The Chieftains – “The Celtic Harp” + Boys Of The Lough – “The Fair Hills Of Ireland”

pop rock >> quarta-feira >> 12.05.1993
WORLD


A HARPA NO ALTO DO MONTE
THE CHIEFTAINS
The Celtic Harp (8)
CD RCA Victor, import. Bimotor e VGM
BOYS OF THE LOUGH
The Fair Hills Of Ireland (7)
CD Lough, import. Etnia



Na Irlanda é altura de aniversários. Chieftains e Boys of the Lough, dois dos mais prestigiados grupos de música tradicional deste país, abrem garrafas de champanhe – melhor dizendo, de um Jameson velhinho – e brindam à saúde. “Here’s to the company!”
A banda de Paddy Moloney, que há pouco mais de um mês deu “show” no Festival Intercéltico do Porto, faz a festa por interposta pessoa, na homenagem a Edward Bunting, que, em 1972, convocou durante um festival organizado pela Berlfast Harpers Society, os dez melhores harpistas da Irlanda e compilou posteriormente sucessivos manuscritos com partituras de harpa.
A 12 de Maio do ano passado, faz hoje precisamente um ano, os Chieftains tocaram num espectáculo de gala realizado no Ulster Hall, na companhia da Belfast Harper Orchestra e, mais tarde, no Barbican Hall, em Londres.
Desses dois concertos, foram gravados quatro temas ao vivo para inclusão neste 2The Celtic Harp”, com as restantes faixas registadas no lendário Threadmill Lane Studio, em Dublin, e nos estúdios de Frank Zappa (amigo dos Chieftains), em Los Angeles.
Quanto aos Boys of the Lough limitaram-se (!) a festejar 25 anos de carreira, com a modéstica dos grandes, através de “mais uma colecção de música tradicional”, como eles próprios dizem.
Dos Chieftains já tudo ou quase tudo se disse. Actualmente, passeiam a sua classe pelo mundo, contactando com as suas diversas culturas, que trazem para o convívio da Irlanda. Desta feita, contudo, aproveitaram a homenagem a Bunting para põr em destaque a harpa, o antigo instrumento tocado pelos bardos guerreiros da Irlanda antiga. Álbum sereno, de respiração ampla, navegando nas tonalidades aquáticas da harpa, guardou espaço para os traços mais nostálgicos da tradição irlandesa. Quatro temas constituem outros tantos solos de Matt Molloy, em flauta, Derek Bell, na harpa, Paddt Moloney, nas “uillean pipes”, e Kevin Conneff, numa vocalização “a capella”.
Quanto aos “rapazes do lago”, cumprem com merecimento a modéstia da sua proposta, em “The Fair Hills of Ireland”, enésima revisitação dos “reels”, “jigs”, “airs”, polcas e outros modos tradicionais que já entraram na rotina dos nossos hábitos de audição. Com inevitável competência e alguns momentos de maior brilhantismo – aqui a belíssima balada “Ban chnoic Erin O”, num diálogo de excepção entre a voz, o violino (Aly Bain é o elemento dos Boys com maior índice de virtuosismo) e o piano -, ou de exotismo, como é o caso da tradução ao vivo, em “The hunt”, de uma caçada à raposa, na qual o violino de Aly Bain perde completamente as estribeiras. Registe-se ainda a voz “a capella” de Cathal McConnell (excelente flautista, exemplar a sua execução em “The midsummer’s night”), em “The wind that shakes the barley”, modalidade pouco habitual na música deste grupo. E chega de Irlanda, durante uns tempos. Um último brinde, vindo da Escandináveia: chegou finalmente aos escaparates o álbum “Kaksi!” dos Hedningarna.
Hip, hip, hurra!

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