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Vários – “Festivais De Verão – Festa No Bosque Dos Druidas” (concertos / festivais / destaque)

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sexta-feira, 4 Julho 2003
destaque


FESTIVAIS DE VERÃO

Festa no bosque dos druidas

Vizela, Sines e Sendim são os polos da música tradicional neste Verão


No ainda jovem Intercéltico de Vizela, o ambiente conta muito para o sucesso das celebrações em torno da nova cultura com origem na história e imaginário célticos. Os galegos Berroguetto, do multi-instrumentista Anxo Pinto, garantem nota máxima para um festival que terá bandas de gaitas a tocar pelas ruas e uma festa no “bosque dos druidas”, onde público e músicos se juntam para uma viagem pelas tradições milenares, de união e convívio com a música e a Natureza. Em Sendim os celtas estão vivos. Além da presença dos espanhóis Luétiga, o acontecimento será o regresso a Portugal dos Dervish (e, logo, da voz de Cathy Jordan), num festival que encerra com o ritual de uma Missa Intercéltica, onde os homens e os deuses comunicam ao som das gaitas-de-foles. Mais a sul, o castelo de Sines abre-se às músicas do mundo. Como sempre com uma proposta de programação que distingue várias vertentes da “world”, ao ponto de, este ano, trazer o Kronos Quartet, grupo de cordas com especial predileção pela destruição dos dogmas. Para derreter, haverá “reggae” pelos The Skatalites.

Kronos Quartet – Estrategas Da Heresia – concerto

Pop Rock

14 de Dezembro de 1994

ESTRATEGAS DA HERESIA


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Responsáveis pelo desmantelamento de tabus culturais que recusavam a convivência de músicas tidas por parentes afastadas entre si, os Kronos Quartet, quarteto de cordas formado em 1973, tornaram-se nos últimos anos uma espécie de mensageiros que obrigam a repensar papéis e posições até há pouco tempo considerados estáveis e estanques na música deste século. Também nos últimos anos o sucesso do seu projecto tem chamado cada vez mais a atenção de músicos de diversas áreas que neles encontram um “input” formal diferente. Lado a lado com a justa popularidade do grupo e a importância da sua proposta, há evidentemente em todo este fenómeno uma quota-parte de movimentações ditadas por uma moda de momento. Estamos a recordar-nos por exemplo da opinião de um conceituado músico da cena “downtown” nova-iorquina, que há alguns anos actuou em Lisboa, sobre os Kronos Quartet, para quem escrevera uma composição. Dizia o tal músico conceituado que não gostava do grupo mas achava importante escrever para eles.
Seja como for, aos Kronos Quartet – que, se bem alguns se recordam, já tocou há uns anos em Portugal, no cinema Tivoli – se deve o derrube ou a abolição de muitas fronteiras. Servindo-se dos instrumentos de corda tradicionais de um modo revolucionário, extraindo deles sonoridades “heréticas”, obtidas tanto através dos métodos tradicionais como de outros bastante mais heterodoxos, os Kronos Quartet conseguem, a partir de um formato na aparência limitado a estilos musicais determinados, englobar na sua estética e nas suas estratégias, por vezes de guerrilha, a música de compositores tão distintos entre si como Shostakovich, Webern, Bartók, Ives, Piazolla, Cage, Raymond Scott e Howlin’ Wolf, Jimi Hendrix, Terry Riley, Witold Lutoslawski, John Zorn, Gorecki, Morton Feldman, Don Byron, Foday Musa Suso, Scott Johnson, John Adams, Philip Glass, Bob Ostertag, Pat Metheny e John Oswald, entre outros.
O Kronos Quartet é formado por David Harrington, violino, John Sherba, violino, Hank Dutt, viola de arco, e Joan Jeanrenaud, violoncelo.
Do programa fazem parte as peças “Mugam sayagi”, de Franghiz Ali-Zadeh, um compositor do Azerbeijão, “Dinner music for a pack of hungry cannibals”, “Powerhouse” e “Twilight in Turkey”, de Raymond Scott, pioneiro da música electrónica dos Estados Unidos, “Mtukwekok Naxkomao”, de Brent Michael Davis, um fusionista interessado no cruzamento das músicas étnicas com a electro-acústica, “Quarteto no. 4” de Sofia Gubaidulina, representante da nova música russa, “Mach”, de John Oswald, adepto das colagens sonoras e director do “Mystery Laboratory”, um complexo de pesquisa áudio e sensorial, produção e difusão, e “The book of alleged dances”, de John Adams, minimalista, neoclássico e ocasional pesquisador electrónico razoavelmente conhecido entre nós.

KRONOS QUARTET
15 de Dezembro, Caixa Geral de Depósitos



Kronos Quartet – “All the Rage”

Pop Rock

24 NOVEMBRO 1993
NOVOS LANÇAMENTOS POPROCK

Kronos Quartet
All the Rage

Elektra Nonesuch, distri. Warner Music


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A capa mete medo, na linha de algumas monstruosidades gráficas recentes de John Zorn com os Naked City. A música, a seu modo, também. “All the rage” é uma peça de dezasseis minutos e quinze, escrita por Bob Ostertag (guitarrista, desestruturalista, tocou com Fred Frith e companhia, gravou a solo, entre outros os álbuns “Expeditions”, “Getting a Head”, “Attention Span” e “Sooner or Later”), que ocupa a totalidade do CD, com distorções e dissonâncias várias dos instrumentos de corda, sobre um fundo de gritos da turba, vidros de janela partidos, apitos e uma voz narrativa a contar uma história de raiva, discriminação e violência. É uma história triste, que começou pela recusa de um político californiano em proclamar uma medida destinada a proteger os homossexuais de ambos os sexos da discriminação e acabou em pandemónio. Ostertag gravou a manifestação de protesto que então se realizou e dela seccionou palavras de ordem gritadas pela multidão ou incitamentos de fúria, como “Burn it”, soltos no próprio momento em que o edifício estatal já ardia. Os apitos que se ouvem com insistência, soprados em uníssono na ocasião por milhares de manifestantes, são usados na rua pelos “gays” e lésbicas para pedirem socorro quando são atacados. Os Kronos Quartet ouviram todo este caos e procederam à transcrição das várias alturas de som dos ruídos de rua para a partitura das cordas. A ideia é boa. A intenção e o alcance político e polémico da coisa é indiscutível, os ouvidos é que sofrem um pouco. Não é fazer discriminação, mas, ao fim destes quinze minutos de tortura, mesmo pelo Kronos Quartet, o que apetece mesmo fazer é desatar também a apitar, pedindo socorro. (4)

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