Pop Rock
26 Março 1997
YELLO
Pocket Universe (6)
Mercury, distri. Polygram
Funciona a pescadinha de rabo na boca. Os Yello desbravaram, na aurora dos anos 80, o caminho à tecno e ao jungle. E, 1987 apanharam a última carruagem e vão a reboque do movimento que ajudaram a criar. Desde 1980, data de estreia do seu primeiro trabalho na Ralph (editora a que pertenciam, na mesma época, os Residents e os Tuxedomoon), “Solid Pleasure”, a evolução do duo suíço constituído pelo “crooner” Dieter Meier e o teclista Boris Blank processou-se no sentido do experimentalismo de comédia para a música de dança desalinhada. A partir de “Claro que Si” e “You Gotta Say yes to another Excess”, para nós os dois melhores álbuns da dupla, as cadências de dança e uma crescente aceitação na cena internacional tomaram conta dos Yello, numa progressão direita ao comercialismo, que começou na colecção de remisturas “Yello 1980.1985, The New Mix in one Go” e atingiu a completa esterilidade em “Zebra”, de 1994. “Pocket Universe” é uma fuga para a frente e a queda no buraco negro da música sintética. Uma visão iluminada pelos “pulsares” do drum’n’bass, da house e do jungle, onde a voz de barítono de Dieter Meier enche, em comentários de circunstância, as “catedrais de som” elaboradas pelo seu companheiro. Resulta simultaneamente maquinal e etérea (tão etérea como a voz de Stina Nordestam, convidada especial no tema “To the sea” – já agora, o “videoclip” é espantoso) a auto-estrada de humor cósmico encenada pelos Yello com um desprendimento próprio de reis. Trazem para o universo de bolso dos clubes de dança uma experiência acumulada e uma imensa gargalhada de desprezo a piscar no visor: “O futuro fomos nós!”