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Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #112 – “Mais dúvidas sobre os Anos 80 como se não fossem já suficientes__ (Familycat)”

#112 – “Mais dúvidas sobre os Anos 80 como se não fossem já suficientes__ (Familycat)”

Fernando Magalhães
17.06.2002 020216
Em relação aos CURVED AIR, penso que irás render-te ao “Phantasmagoria”. Um álbum mágico, ainda que a letra de “Not quite the same”seja passível de interessar ao Alvarez… 😀

Já agora, não resisto a recomendar-te a audição de “Begin”, dos THE MILLENIUM (1968). É uma obra-prima ao nível do “Sgt. Peppers” e do “Pet Sounds”:

O CURT BOETTCHER (falecido m 1987) era um iluminado, da estirpe de Brian Wilson. O álbum foi o primeiro de sempre a utilizar um gravador de 16 pistas (ou melhor, dois gravadores de 8 pistas juntos…) e foi o mais caro de sempre na altura, ultrapassando mesmo o “Sgt. Peppers”.

O aproveitamento do estúdio é espantoso e as canções fazem jus ao uso intensivo e imaginativo da tecnologia.

Mas, repito, o CURT BOETTCHER era um louco iluminado. As letras do disco inspiraram-se numa espécie de livro de profecias e ele próprio se convenceu de que era o Messias, encarregado de salvar o mundo com a sua música. Considerava mesmo os THE MILLENIUM, além de um grupo pop, um culto religioso!!!!

Completamente ignorado na altura, “Begin” tornou-se ao longo das décadas seguintes numa espécie de lenda do Psicadelismo, na sua versão ao mesmo tempo mais mística, pop e experimental.

FM

Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #104 – “p- FM (Familycat)”

#104 – “p- FM (Familycat)”

Familycat
30.04.2002 010128
Estes gajos tomavam drogas? [Curved Air]

Fernando Magalhães
30.04.2002 140228
Acho que não.

Mas gravaram três álbuns espantosos (esquece esse “The dancer” que é apena uma faixa engraçada… 🙂 ). A saber: “Air Conditioning” (9/10), “Second Album” (8,5/10) e “Phantasmagoria” (10/10, um dos primeiros discos pop – em 1972 – a utilizar um computador como “instrumento” musical).

“Midnight Wire” ainda apresenta algumas faixas francamente valiosas, mas é notória a falta que faz o teclista Francis Monkman (na foto, o 1º à esquerda), ainda que o violino de Daryl Way (um portento de técnica, na foto o dos cabelos encaracolados) e a voz (se existem vozes eróticas esta é uma delas) de Sonja Kristina compensem essa ausência.

Mas “Phantasmagoria” é a obra-prima dos CURVED AIR (encontra-se em “nice price” na Hippodrome do Saldanha, por ex…ou no “vendedor” 🙂 ).
Pop saída diretamente da “Alice” de Lewis Carroll, com melodias memoráveis e um sentido de experimentação lúdica (pop?) sem paralelo na época (os Stackridge, talvez…mas esses viviam à sombra dos Fab Four…).

“Air Conditioning” é mais enérgico (rock), “Second Album”, o típico álbum de transição, alterna canções fabulosas (o single “Back street luv” chegou mesmo ao top…) com um experimentalismo que, embora imaginativo, hesita quanto ao caminho a seguir (o longo tema eletrónico/prog final). Mas um álbum notável, seja como for.

Francis Monkman, após a sua saída, entrou para os MATCHING MOLE, de Robert Wyatt, mas o acidente deste último pôs um fim prematura na banda, cuja nova formação prometia fazer história!

Daryl Way gravou 3 bons álbuns com a sua nova banda, os WOLF, entre constantes entradas e saídas nos Curved Air: “Canis Lupus”, “Saturation Point” e “Night Music”. Gosto de todos eles, embora sejam um chamado “acquired taste”…

Para terminar e voltando…às drogas, falta falar de Sonja Kristina, que se tornou uma espécie de “acid folk queen” (um pouco à imagem de Gilli Smyth, dos GONG), encetando um projeto/banda próprio, os CLOUD 9 (ou 10,,, não me recordo agora… 🙂 ).

E agora vou almoçar.

FM

Curved Air – “Live at the BBC”

Pop Rock

22 de Maio de 1996
reedições poprock

Curved Air
Live at the BBC
BAND OF JOY, DISTRI. MVM


ca

Nos anos dourados do progressivo, entre 1970 e 1974, os Curved Air, nome inspirado no álbum “A Rainbow in Curved Air”, de Terry Riley, chegaram a ocupar um lugar de destaque, com uma sólida reputação conseguida à custa da edição sucessiva de “Air Conditioning”, “Second Album” e, sobretudo, “Phantasmagoria”, um dos álbuns chaves de 1972. A originalidade do grupo resultava da química entre as proezas pirotécnicas do violinista Daryl Way (mais tarde fundados dos Wolf), o experimentalismo dos teclados de Francis Monkman (foi dos primeiros a utilizar um computador, num dos temas de “Phantasmagoria”, perdendo-se mais tarde nos Sky) e, sobretudo, da sedução e presença carismática da vocalista Sonja Kristina, hoje relançada numa carreira a solo de vocação “folk”. As gravações BBC agora editadas respeitam a sessões realizadas entre 1970 e 71, às quais foram acopladas três interpretações retiradas de um concerto realizado em 1976 no Paris Theatre, em Londres. Além da qualidade de som, bastante fraca, lamenta-se a não inclusão de qualquer dos temas fortes da banda, mesmo os mais comerciais, como “Back street luv” ou “Marie Antoinette”, havendo a registar, apenas, uma convincente sessão de virtuosismo de Daryl Way, no instrumental “Vivaldi” e uma curiosa e pouco vulgar prestação vocal de Sonja Kristina, em “Blind man”. Ausente a sofisticação formal que caracteriza as gravações de estúdio, fica o desejo de uma chegada em breve ao circuito das importações da reedição de “Phantasmagoria”, este sim, um disco indispensável. (5)