Kronos Quartet – “All the Rage”

Pop Rock

24 NOVEMBRO 1993
NOVOS LANÇAMENTOS POPROCK

Kronos Quartet
All the Rage

Elektra Nonesuch, distri. Warner Music


kq

A capa mete medo, na linha de algumas monstruosidades gráficas recentes de John Zorn com os Naked City. A música, a seu modo, também. “All the rage” é uma peça de dezasseis minutos e quinze, escrita por Bob Ostertag (guitarrista, desestruturalista, tocou com Fred Frith e companhia, gravou a solo, entre outros os álbuns “Expeditions”, “Getting a Head”, “Attention Span” e “Sooner or Later”), que ocupa a totalidade do CD, com distorções e dissonâncias várias dos instrumentos de corda, sobre um fundo de gritos da turba, vidros de janela partidos, apitos e uma voz narrativa a contar uma história de raiva, discriminação e violência. É uma história triste, que começou pela recusa de um político californiano em proclamar uma medida destinada a proteger os homossexuais de ambos os sexos da discriminação e acabou em pandemónio. Ostertag gravou a manifestação de protesto que então se realizou e dela seccionou palavras de ordem gritadas pela multidão ou incitamentos de fúria, como “Burn it”, soltos no próprio momento em que o edifício estatal já ardia. Os apitos que se ouvem com insistência, soprados em uníssono na ocasião por milhares de manifestantes, são usados na rua pelos “gays” e lésbicas para pedirem socorro quando são atacados. Os Kronos Quartet ouviram todo este caos e procederam à transcrição das várias alturas de som dos ruídos de rua para a partitura das cordas. A ideia é boa. A intenção e o alcance político e polémico da coisa é indiscutível, os ouvidos é que sofrem um pouco. Não é fazer discriminação, mas, ao fim destes quinze minutos de tortura, mesmo pelo Kronos Quartet, o que apetece mesmo fazer é desatar também a apitar, pedindo socorro. (4)

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