pop rock >> quarta-feira, 01.12.1993
Paul McCartney
Paul Is Live
Parlophone
Distri. EMI-VC
Uma brincadeira que não deixa de ser divertida esta do regresso, depois de “Off the Ground”, de Paul McCartney, num registo ao vivo de uma digressão realizada no princípio deste Verão pelos “States”. O gozo começa logo pela capa, na qual Paul se deixou fotografar a atravessar a mesma passadeira de peões de “Abbey Road”, desta feita acompanhado apenas por um cão. Depois, o folheto refere a digressão como tendo sido realizada “in the new world”, recorrendo ao velho chavão que serviu para designar a América do Norte, dando a entender tratar-se da primeira vez que Paul aí actuou. Mas o gozo maior vem sobretudo da música. “Paul Is Live” é o álbum mais “beatleano” de toda a carreira a solo ce “Macca”. Ao lado de êxitos pessoais como “Here, there and everywhere”, “My love”, “Live and let die” ou o recente “Hope of deliverance” surgem velhos temas dos Beatles interpretados – e isto é que é espantoso – com arranjos e vocalizações bastante fiéis aos originais: “All my loving”, “We can work it out”, “Michelle”, “Magical mystery tour”, “Lady nna”, “Paperback writer” e “Penny Lane”. Como se Paul fosse de súbito acometido por um desejo incontrolável de voltar a aninhar-se no útero materno. Um jogo de gato e rato com a memória. Para a graça ser total, o ex-Beatle atira-nos no final com 45 segundos de zumbido de um ensaio de som, seguido de três ensaios de canções. O homem, diga-se o que disser, não perdeu o sentido de humor. (6)