragem de entrar em ruptura com o Groove a jacto que caracteriza o álbum anterior “Rechenzentrum”, um dos mais inteligentemente dançáveis do ano passado. “The John Peel Session” é uma experiência exploratória para fora desse território. “Vlotho exter” entra nos domínios da música acusmática, “Norden” é uma fantástica aliança de batimentos cardíacos e deflagrações industriais, “Vom boot zum haus” um interlúdio de música e câmara tentada pelo atonalismo, funcionando como separador de “Solaris”, e “Vertikal”, quinze minutos de tecno mutante, para dançar mas também para fugir de uma avalancha de pedregulhos. É que a música dos Rechenzentrum, de líquida passou a rochosa, como se as máquinas tivessem sido voluntariamente contaminadas por um vírus e obrigadas a enfrentar um bloqueio. “The John Peel Session” alinha-se, surpreendentemente, ao lado dos Mouse on Mars mais experimentais.

Rechenzentrum – Rechenzentrum

26.05.2000
Rechenzentrum
Rechenzentrum (8/10)
Kitty-Yo, distri. Symbiose


rech

Sabem aqueles jogos de computador cheios de corredores e galerias que se percorrem de trás para diante à procura de uma porta de saída para o “exterior”? A música dos Rechenzentrum, mais um grupo alemão para quem a electrónica é um modo de vida, funciona da mesma maneira. Entra-se nela como num labirinto e torna-se difícil sair de lá. A princípio parece que o caminho é sempre em frente. O “Groove” estabelece-se de entrada, em “Absent minded”, com o rigor de uma tabela matemática, implacável, algures entre a pista de dança e um quarto deixado vago pelos Kraftwerk. Mas no “Das Hillsbach Triptychon” que se segue, a imagem perde em linearidade para se pulverizar num mosaico de microrritmos em rotação e o mesmo tipo de refracções “dub” que os Kreidler usaram no seu álbum de remisturas, “Resport”. A terceira e última parte do tríptico, “Ausnhame”, é um fantástico momento de electrónica com um “smile” enorme afixado no monitor do computador, samba cibernético onde cada som se solta como uma colorida serpentina de ADN. O longo “Bildschirmschoner” provoca, por seu lado, um estado de hipnose profunda ao fim de alguns minutos. Tecno-Prozac elaborado no mesmo laboratório de química dos L@n, transmite informação subliminar ao córtex cerebral. “Remix”, “Camera silens/SFB 115”, o misterioso “Uecker randow” (na linha dos Tarwater recentes), o par “Submarine” e “King ant” (Tone Rec m versão “softcore”), “Planet Janet” (um vencedor, em qualquer pista de dança alternativa) e “Samurai”, industrial a la Funkstörung, completam o alinhamento de mais este objecto incontornável da nova fábrica de música electrónica alemã.