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Jethro Tull – “25 th Anniversary” (4XCD)

pop rock >> quarta-feira >> 28.04.1993
REEDIÇÕES


Jethro Tull
25 th Anniversary
4 x CD Chrysalis, distri. EMI-VC



Mais um tirinho, mais um aniversário, mais uma prenda com embalagem de luxo para encher o olho e oferecer aos paizinhos. As bodas de prata dos Jethro Tull vêm arrumadas na forma de quatro discos compactos, mais o livro da ordem (48 páginas, informação sobre a carreira e discografia completa do grupo), dentro de uma caixa a fingir de tabaco. O que difere, para melhor, de um objecto como o ultravistoso pacote dos Pink Floyd lançado recentemente é a ideia de fazer esta celebração de forma “subjectiva”, segundo expressão da editora. Por outras palavras, oferecer algo de novo de uma banda que, em meados da década de 60, começou por ser de blues, embarcou, na passagem para a década seguinte, no comboio da música progressiva, passou por fases acústicas de cara virada para a folk, pelo rock pesado, pelo sinfonismo, para finalmente se arrastar até aos dias de hoje na lama do “mainstream”.
Assim, o primeiro CD dos festejos apresenta novas misturas de canções clássicas: “A song for Jeffrey”, “Living in the past”, “The witch’s promise”, “Ministrel in the gallery” e “Songs from the wood”, entre outras. O segundo é a gravação ao vivo de um concerto na Carnegie Hall de Nova Iorque, de 1970. O terceiro, de genérico “The Beacons Bottom”, alterna solos dos vários músicos com versões alternativas de temas como “Thick as a brick” (abreviado), “My god” e “Aqualung”. Finalmente, o quarto CD regressa aos registos ao vivo, desta feita recolhidos entre 1969 e 1992.
Um conjunto estranho de opções, como se vê, de interesse sobretudo para os admiradores de longa data de uma banda que se pode orgulhar de contar no seu currículo com obras da envergadura de “Aqualung”, “Thick as a Brick”, “A Passion Play”, “Songs from the Wood”, “Heavy Horses” e “Minstrel in the Gallery”, aquelas em que ficou mais vincada a visão do seu líder Ian Anderson, o trovador / flautista / cantor que se aguentava a tocar numa perna só. (6)

Jethro Tull – “A Little Light Music”

Pop Rock >> Quarta-Feira, 14.10.1992


Jethro Tull
A Little Light Music
CD, 2xLP, Chrysalis, distri. EMI – Valentim de Carvalho



Os dinossauros não morrem? Aparentemente não. Ou, se morrem, depois ressuscitam. O século XX aproxima-se do fim e eles continuam a proliferar. Os Jethro Tull vão andando, trôpegos é verdade, Ian Anderson já deve ter uma certa dificuldade em tocar flauta sobre uma perna só, mas enfim, vão andando. Com 24 anos de vida, 19 álbuns de originais gravados e um passado às costas que afinal não parece difícil de suportar.
“A Little Light Music”, gravado ao vivo na Europa, dá a ouvir palmas, os músicos (os fundadores Anderson e Martin Barre, mais David Pegg e Dave Mattacks, ambos ex-Fairport Convention) em forma razoável e as músicas do costume: rhythm ‘n’ blues sinfónico, baladas em tons medievais (“Minstrel in the Gallery”, “Songs from the Woods” e “Heavy Horses” não eram maus álbuns…), solos para todos os gostos e uma total falta de imaginação. O primeiro lado é mais eléctrico, o segundo e o terceiro mais acústicos e o último acaba com o clássico “Locomotive breath”. Ian Anderson é que já não tem propriamente o fôlego de uma locomotiva…
“A Little Light Music” não ofende os órgãos auditivos (nem os Jethro Tull têm já força para ofender quem quer que seja), apresentando até a vantagem de poder proporcionar algumas horas de sono. (4)

Jethro Tull – “Christmas Album”

(público >> y >> pop/rock >> crítica de discos)
31 Outubro 2003


JETHRO TULL
Christmas Album
R&M, distri. Universal
7|10



Boas notícias para os admiradores dos Jethro Tull: o grupo está de boa saúde. Não tem sido fácil sobreviver à “morte anunciada” (e há quantos anos vem sido anunciada!…) do rock progressivo mas a banda de Ian Anderson continua a aguentar a pé firme (o que também não será fácil, sabendo-se da preferência do flautista para se firmar sobre uma perna só…). “Christmas Album” evidencia o som clássico do grupo, sem cedências aos modos de produção atual, se excetuarmos “Another Christmas song”, único exercício de estúdio “neo prog”, a contrastar com o tom acústico das restantes 15 canções. Nestas, Anderson canta e toca flauta como um herói, retomando a velha veia folk, com pinceladas Fairport Convention, em “Holly herald”, ou numa magnífica “A Christmas song”, a par de “Last man at the party” e “First snow on Brooklyn”, temas a merecerem entrada para a galeria dos clássicos do grupo. A faceta “jazzy” é outro selo de garantia de um álbum que, evitando a nostalgia, apresenta todavia as marcas de uma melancolia terna, através da inclusão de uma nova versão do antigo instrumental “Bourée”.