James Taylor – “New Moon Shine”

Pop-Rock / Quarta-Feira, 13.11.1991


JAMES TAYLOR
New Moon Shine
LP / MC / CD, Columbia, distri. Sony Music



“Sweet baby james” fez derreter muitos corações, há duas décadas atrás. Depois, muita água passou sob os moinhos e James Taylor remeteu-se para um “low profile” discreto, talvez consciente que os tempos que se haveriam de seguir não davam para grandes odisseias sentimentais. Passados todos estes anos, com o casamento com Carly Simon pelo meio (ideal para a manutenção de forma e a edição de uns disquitos em regime de comunhão de bens), o cantor regressa, seguindo à risca o título do álbum de 88, “Never Die Young” e a moda recente do levantamento colectivo das múmias da Pop.
“New moon shine” começa por prometer muito, com as sugestões intimistas e a elegância do tema de abertura “Copperline”. Infelizmente, cedo se verifica que para James Taylor nada mudou. Não há nada a fazer senão enjoarmo-nos, se a tal estivermos dispostos, com a espessa camada de mel que tudo encobre, embalada nas convenientes roupagens “FM”. E, no entanto, lá estão, na ficha técnica: Branford Marsalis, os irmãos Brecker, Steve Gadd e Don Alias. Apreciador de jazz sofre… (3)

Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #126 – “Hoje não há thread de discos ouvidos (Mário Z.)”

#126 – “Hoje não há thread de discos ouvidos (Mário Z.)”

Fernando Magalhães
12.07.2002 160453
O BERNARD PARMEGIANi é provavelmente o mais importante compositor de música eletrónica/eletroacústica deste século, à frente dos igualmente importantes FRANÇOIS BAYLE, MICHEL CHION, MICHEL REDOLFI, CHRISTIAN ZÁNESI, etc, ou seja, a escola francesa ligada à INA. GRM (Institut National de L’Audiovisuel – Groupe de Recherches Musicales), que é também uma editora, aquela, aliás, onde “La Création du Monde” foi editada. Esta peça foi composta entre 1982 e 1984 e a primeira edição em disco, creio, é de 1991. O CD que tenho é já de 2000.

“La Création du Monde” é, juntamente com “De Natura Sonorum”, uma das obras fulcrais do compositor, de quem, aliás, escrevi há uns anos uma crítica no SONS, a propósito de uma edição pela Ananana (?), Matéria Prima (?), de outro álbum excelente, “Pop’Eclectic”.

“la Création du Monde” é, de certa forma, também a criação da música. Uma magma de eletrónica à base de texturas e granulados que vão do telúrico ao celestial, sons “sensíveis”, quase palpáveis, numa metamorfose constante em busca da luz. Entre a abstração “monstruosa” e pulsações cósmicas, uma obra total. Fennesz e os tipos todos que só agora aprenderam a gatinhar 😀 devem tudo a este senhor.

És capaz de gostar muito é do FRANÇOIS BAYLE, cuja música é mais rendilhada e, em certo sentido, subtil e delicada, mais próxima da eletrónica que se fala aqui no fórum. Todos estes CDs se encontram na VGM (no Príncipe-Real, o “Paraíso” da eletrónica contemporânea, mas também música antiga, edições de jazz fabulosas já retiradas do mercado, etc).

FM

Timbuk 3 – “Big Shot In The Dark”

Pop-Rock / Quarta-Feira, 30.10.1991


Timbuk 3
Big shot in the dark
LP / MC / CD, I.R.S., distri. EMI-VC



Pat e Barbara MacDonald continuam a inventar uma América de sonho. Mesmo se, na relação ambígua com o título, a capa mostra o ataque cerrado de uma legião de espermatozoides à fortaleza do óvulo. Terceiro álbum de originais, a seguir a “Greetings from Timbuk 3” e “Edge of Allegiance”, o novo disco envereda por um registo difícil de definir: vias aparentemente bem demarcadas, como o “funky” ou a “pop de guitarras”, adquirem, por força de uma subtil operação de desfocagem, contornos imprevisíveis. Os Timbuk 3 observam a Pop com os olhos de alienígena. Verdadeiros cowboys espirituais (o som da harmónica evoca, ao longe, os espectro dos Wall of Voodoo) levitam sobre uma Disneylândia abandonada e estradas ao crepúsculo. O frenesim de “Two medicines” e “Big shot in the dark” dissemina-se por sombras e paisagens nocturnas, à custa de arranjos atmosféricos e das estranhas inflexões vocais da dupla. Ecos dos Dire Straits, em “Mudflap girl”, as entoações dylanianas de “Dis***land” (was made for you & me)”, a fantasmagoria de “Wake up little darlin”, digna de Tim Buckley, ou o incenso psicadélico de “49 Plymouth” aumentam ainda mais o ambiente geral de estranheza. Belo, diferente e bizarro. (8)