Pierce Turner – “Now Is Heaven”

Pop-Rock / Quarta-Feira, 05.06.1991


PIERCE TURNER
Now Is Heaven
LP / CD, Beggars Banquet, distri. Ananana



Começou apadrinhado por Philip Glass e logo se lhe adivinharam tendências minimalistas para a feitura de óperas, que decerto superariam quaisquer “Einsteins na Praia”. Falso alarme. Pierce Turner aprecia sobretudo uma boa canção, de preferência nostálgica, sugerindo origens célticas e apetências melódicas insuspeitáveis. Nada de genial, mas suficientemente agradável para não se lhe voltar as costas. Na modesta opinião do crítico, por natureza voltado para as franjas, digo, tranças, mais radicais da música actual, “Now Is Heaven” oscila entre os arranjos Pet Shop Boys da abertura ou de “Zero here”, as baladas imediatamente referenciáveis à tradição irlandesa, e o inacreditável “rap” em câmara lenta que é “Sunday Night Yap”. Pierce Turner navega por águas musicalmente mornas. Não é o mesmo que “águas mortas”. ***

Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #121 – “Jazzy sounds, anyone !! (dubby)”

#121 – “Jazzy sounds, anyone !! (dubby)”

Fernando Magalhães
29.06.2002 030341
WEATHER REPORT

Excelentes: “I Sing the Body Electric” e “Sweetnighter”

Muito bom: “Mysterious Traveller”

Bons: “Night Passage” e “Procession”.

HERBIE HANCOCK:

Fantásticos: “Maiden Voyage”, “Sextant” e “Head Hunters”

São estes os meus preferidos.

Vi há anos os WEATHER REPORT ao vivo, num concerto na FIL. Em termos de energia e de virtuosismo foi de tirar a respiração!

Danny Gatton – “88 Elmira St.”

Pop-Rock / Quarta-Feira, 22.05.1991


DANNY GATTON
88 Elmira St.
LP e CD, Elektra, distri. Warner Music port.



A revista “Guitar World” chamou-lhe “o melhor guitarrista desconhecido do mundo”. Danny Gatton é tímido, não dança nem canta. “Os meus dedos chegam para me manter ocupado”, diz. E isso chega para revelar um grande guitarrista. Quando era pequeno surpreendeu tudo e todos, tocando banjo “a mil à hora”, como diziam os pais, num programa televisivo de música country. Os outros músicos não o conseguiram acompanhar. Mas então, trata-se de um artista de circo a mostrar as suas habilidades? Nada disso. Com os anos, Danny Gatton aprendeu a conter-se e a utilizar todas as guitarras postas à sua disposição (desde as Gibson e Fender Telecaster até modelos especialmente concebidos para si) da melhor maneira. “88 Elmira St.” Não é um grande disco, valendo essencialmente pelo virtuosismo do guitarrista, à vontade em géneros tão diferentes como o rockabilly (“Elmira St. Boogie”), os blues (“Blues Newburg”), a rumba (“Quiet Village”), a música sul-americana (“Red Label”) ou na versão do clássico dos Beach Boys “In My Room”. Em “Mutha Ship” o órgão Hammond limpa o terreno para a guitarra se soltar com a elegância do galope de um cavalo de raça. Arquive-se em “especial instrumental”. ***