Pop Rock
20 de Setembro de 1995
Álbuns poprock
Mike Scott
Bring ‘em All In
CHRYSALIS, DISTRI. EMI – VC
O trovador dos Waterboys converteu-se o misticismo. Tem antecedentes ilustres, como Dylan ou Van Morrison. “Bring ‘em all in” é um manifesto de amor, de fé e de abandono. À Natureza, a uma cidade – Dublin, através dos seus fantasmas -, mas também ao seu berço escocês, Edimburgo, sem esquecer o mulherio, que lhe quebra um pouco a veia ascética, num tema como “I know she’s in the building”. Como Dylan, uma das suas influências subliminares, Mike Scott serve-se com altivez da balada e de um rock clássico e convencional para fazer passar uma mensagem idealista que, em última análise, é de natureza evangélica. Mas, se é verdade que o cantor faz questão de nos apontar a via da libertação e da salvação, não o é menos que este processo nunca funciona pela imposição, sendo antes as suas intuições e crenças pessoais o motor de um álbum feito primeiro que tudo de descobertas. A esta convicção com que o cantor dos Waterboys nos garante que é possível construir uma “cidade de luz” (no tema final, épico e com todas as possibilidades de se transformar num hino, “Building the city of light”, afinal um lugar que, como alguém já cantara antes, existe em primeiro lugar dentro da cabeça) corresponde a maneira não menos convicta como continua a assumir a sua herança céltica, seja na inspiração temática de “Iona song” seja na própria estrutura musical do tema de abertura, “Bring ‘em all in”, em que se apropria dos ritmos vocais típicos do “puirt a beul” ou “mouth music” tradicional. (7)