Danny Gatton – “88 Elmira St.”

Pop-Rock / Quarta-Feira, 22.05.1991


DANNY GATTON
88 Elmira St.
LP e CD, Elektra, distri. Warner Music port.



A revista “Guitar World” chamou-lhe “o melhor guitarrista desconhecido do mundo”. Danny Gatton é tímido, não dança nem canta. “Os meus dedos chegam para me manter ocupado”, diz. E isso chega para revelar um grande guitarrista. Quando era pequeno surpreendeu tudo e todos, tocando banjo “a mil à hora”, como diziam os pais, num programa televisivo de música country. Os outros músicos não o conseguiram acompanhar. Mas então, trata-se de um artista de circo a mostrar as suas habilidades? Nada disso. Com os anos, Danny Gatton aprendeu a conter-se e a utilizar todas as guitarras postas à sua disposição (desde as Gibson e Fender Telecaster até modelos especialmente concebidos para si) da melhor maneira. “88 Elmira St.” Não é um grande disco, valendo essencialmente pelo virtuosismo do guitarrista, à vontade em géneros tão diferentes como o rockabilly (“Elmira St. Boogie”), os blues (“Blues Newburg”), a rumba (“Quiet Village”), a música sul-americana (“Red Label”) ou na versão do clássico dos Beach Boys “In My Room”. Em “Mutha Ship” o órgão Hammond limpa o terreno para a guitarra se soltar com a elegância do galope de um cavalo de raça. Arquive-se em “especial instrumental”. ***

Fernando Magalhães no “Fórum Sons” – Intervenção #120 – “The ultimate trip (FM)”

#120 – “The ultimate trip (FM)”

Fernando Magalhães
24.06.2002 020243
…Com CONRAD SCHNITZLER e o álbum “Constellations” (Ed. Badland,1987).

Dois únicos temas: “First constellation” (30’10) e “Second constellation” (38’50).

Duas viagens pelo cosmos que exploram as profundezas eletrónicas mais escuras de “Phaedra” e “Rubycon”, dos TANGERINE DREAM, aos quais CS aliás já pertenceu, na primeira formação.

Parte-se numa nave em direção ao desconhecido, com várias etapas que permitem a contemplação auditiva de diversos momentos sónicósmicos. Paisagens geladas cortadas por auroras boreais a la STEVE ROACH/BIOSPHERE, borbulhar de mares de mercúrio, vozes “alien” aprisionadas em estranhas emissões de rádio galácticas, as surpresas surgem a cada momento, levando o cérebro para pontos cada vez mais afastados. Tão longe como…

“Though I’m past one hundred thousand miles/I’m feeling very well/And I think my spaceship knows which way to go…

Can your hear me, Major Tom?

Can you…?

Here am I floating round my tin can/Far above the moon/Plant Earth is blue/And there’s nothing I could do”.

David Bowie, in “Space oddity”

…E, mais além, o infinito…

in “2001 – A Space Oddity”-

FM

Collection D’Arnell-Andrea – “Au Val des Roses”

Pop-Rock / Quarta-Feira, 08.05.1991


COLLECTION D’ARNELL-ANDREA
Au Val des Roses
LP e CD, Art Lively, distri. Mundo da Canção



Colecção de Outono / Inverno, à chegada do Verão… São franceses, intelectuais como só os franceses sabem ser, românticos e apaixonados por paraísos perdidos. Anseiam habitar a terra prometida. Sonham com mundos utópicos de fantasia, como aquele descrito em “Le Grand Meaulnes”, pelo autor francês do início do século, Alain Fournier.
O disco refere-se ao “vale das rosas” que reproduz na capa, mas a música sugere mais um “vale de lágrimas”. Tanta tristeza. Tanta melancolia. Tantas canções de embalar saudades e desgostos. Chloe Liphard é a voz feminina que faz chorar os corações. Jean-Christophe d’Arnell dá o apelido à banda e toca “teclas de metal”. Carine Grieg – teclados -, Xavier Gaschignard (mais um apelido aristocrático) – violoncelo – e Peter Rakoto (este é que estragou tudo) – baixo – completam a colecção. Rivalizam com os This Mortal Coil no género “gótico sofisticado”. Só que são franceses. E mais românticos. E ainda acreditam em paraísos perdidos. Sons de antigamente, clássicos e solenes, e títulos como “Un horizon de lune”, “Un matin de Septembre”, “Un refuge lointain” ou “Un tiède reposoir” (sempre “um”) chegam para nos fazer sonhar.
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